QUESTÕES SOBRE O DESENVOLVIMENTO DE
CRIANÇAS EM SITUAÇÃO DE RUA
Claudio Simon Hutz e Sílvia Helena Koller
Universidade Federal do Rio Grande do Sul.
Abstract:
Issues regarding the
development of street children.
Psychology and scientific research do not seem to offer satisfactory
answers to many issues regarding the development of street children. Some
studies argued that living on the streets is harmful or, at least, that it
slows down psychological development because of the exposure of the children to
addictions, violence, and exploitation. Other studies have shown that the
street allows for accumulative experiences which promote a healthy development.
These paradoxical findings point to the need to carry out more research in this
area. Researchers at CEP-RUA/UFRGS are conducting systematic research on the
emotional, cognitive and social development of street children. Our findings
indicate that street children present high levels of stress and of exposure to
personal and social risk. However, we have also found out that they develop
skills to cope with the risk and the stress. They overcome the hazards of life
on the streets using strategies that require competence and autonomy,
especially strategies for establishing affective, economic and social groups
through which they manage to be safer and to survive. Children in our samples
did not present levels of depression or trauma higher than those of low SES
children. They do not differ significantly from other groups when tested for
subjective well being. Studies about life events and emotions revealed
surprising stories about their life and sensitivity. Nevertheless, alternatives
to a nurturing home that fosters a healthy development must be found. The
street, even if it does not cause great psychological harm, is not a healthy
place for human beings to live.
Key words: Street Children, Children at Risk, Development.
O objetivo deste estudo é discutir alguns aspectos do
desenvolvimento de crianças e adolescentes em situação de rua. Embora a
Psicologia do Desenvolvimento tenha acumulado muito conhecimento sobre crianças
em geral, há uma grande lacuna quando se enfoca indivíduos em situação de risco
pessoal e social (Emde, 1994; Huston, McLoyd, & Coll, 1994). Jessor (1993)
chama a atenção para a falta de modelos teóricos e pesquisa empírica sobre o
desenvolvimento de crianças e adolescentes que vivem em situação de pobreza,
por exemplo. Vários autores têm lamentado a falta de atenção dada ao estudo do
desenvolvimento de seres humanos, que vivem na pobreza ou fazem parte de
minorias étnicas ou raciais (Fischer, 1993). Suas queixas referem-se à virtual
inexistência de estudos evolutivos com segmentos minoritários da população
norte-americana. Referem-se, ainda, ao fato de que a grande maioria dos estudos
normativos sobre desenvolvimento psicológico têm sido feito com crianças e
adolescentes brancos de classe média, que vivem, principalmente nas
proximidades das universidades. Dizem, com razão, que se continua a estudar o desenvolvimento
normal das crianças brancas de classe média e a patologia dos negros, dos
hispânicos, dos imigrantes e dos pobres em geral. No Brasil, este quadro
repete-se, com o agravante de que, apesar do grande número de problemas sociais
que o país enfrenta, os estudos em Psicologia sobre indivíduos expostos aos
riscos provocados por estes problemas têm merecido pouca atenção.
Vamos
tentar aqui descrever alguns estudos da literatura na área e procurar indicar
algumas prioridades para a pesquisa em psicologia do desenvolvimento com estas
populações, enfatizando achados do Centro de Estudos Psicológicos sobre Meninos
e Meninas de Rua (CEP-RUA), da Universidade Federal do Rio Grande do Sul, que
vem se dedicando a pesquisar sobre este tema.
Inicialmente,
precisamos definir o que é risco. Uma criança será considerada em situação de
risco quando seu desenvolvimento não ocorre de acordo com o esperado para sua
faixa etária de acordo com os parâmetros de sua cultura (Bandeira, Koller,
Hutz, & Forster, 1996). O risco pode ser físico (doenças genéticas ou
adquiridas, prematuridade, problemas de nutrição, entre outros), social
(exposição a ambiente violento, a drogas) ou psicológico (efeitos de abuso,
negligência ou exploração). O risco pode ser originado por causa externa ou
interna. As causas externas relacionam-se às condições adversas do ambiente.
Comportamentos de risco referem-se a ações ou atividades realizadas por
indivíduos que aumentam a probabilidade de conseqüências adversas para seu
desenvolvimento ou funcionamento psicológico ou social, ou ainda, que favorecem
o desencadeamento ou agravamento de doenças. Porém, para identificar um
"aumento na probabilidade" é necessário conhecer a probabilidade das
mencionadas "conseqüências adversas" na população geral. Isso aponta
para a importância de desenvolver estudos descritivos e epidemiológicos com os
diferentes segmentos da população.
Uso de
drogas (lícitas ou ilícitas), comportamento sexual promíscuo, relações sexuais
desprotegidas, família desestruturada, falta de modelos apropriados,
socialização inadequada para promover o respeito pela vida e pela dignidade dos
seres humanos, etc.; são fatores que colocam em situação de risco crianças e
adolescentes em todas as classes sociais, inclusive nos países desenvolvidos.
No Brasil, quem conhece a realidade das melhores escolas de segundo grau do
país, ou quem observa o comportamento de adolescentes ricos nas madrugadas nas
grandes cidades, tem pouca dúvida de que não são apenas os filhos dos pobres
que estão em situação de risco. A situação não é muito melhor em outros países.
Dryfoos (1990) realizou estudos epidemiológicos usando uma escala de avaliação
de exposição a situações de risco e concluiu que cerca de metade dos
adolescentes norte-americanos encontra-se em situação de risco moderado a
elevado. Esta estimativa parece ser um exagero, porém, tem sido confirmada por
outros estudos (Kazdin, 1993).
O espectro
de riscos é bastante amplo. Todavia, vamos restringir o escopo deste artigo a
populações que apresentam, entre outros, um fator de risco universal: a
miséria. Mais especificamente, vamos examinar a literatura referente a crianças
em situação de rua (para maior discussão sobre a definição de criança de/na rua
ver Koller & Hutz, 1996).
Crianças de
rua são um segmento especial e não representativo de toda a população de risco,
mas que têm recebido considerável atenção de pesquisadores, especialmente na
última década, impulsionada pelo fenômeno crescente dos homeless nos Estados Unidos. No Brasil, alguns estudos têm enfocado
questões psicológicas sobre as crianças de rua. Como mencionamos em outro
estudo (Koller & Hutz, 1996), o viver na rua pode ser prejudicial ou
retardar o desenvolvimento psicológico, devido às experiências adversas a que
estas crianças estão expostas, como adições, violência e exploração.
Paradoxalmente, a vida na rua pode possibilitar experiências que se adicionam e
promovem o desenvolvimento. No entanto, esses achados são incongruentes e
revelam a necessidade de se realizar mais estudos nesta área.
Meninos de
rua não são novidade no Brasil ou na história universal. A primeira história
relatada sobre um menino de rua parece ter sido contada em 1554, em uma novela
autobiográfica, intitulada La vida de
Lazarillo de Tormes y de sus fortunas y adversidades (Koller & Hutz,
1996). No Brasil, alguns relatos do período colonial e da época da abolição da
escravatura referem-se a crianças abandonadas na rua. Atualmente há algumas
centenas de livros e artigos, além de listas eletrônicas e sites na Internet, que abordam a problemática de crianças,
adolescentes, famílias e pessoas em geral que vivem nas ruas em dezenas de
países, em todos os continentes. Tyler e colaboradores (1987) apontaram para o
fato de que crianças de rua são um fenômeno
mundial, embora de incidência variada e dependente, em grande parte, mas não
exclusivamente, das condições sócio-econômicas da sociedade (Tyler, Holliday,
Tyler, Echeverry, & Zea, 1987). Koller e Hutz (1996) acrescentaram à
miséria econômica uma miséria afetiva,
como antecedente à saída da criança para a rua.
Desenvolvimento
social é uma área multidisciplinar de grande amplitude que estuda a interação de
fatores maturacionais e ambientais no desenvolvimento da capacidade de um
indivíduo em manter relações sociais e os efeitos destas relações sobre seu
desenvolvimento psicológico em geral, inclusive sobre sua capacidade de manter
relações sociais. O processo de desenvolvimento social é individual e não
ocorre exatamente da mesma forma para duas pessoas. Seu estudo consiste,
portanto, na procura de padrões comuns, de regularidades no desenvolvimento.
Esse desenvolvimento é fundamental para a sobrevivência dos indivíduos e
indispensável para a vida na sociedade. O valor de sobrevivência e a vantagem
reprodutiva propiciada por alguns destes processos torna inevitável sua
ocorrência em todas as culturas. Alguns mecanismos de interação social são
programados geneticamente, tais como a capacidade para desenvolver relações
afetivas e apego, por exemplo.
Porém, se a
determinação biológica obriga seres humanos a interagir, pelo menos durante
grande parte de suas vidas, são os fatores ambientais, em interação com fatores
maturacionais e de personalidade, que determinarão, em grande parte, como essa
interação irá ocorrer e seus efeitos para o desenvolvimento psicológico e o
bem-estar dos indivíduos.
A
estereotipia e o preconceito da sociedade, com relação às crianças em situação
de rua, vêm sendo descritos na literatura em geral. Crianças de rua têm sido
descritas como marginais, doentes, violentas, sujas e delinqüentes (Aptekar,
1989; Marguerat, 1989; McKirnan & Jonhson, 1986). Silva, Weber, Raimundo,
Bandeira e Koller (1996) investigaram, através do desenho da figura humana,
como as crianças de rua e de nível sócio-econômico médio-alto representam a si
mesmas e ao outro grupo. Foram testadas 39 crianças em situação de rua e 148
crianças que freqüentavam uma escola particular. Foi solicitado às crianças que
primeiro desenhassem uma Figura Humana, sendo primeiro a representação de si
mesmos e depois de uma criança do outro grupo. Os desenhos foram avaliados por
dois juízes cegos para as características das crianças que executaram os
desenhos. Foi realizado um levantamento de categorias para descrever o desenho
analisado. As categorias observadas nos desenhos foram: expressão facial,
presença/ausência de sapatos, de mãos, e de roupas, aparência geral
(sujo/limpo), postura, cenário, acessórios e objetos nas mãos. A comparação
entre os desenhos revelou muitos aspectos estereotipados. As crianças de rua
foram representadas pelas de escola como sujas, negras, mal vestidas e sem
sapatos, com roupas rasgadas, carregando drogas nas mãos e pedindo esmolas em
esquinas, às vezes, sentados ou deitados. As crianças de escola foram
representadas pelos de rua como bem-vestidas e calçadas, limpas, de pé e
carregando sacos de dinheiro nas mãos. Quando desenham a si mesmos, as crianças
de ambos os grupos fazem desenhos de figuras humanas alegres, vestidas, limpas,
com sapatos, sem objetos nas mãos, de pé e de frente e com acessórios. Estes
resultados revelam a discrepância entre como as crianças em situação de rua se
vêem ou gostariam de ser vistos e como são vistas pelas crianças das escolas.
Crianças em
situação de rua são seres humanos em desenvolvimento, que podem apresentar
algumas características psicológicas sadias, apesar das dificuldades impostas
por um ambiente hostil. Para manterem-se na rua, desenvolvem estratégias para
lidar com circunstâncias que podem expô-las a riscos e podem torná-las
vulneráveis. Esta afirmação aponta para duas direções opostas. A vida na rua
gera altos níveis de stress, riscos
freqüentes e intensos e testam, permanentemente, a vulnerabilidade emocional,
social, física e cognitiva/educacional desta criança. No entanto, exigem que
ela seja resiliente e desenvolva estratégias, tenha forças para lidar com o
infortúnio e para se adaptar (Donald & Swart-Kruger, 1994).
A Tablela 1
apresenta áreas de desenvolvimento social, que apresentam riscos a estas
crianças e algumas estratégias que utilizam para continuar se desenvolvendo.
Um dos
aspectos fundamentais ao desenvolvimento social relaciona-se com o senso de
pertinência e identidade social. A realidade a que as crianças em situação de
rua estão expostas, denuncia sua exclusão e marginalidade. Koller (1994) fez um
estudo sobre o desenvolvimento moral pró-social de crianças de rua no qual
perguntava sob que condições elas ajudariam potenciais receptores de ajuda que
pedissem sua ajuda. Não raro, a resposta destas crianças vinha carregada de um
senso claro de exclusão, com expressões como: "quem vai querer a ajuda de
um menino de rua?", ou "quem vai acreditar que a gente está chegando
perto para ajudar?". Além da exclusão, estas crianças estão expostas ao
crime ou à violência da rua. Uma estratégia para superar essas dificuldades é
estabelecer relações de amizade que sejam protetivas, mesmo que instáveis e erráticas,
mas que possibilitem alguns cuidados mútuos e reciprocidade. Koller e Hutz
(1996) mencionam algumas formas de agrupamento destas crianças, desenvolvendo
relações de afeto, de trabalho e uma certa moralidade e regras no grupo. Koller
(1994) também observou um alto índice de reciprocidade relacionada a
comportamentos de ajuda, entre estas crianças. Com o intuito de entender melhor
esta questão, vários estudos estão sendo desenvolvidos pelo CEP-RUA e podem ser
mencionados. Em estudos recentes, Raffaelli e colaboradores (Raffaelli, Koller,
Reppold, Kuschik, & Bandeira, 1997; Raffaelli, Koller, Bandeira, Reppold,
Kuschick, & Dani, 1997) identificaram vários eventos de risco pessoal e
social na vida de crianças de rua de 12 a 17 anos de idade. Os participantes de
ambos os estudos revelaram uso de drogas, prática de sexo sem preservativo,
diversos tipos de acidentes, etc. Por outro lado, demonstraram várias
habilidades para lidar com estes riscos, compensando suas dificuldades com
estratégias que exigem competência e autonomia. Uma das estratégias utilizadas
relaciona-se aos agrupamentos afetivos, econômicos e sociais, por meio dos
quais garantem sua sobrevivência e segurança. Outra estratégia refere-se à
busca do auxílio em instituições e de benfeitores para a solução de problemas
prementes. Alguns sujeitos, para os quais foi oferecida uma oportunidade,
relataram que se esforçaram para aproveitá-la e melhorar sua condição de vida.
Kuschick,
Reppold, Dani, Raffaelli e Koller (1996) em um estudo, no qual investigaram a
visão dos meninos de/na rua a respeito de sua situação de vida e as estratégias
que estes utilizam para enfrentar as dificuldades cotidianas, desde a saída de
casa até a condição atual, demonstraram que 58 sujeitos na cidade de Porto
Alegre (34 e 24), de 11 a 17 anos, encaram suas vidas como arriscadas e duras,
mas contam com as instituições para superar algumas dificuldades. Kuschick e
colaboradores (1996) utilizaram uma entrevista semi-estruturada que abrangia
tópicos como: "vida na rua", "atividade do dia",
"atividade da noite" e "eventos de vida". A análise do
conteúdo das respostas sobre o viver na rua revelou que os meninos têm mais
opiniões negativas (71%) com relação à vida na rua do que as meninas (58%). Os
meninos revelaram receber menos ajuda (72%) do que as meninas (84%), seja da
família ou de pessoas na rua. Dentre as atividades diárias, os meninos
destacaram "ficar em instituições" (75%), "estudar" (41%),
"vagar pela rua" (22%) e "trabalhar" (19%). As meninas
referiram "ficar em instituições" (58%), "lazer" e
"estudar" (37%) e "vagar pela rua" (32%). Dentre as
atividades da noite, os meninos revelaram utilizar-se mais do espaço da rua
para "dormir" (60%), enquanto as meninas procuram as instituições
(47%) e a família (21%) para abrigo noturno. Mesmo assim, as meninas sentem-se
menos seguras nessas condições (57%). Com relação aos eventos de vida, os
meninos relataram sofrer mais acidentes (68% , 53%), maior uso de drogas (81% ,
63%), sentir mais fome (66% , 48%), roubar (50% , 37%) e sofrer mais abuso
físico pela polícia (66% , 32%) do que as meninas. Os dados revelaram que os
meninos recebem menos ajuda, transgridem mais as regras sociais e avaliam sua
situação como mais crítica do que as meninas. Esses achados reforçam a posição
de que cada sexo encontra estratégias de ação diferentes quando se deparam com
problemas da mesma natureza e estão expostos a situações de risco
diferenciadas.
A vivência
de rua, certamente, proporciona experiências diferenciadas às crianças, que não
são similares às das crianças que vivem sob a proteção permanente de uma
família ou mesmo àquelas que freqüentam diariamente a escola. Os vários
estímulos que a rua apresenta, exigem que a criança esteja atenta e preparada
para manter a sua integridade física e sua sobrevivência. Esta atividade
permanente, em um âmbito tão diferenciado e provocador, deve gerar
desequilíbrios cognitivos e necessidade de equilibração constante. Alguns
estudos afirmam que ao invés de provocar um retardo no desenvolvimento
cognitivo, a vida na rua facilita e promove o desenvolvimento (Aptekar, 1989;
1996). No Brasil, Carraher e colaboradores (1985) revelaram que crianças
trabalhadoras de rua podem ter uma aprendizagem natural da matemática, que a
escola não é capaz de propiciar. Além de habilidades matemáticas, outros
aspectos cognitivos foram avaliados, como o nível de julgamento moral. Barreto
(1991) verificou que o raciocínio moral de crianças de rua, quando comparado ao
de crianças de mesma idade, que vivem com suas famílias, não difere
significativamente. Koller (1994) também verificou que crianças em situação de
rua, que não freqüentam escolas, raciocinam pró-socialmente no mesmo nível que
crianças escolares da mesma faixa etária. Ou seja, conforme concluem Koller e
Hutz (1996, p.14), "o viver na rua não impede o desenvolvimento de valores
e não gera deficiências morais específicas em crianças e adolescentes".
A Tabela 2 apresenta alguns
aspectos que indicam vulnerabilidade de crianças em situação de rua, do ponto
de vista cognitivo, e algumas estratégias utilizadas para superar estas
dificuldades.
As funções
cognitivas podem estar afetadas, por exemplo, pelo uso freqüente e destrutivo
de drogas que muitas destas crianças fazem, às vezes de forma permanente
(Forster, Barros, Tanhauser, & Tanhauser, 1992). Não parece haver
estratégia que supere esta vulnerabilidade. No entanto, sabe-se que na presença
de uma oportunidade e com uma política social mais eficiente (no sentido de
coibir a distribuição de drogas) as dificuldades acumuladas poderiam ser
superadas, pelo menos em parte. Uma das drogas mais usadas e perigosas que
ameaçam a saúde destas crianças, denominada "loló", não é considerada
ilícita e sua venda não tem sido proibida pela polícia das grandes cidades,
embora o prejuízo causado por ela seja devastador do ponto de vista físico e
psicológico.
Outro
aspecto cognitivo importante está relacionado à função psicológica da atenção.
Em seus trabalhos de campo, as equipes do CEP-RUA observam que estas crianças
apresentam dificuldade de prender a atenção em alguma tarefa mais específica
por um período de tempo maior. Esta dificuldade não pode ser identificada como
problema cognitivo de atenção concentrada. Considera-se que a função esteja
preservada, especialmente se considerarmos a amplitude viso-espacial e a
capacidade de atenção difusa destas crianças. Elas estão atentas a todos os
estímulos que a rua apresenta, como uma forma de defesa pessoal, como se
tivessem radares ou antenas para detectarem estímulos que passam desapercebidos
ao transeunte comum. No entanto, seja por falta de hábito de se concentrar em
uma tarefa específica (fato relacionado à falta de escolarização), seja por uso
de drogas, a atenção concentrada parece não colaborar para a finalização de
algumas tarefas.
A função da
memória também apresenta algumas dificuldades. O uso de drogas pode ser
responsável por este déficit. No entanto, a questão da temporalidade parece ser
muito importante nesta questão. Tem-se observado que as crianças apresentam
muita dificuldade de lembrar com clareza, qualquer evento que esteja
relacionado com a medição do tempo. Esta falta de clareza revela-se nas
respostas incomuns a perguntas que exigem conhecimento do sistema de medida de
tempo convencional. Em geral, não sabem quanto tempo faz que estão na rua, que
visitaram a família pela última vez, em que dia da semana se encontram, que
hora do dia é agora, entre outras. Sem contar com a carga emocional que algumas
destas questões pode abarcar, as dificuldades com o conceito de tempo podem
estar relacionadas com a falta de rotina e de sistemas disponíveis de medição
do tempo, ou com aspectos cronobiológicos. Uma criança que está na rua, não tem
necessariamente um relógio para ver as horas, não come quando tem fome, mas
quando tem comida disponível, dorme quando se sente segura e não exatamente
quando tem sono. Esses fatores provavelmente afetam o desenvolvimento da noção
de tempo dessas crianças. Essa é definitivamente uma área que requer estudo
aprofundado e meticuloso.
A
influência da escola no desenvolvimento cognitivo não pode ser subestimada,
como afirmam Carraher e colaboradores (1985), apesar dos resultados positivos que
obtiveram sobre o desenvolvimento de habilidades matemáticas de crianças
trabalhadoras de rua. A perda da escolarização básica acarreta uma série de
perdas de habilidades para estas crianças, especialmente com relação à
linguagem. No entanto, a vivência da rua tem demonstrado uma outra forma de
aprendizagem e desenvolvimento, que alguns pesquisadores chamam de
"sabedoria de rua". Entre elas, a facilidade de lidar com dinheiro,
de aprenderem música e habilidades computacionais. Em um Projeto de Oficina-Escola,
no qual o CEP-RUA mantinha Oficinas de Matemática, observou-se que os
adolescentes com baixa escolarização e história de rua, tinham mais facilidade
de aprender aritmética se fossem utilizados estímulos como moedas e dinheiro em
geral. Com esta estratégia tornava-se mais fácil ensinar somas e multiplicações
para os adolescentes. Nesse mesmo Projeto de Oficina-Escola, observou-se que os
meninos aprendem com muita facilidade a trabalhar com computadores. A música,
por sua vez, tem forte relação com sua criatividade. A perspectiva de
participar de um festival de rap
estimulou-os a aprender a escrever, para inscrever as letras de suas músicas,
apresentar-se e ganhar os prêmios. A utilização dessas estratégias no ensino
têm se revelado muito úteis com estas crianças e adolescentes.
Aptekar, em
vários estudos, relata ter avaliado o funcionamento emocional e neurológico de
meninos e meninas em situação de rua da Colômbia (1988a, 1988b, 1989, 1996). Aptekar
(1989) afirma que as crianças que estão na rua apresentaram escores mais
elevados em medidas de saúde mental do que crianças que permanecem em casa. O
afastamento das crianças do ambiente hostil e estressante que encontram em casa
pode garantir aspectos de sua saúde mental. Koller e Hutz (1996) afirmam que
essas crianças não seriam indivíduos emocionalmente mais frágeis, pois o deixar
a casa revela sua habilidade de reorganizar sua vida, de forma produtiva, por
conta própria. Em estudos realizados pelo CEP-RUA, problemas de relacionamento
familiar, abuso físico ou sexual e o desejo de buscar a "liberdade"
(escapar do controle e da exploração familiar) estão entre os principais
motivos que levam crianças a migrar para as ruas (Bandeira et al., 1994; Koller
et al., 1996). O distanciamento de um ambiente nocivo ao desenvolvimento
psicológico pode estar relacionado a um indicador de saúde mental. Porém, a não
ser no delírio romântico de quem não a conhece, a rua está muito longe de se
constituir num ambiente favorável a um desenvolvimento psicológico sadio.
Em estudo
realizado por DeSouza, Koller, Hutz e Forster (1995), foram comparados os
índices de depressão entre crianças de rua e de nível sócio-econômico baixo. Os
resultados deste estudo mostraram que não há diferença entre estes grupos, ou
seja, crianças de rua não são mais deprimidas do que crianças pobres que
continuam vivendo com suas famílias e freqüentando escolas. Estes dados
corroboram o estudo de Forster, Marcantonio e Silva (1994). As autoras solicitaram
às crianças de rua que relatassem seus sofrimentos e dores. Neste estudo, as
autoras não encontraram maiores índices de sofrimento psicológico declarado em
crianças de rua, quando comparadas às crianças de nível sócio-econômico baixo.
Partindo destas idéias, Koller, Hutz e Silva (1996) investigaram o nível de
bem-estar subjetivo de crianças de rua, comparadas a crianças pobres, que
viviam com suas famílias. O nível de bem-estar subjetivo de ambos os grupos não
se diferenciou entre si. Os resultados confirmam os achados dos estudos
anteriores sobre depressão e sofrimento e, neste caso, demonstram que o
bem-estar subjetivo não está relacionado ao nível sócio-econômico ou condição
de vida das pessoas. Haidt, Koller, Santos, Frohlich e Pacheco (1996)
investigaram as histórias de vida de adolescentes de rua, através de relatos de
emoções, como alegria, tristeza, raiva, desprezo, vergonha, culpa, pena e nojo.
Os resultados revelam alta freqüência de eventos de risco nas trajetórias de
vida destes sujeitos. No entanto, a expressão de sua sensibilidade e de suas
emoções aparecem preservadas. Quando comparados com adolescentes de nível
sócio-econômico baixo, observou-se que as redes de relacionamento e a
competência para lidar com os eventos de risco eram mais elaboradas na amostra
de rua. Os adolescentes de escola relatavam mais depressão, pensamentos
conflituados, e busca de alternativas ineficazes para lidar com o stress. Os adolescentes que estavam na
rua buscavam ajuda nos amigos e nas instituições, procurando apoio emocional e
ajuda. Poucos relatavam buscar drogas para superar seus problemas. Os
adolescentes da escola relatavam fugas de casa, brigas, uso de drogas e outras
estratégias destrutivas e agressivas para lidar com os problemas imediatos. Certamente,
os adolescentes que ora estão na rua, buscaram no passado uma estratégia
conflituada para lidar com seus problemas, uma vez que saíram de casa. No
entanto, ao que parece, a vida na rua está mostrando novas alternativas de
resolução das dificuldades para eles.
Do ponto de
vista emocional, a saída de casa pode representar o fracasso total do apego que
um indivíduo tinha com as pessoas de sua família e desta para com ele. A falta
de proteção, o sentimento de rejeição, a aparência de abandono que a criança
vai revelando a cada dia na rua o confirmam. A ausência de cuidado de um adulto
responsável que a ame, em quem ela possa confiar, com o qual ela se sinta
segura e se identifique, podem ter profundas implicações no seu desenvolvimento
emocional. Ironicamente, conforme afirmam Donald e Swart-Kruger (1994), a
história relatada pela criança sobre a sua vida antes de sair de casa revelam a
ausência deste apego e alta freqüência de riscos a que estava exposto dentro de
sua própria casa, junto de sua família. No estudo de Reppold e colaboradores
(1997), as crianças revelam que estes riscos precipitaram ou forçaram a sua
saída para rua. As crianças revelam que suas casas são punitivas, hostis,
perigosas e as rejeitaram. Seus pais são descritos como ausentes, doentes,
desinteressados, abusivos e/ou violentos (Bandeira et al., 1994; Reppold et al,
1997). Koller (1994) verificou que um terço dos adolescentes de sua amostra
saiu de casa porque não tolerava a ausência física do pai. Revelavam que desde
que o pai se foi e eles se tornaram adolescentes, o nível de exigência e
cobrança para com eles tornou-se intolerável. Relatavam, em geral, que a mãe
passou a exigir que eles assumissem o sustento da família no lugar do pai,
papel para o qual eles ainda não se sentiam competentes. Alguns deles referiam
que saíram de casa, porque consideravam mais fácil, na sua idade, tomar conta
de si próprios sozinhos na rua, do que ter que cuidar de toda a família. Da
mesma forma, no estudo de Bandeira e colaboradores (1994), algumas crianças
revelaram terem sido vítimas de abuso físico, abuso sexual, terem problemas de
relacionamento com a família, sofrerem negligência, testemunharem violência
doméstica e miséria.
Estes
estudos relatam a versão de crianças que estavam na rua sobre a sua saída de
casa. Foi feita uma tentativa de avaliar a visão das famílias sobre a saída das
crianças de casa. Este estudo está sendo lentamente desenvolvido, devido a
várias dificuldades operacionais. Houve uma tentativa inicial de executar este
projeto em Porto Alegre, mas o tamanho da cidade e o número de vilas tornou
difícil encontrar as famílias. Está sendo feita uma tentativa no interior do
Rio Grande do Sul, em Pelotas, mas algumas dificuldades permanecem. Em geral,
os endereços fornecidos pelas crianças não correspondem às suas famílias, ou
estas já se mudaram do local. Estes endereços, às vezes, eram descritivos,
desconhecidos e inatingíveis. Outras crianças negam-se a fornecer o endereço e
expressam medo de que a família, através da equipe de pesquisadores possa
encontrá-los. Outras vezes, ainda, a família encontrada nega-se a falar na
criança e em seus problemas de relacionamento. Mesmo frente a todas estas
dificuldades, não desistiremos deste estudo, uma vez que entendemos que estes
dados possam ser muito ricos para o entendimento da realidade destes meninos e
meninas e de suas famílias, subsidiando programas de prevenção da migração para
a rua, ou para intervenção. Os resultados preliminares deste estudo (Recondo,
Koller, Hutz, & Equipes, 1996) revelam que as famílias negam que tenham
mandado a criança embora de casa, mas relatam problemas de relacionamento e não
escondem a miséria e as suas dificuldades de parentagem com relação a seus
filhos. Alguns casos específicos indicam a necessidade de intervenção urgente
nestas famílias. Por exemplo, uma mãe que ao ouvir o nome de seu filho, disse
que "uma vez teve um filho com este nome, mas não sabe falar nada sobre
ele e que esqueceu que ele existia". Outro caso, de um irmão mais novo do
que o menino que estava na rua, que nos revelou estar sofrendo abuso sexual
permanente de sua mãe e padrasto, enquanto que seu irmão revelara ter saído de
casa por não tolerar ser vítima de abuso. Um outro menino que, após relatar as
constantes tentativas de abuso sofridas, afirmou: "um dia tomei uma
atitude de adulto e saí de casa". Esta frase ilustra a hipótese de que a
saída de casa pode ser resultado de fortalecimento de um indivíduo resiliente,
que prefere sair às ruas e buscar a sua própria sobrevivência do que se submeter
aos abusos dentro de casa. Os irmãos que ficam podem ser mais vulneráveis do
que eles. Na presença destes relatos, o CEP-RUA via-se
obrigado a parar o seu trabalho de pesquisa, reavaliar suas metas e
estratégias, buscar novos subsídios e buscar alternativas de intervenção.
A Tabela 3
mostra fatores de vulnerabilidade e estratégias de superação de crianças de
rua, com relação ao desenvolvimento emocional.
Nos estudos
de Raffaelli e colaboradores (1997), alguns sujeitos revelam que saíram de
casa, porque gostavam da rua. Relatavam experiências progressivas de ficar na
rua e preferiam a ela, por causa do apoio dos amigos e por aliviarem do
sofrimento em casa. Eles informam ainda que buscavam a liberdade, que é
considerada por eles como um grande valor (Donald & Swart-Kruger, 1994).
Com esta liberdade eles desenvolvem um senso de autonomia e autoconfiança que
pode ser positivo para o seu desenvolvimento emocional. Richter (1988) comenta
que a independência propiciou um senso de autogerência na vida das crianças de
rua que não deve ser subestimado em seus efeitos positivos sobre o seu
desenvolvimento.
Os achados
destas pesquisas têm sido utilizados na promoção de programas de prevenção e
intervenções na comunidade. Uma alternativa para a casa que garanta a
sobrevivência e a segurança para os(as) meninos(as) que estão na rua deve ser
encontrada, uma vez que a rua, apesar de desenvolver alguma sabedoria não é o
lugar ideal para qualquer ser humano viver.
O
desenvolvimento físico de crianças e adolescentes em situação de risco tem sido
discutido, principalmente, em estudos relativos à área médica (nutrição,
puberdade, uso de drogas, etc.). No entanto, o fato de estarem expostos a
tantos riscos para garantir sua segurança e integridade física, também é uma
preocupação da Psicologia, especialmente no que se refere às estratégias de
sobrevivência e superação de dificuldades por eles desenvolvidas. Sabemos que
crianças e adolescentes em situação de rua estão expostos à violência, doenças
e acidentes, tendo maior dificuldade de ter atendimento médico para tratá-los.
Muitas
vezes para obter abrigo, alimento e segurança, essas crianças usam estratégias
adaptativas, como conformidade, oportunismo, reciprocidade, busca de apoio dos
amigos e instituições. Donald e Swart-Kruger (1994) referem que essas crianças
utilizam-se de ingenuidade para conseguir aumento de renda, roupas e comidas.
Neste aspecto, discordamos dos autores citados, quanto a denominação da estratégia
utilizada, a qual preferimos chamar de engenhosidade. Essas crianças
consistentemente descrevem estratégias elaboradas para conseguir o que precisam
para sobreviver fisicamente. A ingenuidade pode ser demonstrada, entre essas
estratégias, como uma forma de obter o desejado ou a agradar alguém.
A Tabela 4
apresenta aspectos do desenvolvimento físico de crianças em situação de rua,
enfatizando fatores de vulnerabilidade e estratégias para garantir a
sobrevivência.
Apesar do
volume substancial de pesquisa na área, grande parte da qual é descritiva, há
uma série de questões que ainda precisam ser investigadas para entendermos
melhor o desenvolvimento desta população. Continua-se sabendo pouco sobre o
desenvolvimento cognitivo destas crianças. Há poucos meses, eminentes
cognitivistas, entre os quais algumas dezenas de brasileiros, reuniram-se em
Geneve onde se discutiu muito as implicações das pesquisas com chimpanzés para
a teoria da mente. Porém, não há pesquisa sobre teoria da mente em crianças em
situação de risco. Não se sabe, realmente, como crianças deste grupo entendem o
mundo em que vivem, que processos utilizam para dar sentido a sua realidade,
por que percebem tempo e espaço diferentemente de crianças de classe média
(Hutz et al., 1995), quais são seus desejos, expectativas, temores, etc. Enfim,
como são essas crianças do ponto de vista psicológico, que impacto tem a
socialização na rua ou em condições de vida muito precárias sobre o
desenvolvimento e a cognição social? As diferenças entre crianças em situação
de risco e crianças em geral são de conteúdo, de grau, ou existem diferenças
qualitativas que apontam para a não-universalidade do desenvolvimento
psicológico?
Seria
também fundamental investigar que processos ou variáveis psicológicas protegem
algumas dessas crianças, permitindo ajustamento emocional e o desenvolvimento
da competência social, apesar das circunstâncias extremamente desfavoráveis em
que vivem. Muitas dessas crianças não cometem crimes graves, não se tornam
dependentes de drogas, e muitas vezes são capazes de aproveitar oportunidades
que a sociedade ocasionalmente oferece para romper com a marginalização.
Outra linha
de pesquisa importante que deveria ser aprofundada diz respeito ao estudo das famílias
de crianças que migram para a rua, comparativamente a outras famílias, da mesma
vila ou favela (da casa ao lado muitas vezes), cujos filhos permanecem em casa
e seguem freqüentando a escola. Quais são os elementos capazes de explicar,
ainda que em parte, essa diferença? Locus
de controle? Expectativas de vida? Religiosidade? Sistemas de apoio social?
Não seria
realmente possível tentar descrever ou listar aqui toda a multiplicidade de
projetos que deveriam ou poderiam ser desenvolvidos. Para finalizar, é
importante salientar que conhecimento deve ser produzido nesta área não apenas
por sua relevância teórica (o que, em princípio, poderia ser uma razão
suficiente). O conhecimento produzido por pesquisa nessa área tem alta
relevância social e pode dar uma contribuição decisiva na luta para a promoção
de uma sociedade mais justa e mais humana. Por isso mesmo, é muito grande a
responsabilidade ética do pesquisador que se aventura nessa área (Hutz et al.,
1995; Hutz et al., 1997). Esta é outra questão fundamental que, embora não
possa ser discutida aqui, não poderia deixar de ser pelo menos mencionada.
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Tel.: (84) 215-3590 / Telefax: (84) 215-3589 / Fax.: (84) 211-9211.
Claudio Simon Hutz
e Sílvia Helena Koller são
doutores em Psicologia, respectivamente, pela University
of Iowa e pela Pontifícia Universidade Católica do
Rio Grande do Sul/Arizona State
University, e professores do Curso de Pós-Graduação
em Psicologia do Desenvolvimento, da Universidade Federal do Rio Grande do Sul.
Endereço para correspondência: CEP-RUA, CPG Psicologia, UFRGS, Rua Ramiro
Barcelos, 2600, 90035-003, Porto Alegre, RS.