ECOLALIA EM
PSICOSES INFANTIS
Mestre em distúrbios da
comunicação pela PUC/SP.
Resumo: A discussão sobre possíveis funções do comportamento ecolálico
é apresentada juntamente com as propostas de diversos autores sobre sua
caracterização, possíveis causas e abordagens terapêuticas. A linha pragmática
em lingüística é sugerida como opção para a análise da comunicação de crianças
psicóticas. Um caso é descrito e analisado dentro dessa proposta.
Palavras–chave:
Ecolalia; psicose infantil; autismo infantil;
linguagem em autismo; pragmática; fala.
Introdução
A ecolalia
parece ser um dos aspectos mais freqüentemente mencionados nas discussões sobre
a linguagem das crianças psicóticas. Freqüentemente ela é considerada uma
característica importante da Síndrome de Autismo Infantil (KANNER, 1944;
BOUTON, 1976; AJURIAGUERRA, 1973; GRUNSPUN, 1961; CHAPMAN e SILVA, 1979; dentre
outros).
Ha,
entretanto, uma série de opiniões conflitantes que envolvem, desde a definição
exata de ecolalia, suas características e tipos até as possíveis causas e as
abordagens terapêuticas mais adequadas. Aparentemente a literatura pragmática
pode ser útil na tentativa de se esclarecer alguns desses aspectos.
Definições
Poucos
autores, quando mencionam a ecolalia como um componente da fala de crianças
psicóticas, têm demonstrado preocupação em definir exatamente o que estão
chamando de ecolalia; o mesmo acontece em relação à "ecolalia
tardia", "ecolalia imediata" e "ecolalia mitigada".
SCHULER (1979), afirma que a ecolalia é a repetição não significativa da fala
dos outros. BERNARD-OPTIZ (1982), define ecolalia como a presença de emissões
que são repetições, ou de suas próprias emissões ou de emissões do
interlocutor, nitidamente sem intenção comunicativa; essa repetição pode ser
exata ou modificada; a noção semântica deve ser constante; respostas ecóicas
imediatas e tardias estão incluídas.
Essa
definição inclui os aspectos de "ecolalia mitigada", citada por
PACCIA e CURCIO (1982) entre outros, e que se refere a modificações da emissão
original no sentido apropriado. Menciona também a diferenciação entre
"ecolalia imediata" e "tardia" sugerida por SCHULER (1979)
e outros. "Ecolalia imediata" (ou "verdadeira", segundo
SIMON, 1975) refere-se à repetição automática imediatamente após a emissão
original. "Ecolalia tardia" citada por CHARNEY (1980); KANNER (1944),
refere-se à reprodução de emissões ouvidas anteriormente.
Apesar dessas
distinções serem feitas por diversos autores há vários anos e de, clinicamente,
haver uma clara evolução entre a "ecolalia tardia", a imediata e a
mitigada, no sentido de uma comunicação mais eficaz, a American
Psychiatric Association
menciona apenas o termo ecolalia em sua lista de sintomas para o
diagnóstico de síndrome autista (1989).
Características
ORNITZ
(1972), atribuiu uma característica de rigidez às emissões ecolálicas
e a esta rigidez estaria associada à presença, freqüentemente observada, de
inversão pronominal (KANNER, 1944;CHARNEY, 1980; KNOBLOCH e PASAMANICK, 1975);
ou seja. uma dificuldade na utilização da primeira pessoa do singular e uma
tendência à sua substituição pela terceira pessoa do singular. Alguns autores
vêem a ecolalia como um comportamento perseverativo,
equivalente à perseveração
motora (AJURIAGUERRA, 1973; BOUTON, 1976), ou auto-erótico (RUTTEMBERG e WOLF,
1967).
Além disso,
SCHULER (1979) cita as explicações de PIAGET (1977) para a imitação e sugere
uma função similar para a ecolalia, como o desejo de dominar o ambiente. Isso iria de encontro à necessidade de manutenção da
"mesmice", freqüentemente citada como uma das características do
autismo infantil. Assim, a criança utilizaria sua fala como utiliza seu corpo,
como uma forma de auto-estimulação que está completamente sob seu controle, o
que possibilita segurança quanto à sua continuidade. Essa seria mais uma forma
de dominar o ambiente, o que, numa perspectiva psicanalítica, levaria à sua
consideração como um objeto autístico (TUSTIN, 1972).
O valor
comunicativo das verbalizações ecolálicas também é
objeto de opiniões divergentes. Muitos autores consideram-nas sem função
comunicativa (CHAPMAN e SILVA, 1979; KANNER, 1944; QUIRÓS, 1975; RUTTER e
SCHOPLER, 1981); mencionam um valor hipersimbólico
exclusivo (BOUTON, 1976) e observam que as verbalizações geralmente estão
associadas a uma experiência individual (CHARNEY, 1980; SIMON, 1975). Nesse
sentido, a ecolalia não seria uma simples evocação direta, mas o resultado de
associações auditivas-táteis-afetivas-visuais-motoras
complexas e que podem estender-se no tempo; assim essas emissões não são sem
sentido, elas têm significados associados complexos para a criança. Outras
vezes atribui-se à ecolalia um valor maior como descarga emocional do que como
comunicação (INGRAM, 1975; ORNITZ e RITVO, 1976; RUTTEMBERG e WOLF, 1967).
Por outro
lado, outros pesquisadores atribuem algumas funções de comunicação à fala ecolálica. SCHULER (1979), menciona que algumas formas de
"ecolalia imediata" parecem ser seletivas para a sinalização de
afirmação e que a repetição sensível ao contexto sugere a presença de algumas
habilidades expressivas. Além disso, propõe que deveria ser considerada a
quantidade de atenção ao discurso, e para isso é importante descrever
cuidadosamente não só o comportamento observado, mas também o contexto em que
ocorre.
Dessa forma,
PRIZANT e DUCHAN (1981), analisando a fala ecolálica
e o contexto comunicativo, chegaram a sete categorias funcionais distintas: não
focalizada, manutenção de contato, declarativa, experimental, auto-reguladora,
afirmativa e regulatória. PACCIA e
CURCIO (1982), afirmam que crianças autistas produzem mais ecolalia em resposta
a frases sem sentido e a emissões abstratas e que questões com respostas
afirmativas ou negativas produzem mais ecolalia que questões envolvendo formas
como o que, onde, quando e quem; e estas mais que itens de complementação de
sentenças. Esses autores concluíram que a ocorrência de ecolalia no autismo
infantil é relacionada a uma dificuldade com a estrutura proposicional da
emissão eliciadora. BERNARD-OPT1Z (1982), observou
que há diferenças nas reações a essas emissões por parte de diferentes
interlocutores: a mãe tende a responder ou esclarecer as emissões não
comunicativas da criança, enquanto que o clinico tende a introduzir um novo
tópico e uma pessoa estranha também tende a esclarecer, embora bem menos que a
mãe.
A
"prosódia" também tem sido objeto de divergências na análise da fala ecolálica de crianças autistas. SIMON (1975), dá ênfase
especial à falha no uso de formas entoacionais; ela afirma que a criança parece
incapaz de reelaborar figuras entoativas-expressivas, de forma que a entoação e
a acentuação são produzidas de forma inadequada ao contexto; alem disso a
criança não dirigiria sua voz no espaço de forma adequada.
Por outro
lado, PACCIA e CURCIO (1982) observaram que 45,8% das crianças ecolálicas estudadas produziam emissões com contorno
prosódico contrastante em relação à emissão original, isso ocorria mais
freqüentemente em "ecolalia mitigada" e mais freqüentemente para
respostas afirmativas do que negativas e, além disso, que a prosódia contrativa
era consistente com o indivíduo. Assim, concluíram que as imitações prosodicamcnte diferentes podem refletir atenção para o
fato de que as emissões da conversação são complementares, ou representar algum
processamento ao nível semântico.
De qualquer
forma, muitos autores parecem concordar em que a repetição verbal é uma fase
especialmente necessária na aquisição e desenvolvimento da linguagem por
crianças autistas. BLOCH, GERSTEIN e KORNBLUM (1980), afirmam que a fala
comunicativa não é uma progressão natural da fala expressiva e que sua
aquisição, até os cinco anos, parece muito importante para o prognóstico.
Entretanto, enquanto SIMON (1975) afirma que a fala ecolálica
não representa um desenvolvimento de linguagem retardado ou interrompido, pois
o normal seria a produção de fala telegráfica, PRIZANT e DUCHAN (1981) e RUBIN,
BAR e DWYER (1967) consideram a ecolalia um estágio necessário no
desenvolvimento da linguagem.
Parece clara
a necessidade, já observada anteriormente (MIRANDA, 1981), de estudos mais
aprofundados que pudessem estabelecer a possível existência de significação de
uma seqüência evolutiva nas diversas formas de ecolalia e de aspectos
importantes como a latência entre a emissão original e a emissão ecolálica, a sensitividade ao contexto e ao interlocutor, a
prosódia, a estruturação e as formas de mitigação.
Causas
associadas
A atribuição
da ecolalia a fatores emocionais, a aspectos do desenvolvimento, a dificuldades
com linguagem, a desordens auditivas ou a disfunções centrais, parece depender
do posicionamento mais organicista ou mais psicodinâmico de cada autor.
Dentre as
hipóteses mais organicistas, por exemplo, há a de que haveria uma falha nas assimetrias corticais superiores (SIMON, 1975
e BOUTON, 1976), ou seja, é possível que, em algumas crianças autistas, haja
alterações na área cerebral responsável pelas funções analíticas de linguagem.
SCHULER (1979), cita autores que tentaram relacionar a ecolalia a lesões
cerebrais específicas e comenta que não é fácil determinar se a ecolalia está
ligada a uma falha na inibição de eco-reações, ou a uma inabilidade para gerar
fala apropriada.
Por outro
lado, enquanto SCHULER e BALDWIN (1981) afirmam que a ocorrência de ecolalia
persistente no autismo sugere que não é o sistema auditivo em si que está
bloqueando a linguagem. WETHERBY, KOEGEL e MENDEL (1981), através de um estudo
com escuta dicótica em crianças autistas com audição monoaural normal, constataram que as crianças sem ecolalia
produziram resultados normais também em escuta dicótica,
mas que as crianças com ecolalia produziram resultados de escuta dicótica indicativos de disfunção central no hemisfério
dominante para a linguagem. Estes autores concluíram que o mecanismo subjacente
à ecolalia no autismo pode ser o desenvolvimento perturbado das áreas de
associação cortical superior.
Alguns autores (CHARNEY, 1980; PACCIA e CURCIO, 1982;
PRIZANT e DUCHAN, 1981 e SIMON, 1975), falam especificamente
em limitações na compreensão linguística, associando,
assim, a produção ecolálica ao tipo de emissão
precedente. Aparentemente, haveria dificuldades especiais com a estrutura
proposicional da emissão eliciadora e com as relações de sujeito e predicado,
na medida em que frases menos compreendidas, afirmações e questões tendem a ser
mais ecoadas que frases simples e jogos de complementação de sentenças.
Entretanto, como observa SIMON (1975), não é fácil determinar porque ocorre
ecolalia em alguns casos e não em outros em que a compreensão também é mínima.
WETHERBY e
GAINES (1982), sugerem que há quatro áreas de desenvolvimento cognitivo e
social que são essenciais para a emergência do léxico: o jogo simbólico, a
intenção comunicativa, a imitação e a utilização de instrumentos. Sua pesquisa
sugere que algumas crianças autistas falham no desenvolvimento do jogo
simbólico. Isso seria a base da ausência de intenção comunicativa tão
freqüentemente observada em crianças autistas, e parece estar de acordo com a
observação de SCHULER (1979), de que o comportamento ecolálico
poderia ser visto como parte de uma inabilidade mais geral em monitorar seu
comportamento com base em pistas sociais. Essa autora comenta, também, que
algumas formas de "ecolalia tardia" parecem ser de natureza auto-estimulaliva exatamente por não serem afetadas pelas
conseqüências sociais. Além disso, menciona a autora, numa orientação mais
psicodinâmica, a ecolalia tem sido associada à hostilidade, medo e hipersugestibilidade. Isso estaria envolvendo os
componentes de fechamento, ansiedade e desejo de manutenção da mesmice, que são
caracteristicamente observadas em crianças autistas.
Abordagem
terapêutica
A abordagem
terapêutica da ecolalia, bem como o valor atribuído a ela no
processo, obviamente dependem dos elementos causais e dinâmicos que lhe
são atribuídos.
Assim fica
claro que, se a ecolalia é tida como um sintoma indesejável, não funcional e
que tende a agravar o isolamento social da criança, sua extinção é considerada
um objetivo terapêutico importante. Dessa forma, RATUSNIK e RATUSNIK (1976)
propõem um programa terapêutico que, em seis meses extingue a "ecolalia
imediata" ou "tardia". SCHULER (1979), por sua vez, observa que
pode ser difícil decidir sobre procedimentos específicos para a redução da
ecolalia, pois a cessação de toda a fala seria indesejável; respostas mais
adequadas teriam que ser ensinadas junto com a extinção da ecolalia. Essa
autora, entretanto, concorda com APPELMAN, ALLEN e TURNER (1975), quando
comentam que a generalização e o uso espontâneo das respostas apropriadas são
extremamente limitados e parecem depender sempre de estímulos eliciadores
específicos.
Por outro
lado, quando se admite que a ecolalia pode servir a diferentes funções de
comunicação para a criança autista, sua extinção indiscriminada é
desaconselhada (PRIZANT e DUCHAN, 1981) Assim, BERNARD-OPTIZ (1982) menciona
que os pesquisadores que trabalham com linguagem têm procurado enfatizar os
aspectos de melhoria da sintaxe e semântica e a normalização dos padrões de
volume e entoação. Nesse sentido, como observaram PACCIA e CURCIO (1982), a
consciência de que o tipo de mensagem dirigida à criança
autista pode ser manipulada para permitir que ela responda mais
apropriadamente, parece muito importante para a terapia. Com essa perspectiva,
BLOCH, GERSTEIN e KORNBLUM (1980), descreveram um programa de reabilitação e
desenvolvimento de linguagem para crianças autistas em que mesmo os
comportamentos perseverativos não eram extintos, pelo
contrário, todas as verbalizações da criança eram reforçadas e expandidas.
Nesse sentido, esses autores observam que a fala comunicativa não é uma
progressão natural da fala expressiva, mas pode ser adquirida através de um
programa prescritivo e integrativo de terapia de linguagem, do qual a repetição
verbal é um estágio.
O papel da
pragmática
A perspectiva
pragmática pode ser útil na pesquisa a respeito da linguagem da criança
psicótica, na medida em que ela nos fornece um paradigma lingüístico
aparentemente mais próximo da complexidade de fatores com que se tem que lidar.
Para facilitar nossa discussão, tentaremos abordar separadamente alguns itens
que dizem respeito à teoria pragmática em si, considerações sobre comunicação,
aspectos que podem ser relacionados com a ecolalia e considerações teóricas que
podem ler valor na abordagem terapêutica.
a) Algumas idéias básicas em pragmática
Propõe-se que
a compreensão da linguagem é facilitada pelo contexto social (LEWIS e CHERRY,
1977) e que o significado da palavra é construído através das circunstâncias
nas quais ela é usada. Assim, referência e significado são atividades
psicológicas, atos que os falantes executam e não propriedades que as sentenças
têm. Nesse sentido, a pragmática ocupa o limite entre o desenvolvimento
lingüístico, cognitivo e social (BATES, 1971).
MACRAE
(1979), sugere uma distinção entre estruturas cognitivas e estruturas lingüísticas
e propõe que se considere o nível das intenções semânticas como um nível
intermediário. As intenções semânticas da criança são acessíveis ao adulto
através da interpretação das emissões da criança com a utilização da informação
contextual. Dessa forma, propõe uma "interpretação rica", que
consiste no registro das emissões da criança, na descrição da atividade na qual
está engajada e dos aspectos específicos do ambiente. Isso seria uma forma de
preencher o espaço entre as formas da estrutura superficial que a criança
produz e a compreensão que as possibilitou; uma tentativa de aproximar-se, o
quanto possível, dos conceitos funcionais, categorias e regras da competência
lingüística da criança.
b) Sobre comunicação
Já em 1959,
LURIA e YUDOVICH propunham o estudo dos processos mentais da criança como o
produto de sua interação, ou intercomunicação, com o ambiente e observaram que a intercomunicação com o adulto tem significado decisivo,
porque a aquisição de um sistema de linguagem envolve a reorganização de todos
os processos mentais básicos da criança.
O interesse
em iniciar a comunicação e a aquisição de um padrão interno de linguagem
similar ao do adulto (BATES, 1971), parecem ser fatores especialmente
significativos na atribuição de uma proximidade cognitiva,
afetiva e emocional entre a criança e o adulto. BROWN (1973), considera
a ordem correta das palavras nas frases da criança como o principal elemento
que nos leva a atribuir a elas essa intenção de comunicação.
Além disso,
TREVARTHEN (1979), após uma pesquisa envolvendo cooperação e comunicação em
recém-nascidos, concluiu que os seres humanos estão equipados, desde o
nascimento, com mecanismos de personalidade que são sensíveis a pessoas e que
se expressam como as outras pessoas. A comunicação interpessoal seria
controlada pela informação de "feed-back" e deveria ser vista em
relação às atividades da ação consciente e proposital.
c)
Relacionando com ecolalia
O que segue
são alguns exemplos de como podemos usar a literatura pragmática na
interpretação da fala ecolálica de crianças
psicóticas, na tentativa de relacionar dados que possam ser significativos.
Um ponto
freqüentemente citado como uma característica da criança autista, como já
vimos, é a necessidade de controlar o ambiente. Há uma extrema ansiedade no
sentido da manutenção da "mesmice"; aparentemente a criança precisa
ter domínio total sobre sua estimulação, para sua segurança emocional. Nesse
sentido, a fala repetitiva poderia funcionar como um apoio, um elemento sempre
perfeitamente sob o controle da criança pois, quando uma emissão é produzida,
ela corresponde exatamente à atividade física dos órgãos de produção da fala e
não tem outra propriedade que não as fornecidas pelo falante (SINCLAIR, 1979).
Além disso, quer a emissão comunique ou não de forma eficiente, ela ainda
significa o que o falante deseja que ela signifique (BATES, 1971).
A aquisição
de fala até os cinco anos parece um aspecto crucial no estabelecimento do
prognóstico evolutivo da criança autista. Aparentemente. há uma correspondência
para isso no desenvolvimento normal da linguagem, pois aos cinco anos a
linguagem em si constitui um problema especial também para a criança normal,
por ser um momento de aquisições e transformações significativas
(KARMI-LOFF-SMITH, 1979).
BATES (1971),
menciona dois aspectos que parecem extremamente importantes na tentativa de
compreender melhor a fala ecolálica na psicose
infantil. O autor chama atenção para o papel ativo do falante na criação do
significado em diferentes contextos. Isso nos leva imediatamente à observação
de que, freqüentemente, a criança ecolálica parece
perseverar no uso de uma determinada emissão em uma relação específica qualquer
com algum aspecto do contexto original. Como observaram LURIA e YUDOVICH
(1959), a fala é progressivamente incluída na formação dos processos mentais da
criança; essa participação da fala na formação de novas conexões, entretanto, é
muito susceptível a lesões ou alterações no desenvolvimento. Na criança autista
haveria, então, uma rigidez em relação às conexões originais.
O outro ponto
está relacionado à tentativa de se estabelecer que tipo de dificuldade estaria
funcionando como base para o comportamento ecolálico.
PACCIA e CURCIO (1982), concluíram que a ecolalia no autismo está relacionada à
estrutura proposicional da emissão eliciadora. Seria adequado
generalizar e concluir que a dificuldade está relacionada com o uso
pragmático da linguagem?
Com relação
às possibilidades de estabelecer-se categorias funcionais
para a utilização da ecolalia, podemos retornar ao trabalho de PRIZANT e DUCHAN
(1981) e às categorias estabelecidas por elas, entre as quais está a categoria
de auto-regulação. É interessante notar que LURIA e YUDOVICH (1959) já haviam
observado que, quando uma criança adquire um vocábulo, ela fica subordinada a
ele; a palavra passa a ser um regulador da atividade da criança.
É claro que
isso é apenas uma tentativa de exemplificar o tipo de relação que pode ser
feita entre a teoria pragmática e os estudos sobre ecolalia em psicose
infantil. Cada nova relação estabelecida provavelmente exigiria maior
aprofundamento para que se pudesse concluir sobre sua validade. O que é
importante enfatizar, no entanto, é que parece haver importantes conclusões a
serem obtidas a respeito da funcionalidade das verbalizações ecolálicas e que as observações do contexto situacional no
qual elas ocorrem são fundamentais.
d) Considerações sobre terapia
BRAZELTON
(1979), chamou a atenção para a importância da intervenção precoce que pode
prevenir uma série de problemas que ocorrem muito facilmente quando os adultos
não se ajustam apropriadamente à criança. Crianças quietas e pouco exigentes
não eliciam os cuidados e a estimulação necessários por parte dos pais,
freqüentemente já sobrecarregados. Por outro lado, neonatos hipercinéticos
e hiper-reativos podem pressionar os pais a respostas que reforçam o
comportamento da criança, pois ela cresce num ambiente hostil e hiper-reativo.
Especificamente
a respeito dos diferentes enfoques terapêuticos já mencionados anteriormente,
parece importante acrescentar a observação de MACRAE (1979) de que,
provavelmente, a parte mais significativa do "input" lingüístico para
a criança são as interpretações do adulto, expandidas ou aumentadas, das
emissões da própria criança; parece essencial que o adulto transmita à criança
as interpretações que ele está dando às suas próprias emissões.
Parece lógico
concluir que cada nova noção quanto ao valor comunicativo da ecolalia cria possibilidades
de sugestões terapêuticas variadas. De qualquer forma, destaca-se que o
possível valor funcional da ecolalia deve ser cuidadosamente investigado antes
que qualquer programa terapêutico seja estabelecido.
Descrição de
um caso
Segue-se uma
breve descrição do caso de um menino, atualmente com cinco anos e meio, com
hipótese diagnostica de psicose infantil, sem deficiência mental constatada e
com exames auditivo e neurológico normais.
Eder veio
para terapia fonoaudiológica com 4 anos e 9 meses por
"não falar". Numa avaliação inicial mostrou-se uma criança
extremamente ansiosa, retraída e indiferente à comunicação verbal quer por
parte da terapeuta, quer por parte da mãe. Foi encaminhado, primeiramente, ao
neurologista e a uma avaliação auditiva, sendo que os resultados obtidos foram
normais. Nesse meio tempo, a terapia de linguagem progredia e a criança já
demonstrava menos ansiedade quando entrava na sala e já explorava o ambiente,
mas emitia apenas algumas poucas vocalizações, aparentemente com muita tensão.
Foi encaminhado à psicologia tendo sido considerado "intestável" no
momento. Decidiu-se pela continuidade da terapia de linguagem, pois
aparentemente estava havendo algum vínculo e isso parecia importante, tanto
para a criança, quanto para seus pais. Nesse período o paciente começou a usar
uma espécie de jargão consistente, inclusive com alguns neologismos, que eram
facilmente substituídos pela palavra adequada em situações mais estruturadas,
mas que persistiam em fala espontânea. O paciente progrediu rapidamente em
direção à linguagem, passando por uma fase de "ecolalia imediata"
quase "sistemática"; tem exibido uma performance motora bastante
adequada, embora persistam dificuldades de atenção importantes. Atualmente usa
linguagem de forma aparentemente normal em diversas ocasiões.
No momento o
paciente está sendo reencaminhado à psicologia, pois acredita-se que já haja possibilidade de estudo ou
avaliação.
Será
apresentada, a título de exemplo, a descrição de uma situação de interação e
jogo que durou aproximadamente trinta minutos e que teve momentos de maior ou
menor fluidez no vínculo entre terapeuta e paciente.
Já há
diversas sessões, quando o paciente entra na sala, dirige-se sistematicamente
ao armário e escolhe um jogo que consiste de peças de madeira que montam, de
maneira simples, uma casa e um moinho, além de ter 4 figuras humanas, 2 vacas,
2 cavalos, 2 galinhas, l cachorro, l caminhão, I carroça e l banco. O paciente
pega a caixa, fecha a porta do armário, senta-se no chão, tira
todas as peças da caixa, monta a casa e o moinho sem dificuldade.
T- Quem está dentro da casa?
P (l)- na casa.
T- Quem está na casa?
P (2)- na casa.
/aproxima a carroça, com duas figuras humanas e
duas galinhas, da casa/
P (3)- opa, chegô
/tira uma galinha/ saiu i patu. /tira outra
galinha/ saiu i patu /tira uma figura humana e
a outra cai/ ôpa caiu essa! /tira o
cavalo da carroça/ ôpa caiu essi!
T- E agora? Onde é que vai a carroça?
P (4)- carroça /sem olhar a T/
T- Onde é que vai a carroça?
/o P olha a T e separa o cavalo da carroça/
T- Ah! O cavalo não vai puxar a carroça?
P (5)- tava correndo, correndo, caiu.
T-
Ah! O cavalo caiu?
P (6)- lava ca ca caca caca.../começa a verbalizar sons ininteligíveis, num tom de
voz sussurrado e sem direção, enquanto pega o caminhão e movimenta-o como se
ele voasse/
P (7)- caiu.
T- O caminhão caiu, Eder?
P (8)- é. /volta a pegar os bonecos e
colocá-los no banco/ vai sentá nu sofá.
T- Quem é que está sentado no sofá?
P(9)- sofá.
T- Quem é que está sentado no sofá?
P (10)- aqui /volta-se para a casinha e
derruba-a/ caiu a porta tia.
T-
Caiu o telhado, né?
P (11)- é. /monta a casa outra vez, com
uma figura dentro e uma na porta/ pú, pú, pú /fazendo gestos como
se batesse com os nós dos dedos na porta/
/começa a verbalizar sons ininteligíveis com voz
sussurrada. Tenta colocar o cavalo dentro da casa e ela cai. O P olha a T/
T- O que aconteceu?
/o P já montou a casa com a figura dentro/
P (12)- conteceu.
T- O que foi que aconteceu?
P (13)- pú, pú pú. Abri a porta filinhu!
/olha para a T/
T- Ela não quer abrir a porta?
P (14)- abria a porta! /derruba a casa com
outra figura/ eu vô entrá!
/começa novamente a sussurrar de forma
ininteligível, ficando assim por aproximadamente cinco minutos/
/pega o cavalo e a carroça, com a cabeça baixa,
aparentemente sem olhar a T nem o brinquedo./
P (15)- uchi,
uchi, uchi, uchi, uchi, uchi,
uchi!
T- O que é que você está fazendo?
P (16)- eli tá fazendu brincandu.
T- Brincando com o cavalo?
P (17)- cavalu.
/olha a T rapidamente e abaixa a cabeça
novamente/
P (18)- chegô,
chegô.
T- Quem chegou?
P (19)- chegô.
/arrasta a carroça no chão, olhando o chão/
P (20)- ela desceu.
T- Quem desceu?
P (21)- desceu.
T- Quem é ela?
P (22)- ela, ela, ela. /bate com a mão
derrubando a casa, depois monta-a rapidamente/
P (23)- ela feis a
casa.
T- De quem é a casa?
P (24)- a casa.
/a T pega as peças do brinquedo, o P para de
mexer na casinha e olha-a/
T- Eder, cadê a vaca?
P (25)- vaca /olhando o chão/
T- Pega a vaca.
/o P pega a vaca, ainda olhando o chão/
P(26). vaca.
T- Isso Eder!
P (27)- issu
Eder!/olhando a T e reproduzindo sua entoação/
T- Agora cadê o cocó?
P (28)- cadê u cocó?
/olhando para o chão/
T- É, o cocó. Pega o cocó.
P (29)- cocó. /pegando
uma figura humana, sem olhar./
T- Isso é cocó?
P (30)- cocó. / pega a
galinha e olha a T de baixo para cima./
T- Isso! Esse é o cocó!
P (31)- essi cocó! /olhando a T e reproduzindo sua entoação/
T- /pega o cavalo/ E esse? O que que é?
P (32)- que qui é?
/olhando o chão e reproduzindo a entoação da T/
T- Que bicho é esse?
P (33)- bichu.
/olhando o chão/
T- É o cavalo!
P (34)- cavalu!
/ainda olhando o chão e reproduzindo a entoação da T/
T- Põe o cavalo na caixa.
P (35)- cavalu
na caxa./põe o cavalo na caixa, depois o resto das
peças, dá a caixa
para a T e dirige-se para a porta/
Uma primeira
leitura dessa situação provavelmente deixa a impressão de uma interação
bastante eficiente. É interessante notar, entretanto, que 60% das emissões do
paciente constituem emissões ecolálicas. O que,
então, estaria sendo o mediador dessa interação? Observemos mais de perto as
emissões da criança.
Consideraremos
como "não funcionais" as emissões ininteligíveis, como em (6) e (15).
As emissões (8), (10) e (11) podem ser consideradas adequadas, quer quanto a
sua função de interação, quer quanto a sua estrutura. As outras emissões não ecolálicas, ou seja, (3), (5), (7), (13), (14), (18), (20)
e (23), serão consideradas como "fala egocêntrica", no sentido do que
fala PIAGET (1977), que a fala é um elemento do jogo, mais que um meio de
comunicação.
Das emissões ecolálicas, o aspecto que se torna mais evidente é o fato
de que mais de dois terços dessas emissões parecem ter sido eliciadas por
perguntas da terapeuta. As outras sete emissões podem ser divididas entre as
que foram eliciadas por expressões de aprovação por parte da terapeuta, ou
seja, (27), (31) e (34) (é interessante notar que nas três ocasiões a entoação
da terapeuta foi reproduzida) e as que parecem ter sido eliciadas por ordens -
seja por desatenção a elas (como parece ser o caso em (29)), ou como resposta a
elas (como em (26), (30) e (35)).
A maior parte
das emissões ecolálicas, como já dissemos, ocorreram
após perguntas da terapeuta. Dessas, podemos considerar que (17) e (33) sejam
afirmações por repetição, pois as perguntas eliciadoras pareciam servir apenas
como confirmação do contexto. Todas as outras verbalizações parecem ter sido
eliciadas por dificuldades com interrogações específicas, tais como: quem,
onde, como e o que; provavelmente correspondendo às "wh questions"
mencionadas por PACCIA e CURCIO (1982). É interessante notar, ainda, que na
grande maioria dessas situações, a emissão da criança se constituiu na
repetição da última palavra da emissão eliciadora (veja-se em (l), (2), (4),
(9), (12), (19), (21), (22), (24) e (25)), Em duas situações houve a repetição
da expressão final - em (28) e (32) - mas isso não parece indicar alguma
diferenciação quanto à dificuldade de compreensão da questão ou quanto à
intenção da resposta.
Por fim,
houve uma única ocasião - (16) - em que ocorreu inversão pronominal, ou seja, a
utilização da terceira pessoa do singular no lugar da primeira. Note-se que
nessa mesma emissão houve a reprodução da estrutura utilizada pela terapeuta (o
que pode ser indicativo de uma dificuldade maior com uma estrutura mais
complexa) e com o acréscimo de um verbo semanticamente adequado (o que parece
indicar uma compreensão global do sentido da questão).
Não parece
inadequado concluir que, para essa criança, a ecolalia serve como elemento de
manutenção do diálogo, como indicador de dificuldades específicas com algum
determinado tipo de questão e como afirmação. Provavelmente seria errôneo
atribuir a esse comportamento verbal um valor de automatismo ou de
auto-estimulação. O fato de o paciente ter passado por uma fase em que a
ecolalia era mais freqüente e automática permite-nos supor que ela é uma fase
de seu processo de aquisição da linguagem.
Conclusão
Durante algum
tempo a ecolalia foi considerada um aspecto não-funcional e inadequado, freqüentemente
presente na linguagem da criança psicótica. Mais recentemente, alguns autores
têm tentado observar esse comportamento com o propósito de estabelecer a
existência de diferentes categorias funcionais, de acordo com as diferentes
situações de contexto verbal e não verbal em que ocorrem e com as diferentes
formas de mitigação em relação à emissão original. Para esse tipo de trabalho,
a literatura lingüística da linha pragmática tem sido um elemento importante no
fornecimento de novos parâmetros a partir dos quais pode-se avaliar a
comunicação.
A
apresentação de um caso serviu como ilustração das funções a que a ecolalia
pode servir no processo de aquisição e desenvolvimento da linguagem por uma
criança com um quadro de psicose. Como parece ter ficado claro, a instauração
sistemática de procedimentos que visem à extinção da ecolalia pode ser um
elemento agravante das dificuldades da criança.
É evidente a
necessidade de pesquisas futuras a respeito das possibilidades de um valor
funcional para a ecolalia em suas diferentes formas.
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Nota sobre o texto
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Nota sobre a autora
[1] Fernanda Dreux
Miranda Fernandes é docente do curso de fonoaudiologia
da Faculdade de Medicina da USP, mestre em distúrbios da comunicação pela PUC/SP, doutoranda na Faculdade de Filosofia, Letras e
Ciências Humanas/USP – End.: Rua Cipotânea,
51 – Butantã, São Paulo - SP – CEP 05360-160.