ASPECTOS DE SAÚDE NA
ROTINA DA CRECHE E O PAPEL DO CUIDADOR DA CRIANÇA: RELATO DE EXPERIÊNCIA
Introdução
Desde a incorporação da instituição creche em algumas metrópoles do Brasil, emergiram, e ainda emergem, vários debates sobre as suas diferentes funções. Um dos grandes debates parece estar associado ao próprio papel da creche e o comportamento da família frente a esta. MOTTA (1991) observa que as relações da mulher/mãe com a instituição são bastante difíceis e que a convivência entre ambas se agravam na vivência cotidiana. Outro importante debate decorre da própria função da creche. Durante seu funcionamento, aproximadamente doze horas, o que corresponde a dois terços de vida acordada da criança (SIQUEIRA, 1989), o equipamento responde integralmente por este indivíduo, ou seja, pela guarda, alimentação e cuidados da criança. Entre estes cuidados destaca-se a saúde, porém, levando-se em conta o conceito vigente de saúde, adotado pela ORGANIZAÇÃO MUNDIAL, quer-se registrar sob a ótica da experiência de trabalho, a diferença entre esta definição e a realidade. Saúde é um conjunto de fatores, uma tríade entre o físico, o mental e o social, não cabendo a nenhum destes fatores ter domínio sobre o outro. Da mesma forma, neste texto, quer-se destacar o papel do “cuidador” da criança integral e levantar aspectos considerados relevantes para o seu desempenho neste complicado e ainda pouco entendido contexto.
A partir de 1943 a
creche “surge”, legalmente, como um serviço de suporte para mulheres da classe
trabalhadora, no próprio local do emprego, sob a égide da Consolidação das leis
do Trabalho. Ao longo dos anos a concepção vai se alterando, existe um momento
de benemerência, filantropia, onde o usuário é a criança pobre. De acordo com
MOTTA (1996), este significado é tão forte que, em períodos mais atuais, as
classes mais privilegiadas o trocam por berçário e escolinha, entre outros.
Ainda de acordo com a autora, contemporaneamente a visão assistencialista se
transforma em atitude e linguagem mais tecnicistas.
Para LEFÈVRE
(1989), a creche faz parte do mundo que nossas crianças vivem. Destaca, também,
que a creche não é melhor nem pior do que a família. Existe na verdade, uma
confusão entre os papéis, na verdade, uma confusão entre os papéis de uma e de
outra: mãe é mãe, pajem é pajem, família é família e creche é creche. Existem
duas entidades distintas: a criança é um na família e é coletivo na creche, é
filha na família e é usuária na creche, pertence judicialmente à família e não
pertence à creche.
ROSSETTI-FERREIRA
(1994) aponta para o fato de que, atualmente, mesmo as mulheres que não
trabalham fora, também têm procurado um espaço de socialização para as crianças,
visto que, estas contam com poucos recursos domésticos. Fala-se de espaço de
crescimento e desenvolvimento do ser humano criança
(SIQUEIRA, 1989).
Em casa, desempenha
uma série de ações rotineiras que são reproduzidas na creche. Estas ações estão
associadas ao sistema de cuidados englobando: alimentação, higiene pessoal,
brincar e também prevenção de acidentes. Visualizar a creche com esta
amplitude, integral e presente, na vida da criança moderna, implica em indagar-se
sobre o ator saúde neste contexto.
O conceito da
Organização Mundial para saúde afirma que esta é bem-estar
físico, mental e social. Abordar a definição de saúde em um só destes
aspectos é não apreender o ser humano na sua totalidade. É apenas tratar
parcialmente a questão (MARTINS. 1986). LISBOA (1993) trata da criança como ser
holístico, ou seja, uma unidade psico-social.
A creche é, ou
deveria ser, um espaço sócio-educativo saudável para crianças pequenas. Se é saudável deve ter entre suas funções o cuidado da saúde
do seu usuário e incorporar este conceito aos cuidados do equipamento. Para
esta reflexão, toma-se como ponto de partida desta discussão a rotina da
creche.
Pela manhã, há uma
triagem feita pelo profissional de saúde. Verifica-se se a criança está doente,
e se caso isto acontecer, ela provavelmente será impedida de ficar na creche.
Em muitos casos poderá ser uma medida acertada, embora muitas vezes se observe
um certo exagero. Febrículas, dores de ouvido e garganta têm o “visto negado”.
Dia de trabalho perdido pela mãe/pai, visita ao médico que avalia a não
gravidade do caso e muitas vezes a frustração, tanto familiar como
institucional pelo acontecido. Há de se ter sensibilidade. Os processos
infecto-contagiosos existem de fato. Quando começam a freqüentar a creche o
organismo da criança entra em contato com vírus e bactérias que podem causar
doenças. SIQUEIRA (1989) chama este processo de experiência infecciosa, porém,
de maneira genérica, após um certo período haverá uma adaptação orgânica sem
danos para a saúde.
Um dos primeiros procedimentos quando a criança começa a freqüentar a creche é avisar aos familiares que fica proibido que esta leve objetos pessoais tais como: cobertores, travesseiros ou bichos de pelúcia. Esta medida tem como objetivo preservar aspectos de higiene já que estes objetos costumam passar pelas mãos, boca, e chão, além do que, por vezes, se compartilha a experiência com os novos colegas; embora, a mesma experiência possa se tornar um conflito porque, muitas vezes, não existe a vontade de compartilhar o objeto. Destaca-se este aspecto dos objetos pelo significado que ele tem para a criança. De acordo com a teoria de Winnicott, estes são objetos transacionais. Para o seu dono, eles trazem a lembrança do acolhimento materno e boas sensações: calor, maciez, além do que têm caráter confortador e são, também, essenciais para o processo de individualização. Acredita-se que compreendendo o valor do objeto seja possível avaliar a mutilação a qual se submete a criança ao arrancar-lhe tal valor, da mesma forma não se pode perder de vista a necessidade que ela possa sentir do mesmo por ocasião de vivência tão nova, diferente e até difícil, a entrada na creche fora do seu “locus” seu “habitat”, com pessoas diferentes (MORAES,1997). O fator higiene é importantíssimo, mas a preservação do afetivo e a saúde mental também os são. Quanto ao conflito entre crianças quer-se crer que o “cuidador”, dependendo da necessidade, seja capaz de mediar a situação.
No quesito
alimentação deve-se pensar que muito do que será servido para a criança é
novidade, e como tudo que é novo pode causar estranheza. Não se pode afirmar
que os alimentos servidos na creche estejam incorporados à cultura local: o
suco, as verduras, os legumes, a textura do arroz, dentre outros.
Na medida em que os
alimentos forem visualmente atrativos e possuírem odores estimulantes ao
paladar este processo de incorporação de novos alimentos pode ser bastante
facilitado.
Não se trata de
fazer pratos decorados, mas comida com aspecto feio, inodora e macilenta pode
causar repulsa para a criança. A apresentação dos pratos, o cuidado ao servir e
o diálogo entre o “cuidador” e a criança sobre os alimentos contemplam aspectos
tanto de saúde como de educação e socialização. Respeitar o ritmo da criança
para comer, não passar todo o tempo gritando para que se coma depressa,
engolir, ou empurrar a comida garganta abaixo são procedimentos execráveis. São
várias crianças, existe o fator “stress” (MORAES & D’ANTINO, 1989), porém
este trabalho requer pessoas com algumas características: a paciência, se
importar com o outro, entre outras ( GHELER &
RABINOVICH, 1989).
Na rotina da creche existe o horário do sono. É altamente recomendável que a criança durma durante o dia, é um momento de relaxamento onde o cérebro descansa. Porém, não se pode exigir que todas as crianças tenham o mesmo ritmo e durmam neste horário. Algumas crianças quando começam a freqüentar a creche ou não possuem este hábito ou, simplesmente, não conseguem dormir. Cita-se que em certos locais, obriga-se a criança a ficar em silêncio no escuro, ou ainda lhe cobrem a cabeça para que o sono venha. Não se compreende tal atitude quando se fala em espaço saudável. Atividades que acalmam como ouvir estórias ou determinado tipo de música podem ser soluções.
A higiene na creche deve seguir determinados padrões e estes repassados para as crianças através de hábitos como: lavar as mãos, escovar os dentes, tomar banho. Podem ocorrer casos, em que a criança não venha com as roupas limpas, ou outros, em que ela mesma não esteja limpa, segundo o padrão da creche. Nestes casos observa-se, geralmente, a existência do conflito. Na maioria das vezes, o “cuidador” vai acusar a família de não seguir os procedimentos de higiene preconizados pelo equipamento. Dependendo do local onde vai estar instalada a creche, poderá haver falta de água crônica e, dependendo das condições da família, este problema pode ser agravado. Incorporar hábitos saudáveis e de higiene para criança é um dos papéis da creche, mas atitudes higienistas extremas, como fazer a criança voltar para casa porque está com as unhas sem cortar, ou porque o perfume destoa com o ambiente não será, de forma alguma, um método correcional adequado.
Outro ponto que
merece atenção é o brincar. Esta é a atividade mais significante da infância,
onde a criança é capaz de se colocar, colocar o seu mundo e transformá-lo
(MORAES, 1997). Aspectos sensoriais, motores, afetivos, sociais e lingüísticos
são enriquecidos com a atividade de brincar (PENTEADO et al., 1996). O “não
brincar” deve levantar tantas interrogações como o não se alimentar. Uma
criança que passa seu tempo apática, sem imaginar, sem criar,
sem falar sozinha, sem participar das brincadeiras do grupo, dependendo
do seu estágio de desenvolvimento, deve ser observada mais de perto, com mais
desvelo pelo seu “cuidador”. Não se fala em estar perto, papeando com os outros
“cuidadores” enquanto as crianças estão lá, fala-se de participação do adulto,
cooperação na atividade e sugestões.
Afirma-se também que
a alimentação, o sono, o brincar, entre outros, poderiam ser melhor
trabalhados se houvesse a informação, isto é, um real intercâmbio com a
família. Nada do que se diz neste parágrafo serve como justificativa para os
fatos citados como inadequados, porém alguém da família da criança poderia
fornecer subsídios sobre estes seus hábitos rotineiros. Não se fala em fichas
ou inquéritos formais, mas em período de adaptação com a presença se possível
de um familiar próximo, pois além da informação haveria um fortalecimento dos
laços instituição e família, comprometimento de ambas as partes,
responsabilidade compartilhada e relação de confiança.
As mudanças
alimentares na vida da criança como introdução de alimentos sólidos, ou ainda a
fase de troca do uso de fraldas pelo uso do vaso sanitário, poderiam ser menos
complicadas se houvesse a participação da família.
De outro lado a família que coloca seu filho em uma creche tem que
conhecer as suas rotinas e, quando necessário, se adaptar a algumas delas.
Exigir cuidados especiais durante todo o tempo, proibir que o filho tenha
contato com a água, ou ainda que fique descalço, não são medidas que preservam
a saúde da criança. Ao cumpri-la, pelo contrário, a creche torna esta criança
marginalizada dentro do grupo onde agora está inserida.
Todo este contexto é
bastante polêmico podendo ainda avançar-se nas posturas de higiene próprias de
quem cuida da criança, ou ainda na medicalização do local por parte do
profissional de saúde. Mas, voltando à proposta inicial desta análise cabe
agora uma discussão sobre o “cuidador” da criança.
De forma genérica,
tem se observado que as pessoas que trabalham com as crianças pequenas têm
origem, formação e experiência bastante diversificadas. Alguns trazem na
bagagem diploma de nível superior em área de saúde ou educação, quando não
ambos. Outros trazem a vivência dos cuidados com crianças de sua própria
família, outros, ainda, experiências de cuidados infantis domésticos. Isto
significa que não existe uma linha de trabalho que norteie o grupo de
“cuidadores”, existem sim, algumas regras tiradas da experiência vivida em
escolas e até em creches, mas não uma formação específica para este
profissional tão importante, alguém que vai estar trabalhando com saúde física,
mental e social. Social no sentido mais amplo, o que trata do desenvolvimento
da pessoa, e isto acaba resultando em cidadania. Usa-se, aqui propositadamente
o termo “cuidador”, porque não se trata de um professor ou de um tutor. É,
realmente, alguém que cuida, que ajuda na construção da pessoa, e mesmo nos
dias de hoje não existe nenhuma terminologia específica para este papel. Na
creche não é uma função especifica do diretor, ou do monitor, ou do cozinheiro,
ou do auxiliar de enfermagem, são todos estes, ou seja, os que escolheram
trabalhar com crianças pequenas.
GHELER &
RAINOVICH (1989) indicam aspectos importantes para o desempenho deste papel. Um
dos fatores relevantes para o desenvolvimento de uma criança é sua interação
com o meio ambiente, e no início da vida esta mediação é feita com a ajuda do
adulto “cuidador”, desta forma, parte importante cabe a
inter-relação adulto x criança e criança x adulto. Esta relação é
essencial para o processo de humanização, sendo que humanizar-se
é desenvolver o potencial de aprendizagem para pertencer à raça humana e à sua
cultura. Para isto é necessária a figura de um adulto capaz de cumprir a rotina
da vida da criança, ou seja, dar cuidados contínuos e sistemáticos.
LISBOA (1993) afirma que a criança pequena é totalmente dependente necessitando do apoio e carinho das pessoas que a cercam.
No aspecto pessoal o “cuidador” deveria ser uma pessoa capaz de proporcionar suporte afetivo, ter relações de troca com a criança e ser tolerante.
Quanto à
instituição, ainda segundo GHELER & RABINOVICH (1989), esta tem o
papel de manter a rotina, ter um quadro estável de funcionários e responder por
uma sistematização de cuidados que garantam a continuidade do atendimento.
MORAES & D’ANTINO (1989) discutem que a saúde na creche deve, também, se estender aos cuidados com os funcionários visto que este é um trabalho com grande exigência e desgaste. Não se pode deixar de citar que a rotina é parte importante do serviço prestado pela creche, porém o bom senso deve permear o trabalho.
Desde a década de
80, o Centro de Estudos do Crescimento e do Desenvolvimento do ser Humano vem
se manifestando sobre a importância da capacitação do pessoal de creche.
Discute-se sobre a implantação de cursos de educação formal para o profissional
“cuidador”, já que a creche não é uma escola e o cuidado com a criança de 0 a 6
anos tem grande especificidade.
A creche é um local
de crescimento e desenvolvimento do ser humano e para tal função requer seres
humanos capazes de responder à proposta de “ser agente de promoção de
crescimento e desenvolvimento”. Qualidades pessoais, perfis, são partes
importantes, porém a formação, o conhecimento que alicercem a
vivência e experiência individuais são fundamentais. A formação e a
reciclagem devem fazer parte do preparo do profissional da creche.
Conhecer o “ser
criança”, conhecer a cultura local e as propostas e programas
do equipamento requer instrução. Ser capaz de obter informações da
família, ser atento, observador, incorporar outros conhecimentos e não ser dono do saber técnico e absoluto fazem parte desta
formação. Gerir uma creche saudável é diferente de, simplesmente, gerir uma
creche. Faz-se necessário documentar as experiências que deram certo, assim
como novos programas. O fluxo de informações, assim como o intercâmbio
interequipamentos, podem ser espaços interessantes.
Todo o trabalho
deve ser pautado na construção do ser humano, incluindo cidadania e futura
inserção social no seu meio, isto tudo centrado na tríade do bem-estar da
criança.
A creche,
independente da nomenclatura que receba é um equipamento que veio para ficar,
por isso acompanhando toda modernização cultural, os constantes avanços aos
quais o mundo está sempre sujeito, há de se aperfeiçoar o tipo de atendimento
proposto. A multi e interdisciplinaridade dos seus componentes, a troca de experiências entre equipamentos, sejam da área
pública como particular, e o relato de diferentes enfoques são de grande valia.
A concepção da
creche, com certeza, vai se alterar da mesma forma que as “novas crianças” irão
avançar em função da gama de informações que o mundo lhes oferece. Porém, a
creche permanece e a criança continua a ser criança. Daí a necessidade premente
da formação do adulto “cuidador”. Todo funcionário é promotor e provedor de
saúde e a pretensão do trabalho deve ser proporcionar atendimento de qualidade.
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