MÍDIA: QUANDO A INFORMAÇÃO É O MELHOR REMÉDIO

 

 

Veet Vivarta

Jornalista e Editor de Mídia Jovem da ANDI,

(Agência de Notícias dos Direitos da Infância).

 

 

Veículos dirigidos a jovens e adolescentes integram as temáticas de enfoque social a suas pautas. Cresce o número de reportagens sobre a prevenção à Aids e sobre a sexualidade.

 

Embora a imprensa brasileira, como um todo, esteja acordando para a necessidade de tratar com atenção as questões relacionadas à juventude, é a profunda mudança no comportamento das revistas e suplementos dirigidos especificamente a este público que vem chamando a atenção dos analistas de mídia.

 

Ao longo dos últimos anos, estão sendo deixados para trás diversos estereótipos editoriais que há muito engessavam as ações jornalísticas da chamada “mídia jovem”. O mais pernicioso deles sugere que o público jovem guardaria interesse apenas por temáticas de lazer e entretenimento. A partir dessa premissa, deduziam os editores, qualquer publicação que tivesse nos adolescentes seu alvo maior, deveria manter-se num tom extremamente superficial. Assuntos considerados “áridos” eram simplesmente riscados da pauta. E, se por acaso, algum tema mais relevante viesse a ser focalizado, evitava-se substanciar a investigação.

 

A transformação agora em curso contribui, de forma decisiva, para aproximar o jovem de hoje das complexas nuances que cercam a realidade em que vive. A maior parte dos suplementos de jornais, revistas e programas de televisão dedicados aos adolescentes passou a debater, abertamente, assuntos cruciais para a formação de um cidadão mais consciente, participativo e solidário.

 

Além de enfatizar com regularidade a questão dos direitos dessa faixa da população, a mídia jovem tem incluído em sua agenda temas como a prevenção ao HIV e à gravidez precoce, qualidade da educação, papel do professor, violência nas escolas, medidas sócio-educativas aplicadas ao jovem em conflito com a lei, políticas públicas para a juventude e projetos que estão contribuindo para reduzir a enorme dívida social contraída por nosso país.

 

Diante dessa relação de temáticas socialmente significativas, talvez sejamos levados a concluir que, na verdade, as publicações e programas televisivos passaram agora a adotar comportamento oposto ao que até então vinham mantendo. Ao responder à necessidade de atualizar suas pautas, teriam incorrido no erro de falar para um público diminuto e elitizado, alienando-se dos interesses mais gerais de todo jovem. Não poderia haver linha de raciocínio mais equivocada: convivendo lado a lado com a longa lista de questões ancoradas na “realidade social”, hoje, regularmente cobertas pela mídia jovem, continua garantido o espaço, também, para inúmeras reportagens sobre o mais recente CD de axé music, o novo supersucesso hollywodiano, as atrações de entretenimento da semana e as dicas sobre o que é moda naquela estação.

 

Uma mídia premiada

 

Tal desempenho deixa claro que os veículos destinados aos adolescentes estão gradualmente percebendo que a definição de uma linha editorial comprometida em estimular a reflexão de seus leitores sobre o mundo em que vivemos não é conflitante com os interesses comerciais das empresas de comunicação. Na verdade, podemos dizer que não só os adolescentes estão aprendendo a validar um novo conceito de mídia jovem, como os próprios veículos “descobrem” a existência de um novo leitor/espectador, muito mais atuante e conectado com o mundo a sua volta, do que nos fazem crer os padrões comumente aceitos.

 

Uma boa prova, tanto da maturidade alcançada por essa mídia, quanto do impacto que vem obtendo sobre a sociedade em geral, temos, no fato da equipe responsável pelo Grande Prêmio Ayrton Senna de Jornalismo haver recentemente anunciado a criação de uma categoria específica para premiar matérias publicadas por veículos direcionados ao público adolescente.

 

Criado há dois anos para contemplar profissionais de todas as áreas jornalísticas, que fazem de seu trabalho um instrumento de denúncia e de busca de soluções para as questões envolvendo crianças e adolescentes, o Grande Prêmio Ayrton Senna de Jornalismo já se antecipou, em sua edição 1998/1999, à criação do prêmio específico para a mídia jovem, o jornal O Popular, de Goiânia, foi homenageado em função do excelente trabalho do Pop, suplemento voltado para os adolescentes.

 

Relevância social em foco

 

A evolução do comportamento editorial da mídia jovem está sendo acompanhada de maneira constante, desde março de 1997, pela ANDI - Agência de Notícias dos Direitos da Infância, ONG de Brasília, que vem desenvolvendo uma série de projetos voltados para apoiar os profissionais de imprensa a realizar uma cobertura das questões relativas à infância e à adolescência, a partir da ótica dos direitos humanos.

 

Denominado “Os Jovens e a Mídia”, o projeto dedicado aos suplementos de jornais, revistas e programas de televisão gerados para o público adolescente vem radiografando, de forma sistemática, as principais características destes veículos. O projeto, que conta com apoio do Unicef e inicialmente teve como parceira a Fundação Odebrecht, atualmente é realizado através de aliança estratégica com o Instituto Ayrton Senna e a Unesco.

 

Entre os diversos produtos gerados em dois anos e meio de atividades, destaca-se a Pesquisa ANDI - Os Jovens na Mídia, já em sua sexta edição. Por meio de um sistema de classificação, em trinta diferentes temas, de todas as reportagens veiculadas por 25 diferentes publicações direcionadas aos jovens, a pesquisa oferece, pelos seus inúmeros gráficos e tabelas, uma mensuração absolutamente precisa do volume de matérias socialmente significativas, trabalhadas por este segmento da mídia a cada seis meses.

 

Denominado índice de Relevância Social, o indicador do compromisso dos veículos para jovens com a formação/informação de seus leitores cresceu substancialmente ao longo dos últimos dois anos. Quando foi medido pela primeira vez (período de maio a julho de 1997), este índice era de 24,2%. A mais recente edição da publicação, que cobre os meses de novembro de 1998 a abril de 1999, já registra 36,1% - ou seja, um salto de praticamente 50% em relação àquela época.

 

Gráfico 1: Evolução do percentual de matérias de Relevância Social

 

 

 

Desde que o índice das matérias classificadas como de Relevância Social passou a ser medido - segunda edição da Pesquisa ANDI - Os Jovens na Mídia (maio a julho de 1997) - o desempenho global da mídia jovem tem crescimento continuado. Apesar da pequena queda registrada na última edição, mais de um terço das reportagens publicadas segue contribuindo para uma formação cidadã de seus leitores.

 

Temas que fazem a diferença

 

Uma visão mais precisa do trabalho realizado pelos suplementos de jornais e pelas revistas dedicados aos jovens é oferecida pelo gráfico de “Temas mais Abordados”, publicado a cada edição da Pesquisa ANDI - Os Jovens na Mídia. Na edição referente ao período de novembro de 1998 a abril de 1999, dos 30 temas focalizados, 17 são considerados como de Relevância Social: Aids & DST; Cultura; Direitos & Justiça; Drogas; Educação; Família; Formação Profissional; Gravidez; Kosovo; Meio Ambiente; Mídia; Portadores de Deficiência; Projetos Sociais; Protagonismo Juvenil; Saúde; Sexualidade e Violência.

 

A partir dos números registrados nesse gráfico, um fato se destaca: a crescente cobertura das temáticas socialmente significativas, realizada pela mídia jovem, é um processo que ainda necessita ser consolidado mais amplamente. O principal problema não se faz presente nos dados globais - já vimos que o índice de Relevância Social atinge ótimo patamar nas duas últimas edições da Pesquisa ANDI -, mas sim na dificuldade encontrada, pelos editores dos veículos, em contemplar de forma mais homogênea todas as 17 retrancas citadas.

 

Existem, certamente, conquistas a serem aplaudidas. Educação - por ser questão prioritária no cotidiano do público jovem - ocupa posição historicamente mais confortável, sempre surgindo como área de Relevância Social mais abordada por este segmento da mídia. O bom desempenho da retranca a coloca em terceiro lugar entre todos os 30 temas focalizados pela Pesquisa, atrás apenas do assunto mais popular, Artes (que concentra nada menos de 21% de todas as matérias publicadas no semestre) e das reportagens sobre Moda & Beleza.

 

Se comparados aos dados relativos às edições anteriores da Pesquisa, o gráfico de “Temas mais Abordados” da última edição evidencia, contudo, que, além de Educação, algumas outras temáticas relevantes para a formação do adolescente também já firmaram sua presença nas pautas da mídia jovem, como é o caso de Protagonismo Juvenil, Cultura e Direitos & Justiça.

 

Por outro lado, o mesmo gráfico retrata a lentidão de alguns veículos em integrar definitivamente à pauta, diversas outras questões cada vez mais prementes: Formação Profissional, Saúde, Sexualidade, Aids & DST e Violência, formam o grupo intermediário dos assuntos de Relevância Social, oscilando entre 60 a 120 inserções por retranca, nos seis meses pesquisados.

 

Gráfico 2: Temas mais abordados

 

 

(Reportagens de suplementos + páginas de jornais + revistas)

 

 

Na mais recente edição da Pesquisa ANDI - Os Jovens na Mídia (novembro de 98 a abril de 99), é clara predominância dos temas de entretenimento (Artes, Moda & Beleza, Comportamento, Ídolos & Perfil e Agenda), o que não impede que os veículos dirigidos a jovens e adolescentes invistam também na ampliação da cobertura de assuntos que contribuam para a formação de seu público para a vida. Ainda assim, retrancas cruciais - como é o caso de Gravidez e Portadores de Deficiência - estão longe de merecer a devida atenção.

 

Uma questão de maturidade

 

Há, contudo, um terceiro agrupamento de temas que vem sendo permanentemente ignorado pelas pautas da grande maioria das publicações, atingindo no máximo a faixa de 50 inserções no período de seis meses (média de apenas uma matéria sobre o tema por veículo a cada trimestre).

 

Fazem parte desse time de “excluídos”, retrancas relacionadas a assuntos fundamentais para a ampliação das perspectivas de nossos adolescentes diante da vida, como é o caso de Família, Drogas, Projetos Sociais, Gravidez, Meio Ambiente e Portadores de Deficiência (tema que mereceu insignificantes quatro inserções em todos os seis meses pesquisados).

 

É claro que o principal vetor a influenciar este panorama é o grau de maturidade dos editores dos diversos suplementos e revistas diante das questões socialmente significativas. Apesar do índice de Relevância Social da mídia jovem, como um todo, ter crescido sensivelmente desde que a ANDI iniciou o projeto “Os Jovens e a Mídia”, alguns veículos vêm-se mostrando bem mais receptivos à idéia de que também cumprem papel educativo junto a seu público.

 

Logicamente, estes tendem a contemplar de maneira mais equilibrada a quase totalidade dos 17 temas considerados de interesse central para a formação dos adolescentes. Na Pesquisa ANDI - Os Jovens na Mídia, eles integram o gráfico dos “Veículos Acima da Média em Relevância Social”. Na edição correspondente ao período de novembro de 98 a abril de 99, 13 das 25 publicações focalizadas compunham este quadro. E entre elas, um total de seis já definia linha editorial na qual os temas socialmente importantes eram responsáveis por mais da metade das matérias veiculadas nos seis meses analisados. O tablóide Gabarito, encarte semanal do Estado de Minas, lidera esse grupo de publicações, não encontrando dificuldades em falar de perto a seu público, mesmo investindo 74,8% de seu espaço nas temáticas que até pouco tempo atrás eram vistas como de difícil assimilação.

 

Gráfico 3: Relevância Social: Os Veículos Acima da Média

 

 

Novembro de 1998 a Abril de 1999

 

Todos os 13 veículos incluídos neste gráfico vêm integrando a relação dos “Acima da Média” das edições anteriores da Pesquisa ANDI - Os Jovens na Mídia. A maioria deles tem melhorado seu desempenho a cada nova edição, o que é válido inclusive para o tablóide Gabarito, que repete sua posição de liderança (sua marca era de 67,8%, atingindo agora 74,8%) Outro dado expressivo é que seis, dentre os sete veículos editados na Região Nordeste, marcam presença na lista daqueles com melhor desempenho no que se refere ao índice de Relevância Social.

 

A saúde ganha espaço

 

As temáticas relacionadas à saúde do jovem e do adolescente vêm registrando tendência de crescimento ao longo das edições da Pesquisa realizada pela ANDI. Isso não significa, entretanto, que já tenham alcançado o patamar ideal. Assuntos prioritários, como a prevenção à Aids e as DST, vêm aos poucos rompendo a resistência, durante muito tempo cristalizada nas pautas de alguns veículos. A questão da gravidez precoce, porém, ainda encontra sérios limites em um número preocupante de publicações.

 

O que os analistas da ANDI têm percebido, em relação ao comportamento dos veículos dirigidos aos jovens, é que as freqüentes oscilações no desempenho de retrancas socialmente relevantes, como Aids & DST, Violência e Drogas, por exemplo, podem ser atribuídas ao fato de todas darem origem a um limitado número de “ganchos” factuais, aqueles capazes de forçar as portas da mídia a se abrirem de forma mais generosa.

 

No caso de Aids & DST, é fácil notar a receptividade dos editores da mídia jovem a qualquer notícia mais “quente”: os boletins sobre a epidemia divulgados pela Coordenadoria Nacional de DST/Aids, a passagem do 5 de Dezembro (o “Dia Mundial de Luta Contra a Aids”), o lançamento de um livro como o da jovem Valéria Polizzi ou a “Campanha Mundial de Luta Contra a Aids”, por exemplo, não encontraram a menor dificuldade em mobilizar os veículos voltados aos adolescentes.

 

Mas ainda há uma distância entre esta receptividade ao dado factual e a necessária compreensão, por parte dos jornalistas, quanto ao papel estratégico que representam no processo de conscientização dos jovens brasileiros diante dos terríveis riscos a que estão sujeitos em função da não adoção de comportamentos preventivos. Ou seja, ainda não foi devidamente integrado o conceito de que, ao profissional da mídia jovem, provavelmente mais do que ao de qualquer outra vertente jornalística, cabe também o papel de educador.

 

A mais recente edição da Pesquisa ANDI (novembro de 98 a abril de 99) assinala, entretanto, uma considerável conquista de terreno: crescimento inédito de 78,5% é registrado no volume de reportagens publicadas sobre as temáticas de Aids & DST, em relação ao período anteriormente analisado (maio a outubro de 98). Outro dado de impacto, é que pela primeira vez, em dois anos de análise dos dados da mídia jovem, as inserções computadas pela retranca foram geradas por 92% dos 25 veículos pesquisados.

 

  Tabela 1: Saúde e temáticas afins

 

 

Evolução comparativa dos percentuais alcançados pelas retrancas

 

Quando analisadas em grupo, fica claro que as retrancas relacionadas à saúde e à sexualidade do adolescente aumentaram consideravelmente a presença entre as inserções computadas na Pesquisa ANDI - Os Jovens na Mídia. O salto rumo aos 8,5% do total de reportagens trabalhadas na mais recente edição deve, em grande parte, ser creditado ao desempenho das reportagens relativas a Aids & DST.

 

Gráfico 4: Aids & DST

Presença nos veículos

 

 

Entre maio e julho de 1997 (segunda edição da Pesquisa ANDI), menos de um quarto dos veículos pesquisados incluía em suas páginas matérias relativas às temáticas de Aids & DST. Hoje, um novo patamar é alcançado, com apenas duas entre 25 publicações insistindo em manter perfil editorial que ignora a relevância do assunto para o público jovem.

 

A verdadeira educação sexual

 

O tratamento de questões relacionadas à Sexualidade encontra seu maior reduto nas revistas, que têm, nas garotas entre 13 e 18 anos, o principal público-alvo. É às revistas, também, que deve ser atribuído o crédito pelo ótimo desempenho da retranca Sexualidade, na mais recente edição da Pesquisa ANDI - Os Jovens na Mídia, onde se registra crescimento de 19,1% no volume de inserções, em relação à edição anterior.

 

Vale notar que a responsabilidade da mídia, direcionada aos adolescentes, quanto ao tema Sexualidade só tende a aumentar. Recente pesquisa realizada pela CPM Market Research, com 240 jovens de 15 a 24 anos das classes A e B da cidade de São Paulo, coloca os "Artigos em revista" (76%) e os "Programas de televisão" (63%) como segundo e terceiros lugares entre as fontes que estes garotos e garotas procuram para solucionar dúvidas sobre sexo, atrás apenas da habitual "Conversas com amigos" (90%).

 

Perdem feio para as revistas e a TV nada menos que a “Conversa com os pais” (50%), a “Conversa com adultos em geral” (47%) e a "Conversa com irmãos" (32%). Em seguida vêm os “Programas de rádio” (27%), à frente das duas únicas opções tecnicamente mais capacitadas oferecidas pelos pesquisadores, “Orientação fornecida pela escola” (25%) e “Livros especializados” (22%).

 

O dado mais importante, contudo, é que os jovens experimentam esse contexto como tendo sido imposto a eles a partir das limitações do núcleo familiar. Idealmente, aponta outra questão da pesquisa, gostariam de poder informar-se sobre sexo principalmente por meio de “Conversas com os pais”. A metodologia aplicada, que desta vez exigia a escolha de resposta única, registrou 34% dos entrevistados fazendo tal opção.

 

Televisão e revistas na linha de frente

 

Entre os fenômenos televisivos mais importantes que a mídia dirigida aos jovens gerou recentemente, destaca-se o programa “Erótica” do Canal MTV. Mesmo com pouco tempo de vida, o programa tornou-se importante meio para os adolescentes se informarem sobre questões relacionadas a sua sexualidade. Embora alguns especialistas considerem excessivamente superficial e banalizadora a maneira como o Erótica trata as temáticas ligadas ao sexo - expondo, por exemplo, detalhes da intimidade dos artistas e personalidades convidados - merece reconhecimento o amplo espectro de informações veiculadas pelo programa e o fato da MTV ter buscado um profissional competente (o psiquiatra Jairo Bouer) para dar sustentação técnica à apresentadora Babi.

 

Uma cobertura direta e franca é também o principal trunfo das quatro revistas dirigidas às garotas, que respondem por nada menos de 51,4% de inserções computadas pela retranca Sexualidade, na mais recente edição da Pesquisa ANDI - Os Jovens na Mídia. Apesar de valorizar um amplo leque de temáticas, essa cobertura costuma ter, como foco central, a questão da iniciação sexual e suas diversas nuances. Inclui-se aí a discussão da "hora certa" para a primeira transa, maneiras de evitar que os garotos “avancem o sinal” e, com louvável regularidade, dicas quanto à necessidade fundamental de praticar-se o sexo seguro. Outros aspectos do universo da Sexualidade também bastante discutidos são aqueles ligados à menstruação, masturbação e envolvimento afetivo com o parceiro sexual.

 

Um dado extremamente importante é que os textos sobre Sexualidade procuram refletir a realidade vivenciada por seu público: além do suporte de consultores técnicos para a elaboração das matérias e de freqüentemente citarem a opinião de especialistas, os veículos insistentemente tratam de dar palavra aos próprios jovens.

 

Vale notar, entretanto, que esse grande mérito evidenciado pela mídia jovem na abordagem das temáticas ligadas à Sexualidade - os textos leves e embasados em dicas práticas - tende algumas vezes a limitar a qualidade da informação oferecida pelas publicações. Constrói-se um panorama linear, que se ressente da falta de abordagens capazes de levar à reflexão e ao aprofundamento nas questões focalizadas.

 

A contribuição das colunas de consultas

 

Desde as primeiras edições da Pesquisa Os Jovens na Mídia, a ANDI vem constatando esse papel fundamental desempenhado pelas revistas, como instrumentos de informação de suas leitoras no que se refere à Sexualidade. Mas tal retrato não se apoiava apenas no volume das reportagens que focalizam a questão, mas principalmente pela presença, em todas estas publicações - Capricho, Carícia, Atrevida e Todateen - de colunas regulares nas quais especialistas respondem a perguntas das jovens sobre os mais diversos aspectos do tema.

 

A partir de sua segunda edição (maio-julho/97), a Pesquisa ANDI passou a quantificar os assuntos cobertos por essas Colunas de Consultas. Desde então, a avaliação inicial vem se mantendo válida: apesar de também abrir espaço para outros temas importantes, o principal trunfo das colunas está em concentrar boa parte de suas informações no universo da Sexualidade.

 

É necessário lembrar que o maior volume de inserções computadas no gráfico de Colunas de Consulta é novamente originário das revistas. Daí a presença constante, entre os temas mais abordados, das retrancas Namoro, Beleza e Saúde. Mas a predominância de Sexualidade deve muito também à participação de alguns suplementos de jornais. Entre eles, destaca-se o excelente trabalho do Folhateen, da Folha de S. Paulo, que a cada edição publica duas competentes colunas sobre o tema, uma assinada por Rosely Sayão e outra por Jairo Bouer (hoje em evidência por participar do programa Erótica, do Canal MTV).

 

Gráfico 5: Colunas de Consulta

Evolução do tema sexualidade

 

 

 

Apesar de não mais repetir o pico alcançado em edições anteriores, Sexualidade ainda é responsável por um terço de todas as respostas de especialistas às consultas realizadas pelos jovens leitores na mais recente edição da Pesquisa ANDI (período de novembro de 98 a abril de 99). Além de informação qualificada sobre o tema, a retranca presta um outro serviço importante: em boa parte das respostas ligadas à sexualidade aparecem dicas claras a respeito da necessidade de prevenção ao HIV e à gravidez precoce.

 


Notas:

[1]  Texto extraído em: http://www.adolec.br/bvs/adolec/P/cadernos/capitulo/cap06/cap06.htm