A RESILIÊNCIA E O MORAR NA RUA: ESTUDO COM MORADORES DE RUA - CRIANÇA E ADULTOS – NA CIDADE DE SÃO PAULO

 

 

Aparecida Magali de Souza Alvarez[1]

Psicóloga, Mestre e Doutoranda em Saúde Pública.

 

Cornélio Pedroso Rosenburg[2]

Prof. Associado do Departamento de Saúde Materno Infantil.

 

 

Introdução

 

Não há estudos conclusivos no Brasil sobre o número de pessoas que moram nas ruas.

 

Essas populações de moradores de rua, que têm aumentado constantemente, submetidas a situações de vida adversas, têm se constituído um problema, alvo de preocupações e ações, no âmbito da Saúde Pública.

 

RABINOVICH (1996) categorizou os moradores "sem casa" de São Paulo em cinco tipos: nômades, assentados, caverna, selvagens e neo-nômades, denominações que procuravam corresponder a aspectos físicos e vivenciais destes moradores. "Selvagem" foi a auto-denominação de um deles para as pessoas que não construíam "casas" e dormiam na sarjeta.

 

Em 1993 entramos em contato com essa categoria- "selvagens urbanos" – acompanhando um grupo de pessoas que levavam "sopa quente" aos moradores de rua da cidade de São Paulo.

 

Encontramos um grupo de pessoas sem laços de parentesco, que "moravam" na calçada de uma esquina e em pequena praça em frente a essa mesma esquina, no bairro da Bela Vista.

 

Aquecendo-se junto a uma fogueira acesa no chão de terra da pracinha, a cães e aos próprios companheiros de rua, conhecemos Célia[3], grávida; seu companheiro Hélio - pai do bebê que nasceria meses depois - e outros moradores de rua (ALVAREZ, 1994), cujas trajetórias de vida passaríamos a acompanhar, através de um estudo longitudinal, ao longo de cinco anos (de 1993 a 1998).

 

Nesses contatos observamos que algumas dessas pessoas, contrariando as expectativas comuns para tal tipo de população - "moradores de rua"/"selvagens urbanos" – fizeram uma transição gradativa para outro modo devida: abandonaram o vício da bebida alcoólica, das drogas e, gradualmente, reerguendo-se das situações adversas de suas existências, empreenderam novas trajetórias. Passaram a interessar-se pelo trabalho, preocuparam-se com um lugar melhor para morar - um "barraco" precário - que foi construído próximo à maloca. Estabeleceram novos vínculos afetivos, mantendo-se em não delinqüência.

 

Foram considerados, do ponto de vista investigativo, como possíveis resilientes, ou seja, "portadores da capacidade humana de fazer frente às adversidades da vida, superá-las e sair delas fortalecidos ou inclusive transformados'' (GROTBERG, 1996).

 

Objetivamos, com este estudo - focalizando os referidos sujeitos sociais e o grupo de moradores da maloca[4] o aprofundamento da temática resiliência para identificação de sua possível relevância em ações de Saúde Mental/Pública, afim de contribuir para um reequacionamento das ações que buscam atender as populações de rua. Buscamos a identificação de algumas características psíquicas dos sujeitos sociais e a compreensão da constituição tanto do seu contorno, quanto do seu diálogo com o contorno. Buscávamos, também, a identificação dos conceitos heurísticos "ponto fixo" (DAMERGIAN, 1988; ALVAREZ e cols., 1997) e "sentido da vida" (ALVAREZ, MORRES & RABINOVICH, 1997) trabalhados em estudos anteriores e, ainda, outros possíveis conceitos heurísticos emergentes.

 

CRITELLI (1996) desenvolveu seus trabalhos com base na idéia heideggeriana do "sentido da existência" - o rumo - a respeito da experiência humana da vida que é, originariamente, a experiência da fluidez constante, da mutabilidade, da angústia - referida como a experiência da inospitalidade do mundo quando o sentido que se fazia se evade, manifestando-se o mundo nessa sua inospitalidade.

 

FRANKL (1989) ao referir-se ao "sentido da vida", anuncia que o desejo de sentido seria não só uma genuína manifestação de humanidade do homem como também um plausível indício de saúde mental, afirmando que o ser humano deve sempre "estar endereçado", apontar para qualquer coisa ou qualquer um diverso dele próprio, ou seja, um sentido a realizar, ou para outro ser humano a encontrar, para uma causa a qual consagrar- se, ou uma pessoa a quem amar. Somente na medida em que consegue viver essa auto-transcendência da existência humana~ alguém é autenticamente homem e autenticamente "si próprio''.

 

Ao discorrer a respeito do “ponto fixo”, conceito que assume importância central neste trabalho, DAMERGIAN (1988) nos sugere que o bebê necessitaria de um ponto fixo para construir um universo, isto é, seu mundo interno, sua identidade, ou seja, o ponto fixo seria o objeto bom que lhe deve ser oferecido pelo meio (mãe ou substituta). Sem isto, não haveria a estruturação do núcleo do ego,  a personalidade não se desenvolveria, a identidade não se construiria. Reflete, ainda, a respeito desse "objeto bom" ou "ponto fixo" a ser oferecido pela "mãe sociedade" a seus "filhos membros".

 

BOWLBY (1989) faz referências à "base segura" como um ponto central de um comportamento de cuidados e, também, a um "modelo" positivo de comportamento a ser oferecido ao bebê (BOWLBY, 1990), como base para um desenvolvimento psicológico saudável da criança, contribuindo para a formação de uma personalidade "resiliente", que seria capaz de continuar assim mesmo em circunstâncias adversas. Melanie KLEW (1971) também propõe acerca do "modelo favorável para formar futuros relacionamentos", ligado ao processo de estruturação da personalidade.

 

Edith GROTBERG (1996) argumenta a respeito da possibilidade dos pais - ou outros cuidadores - de promover - ou não – a resiliência em suas crianças, através do tipo de cuidados que dispensariam a elas, da forma em que as ajudam a responder às situações adversas da vida.

 

 

Procedimento metodológico

 

O Paradigma: Um convite para o “pensamento complexo"

 

O objeto da pesquisa, concebido enquanto ser - ser humano - dinâmico, movimento, que está lançado - agindo e interagindo - na fluidez da existência (CRITELLI, 1996), pedia um modelo que refletisse tal dinamismo. Um convite para um "pensamento complexo", explicitado por MORIN (1996).

 

O modelo que buscávamos deveria possibilitar-nos a organização e apresentação do material empírico coletado e analisado: entrevistas abertas e semi-estruturadas (DAMERGIAN, 1981), gravadas pelo pesquisador; fotografias (MAGNI, 1995/1996) ; registros no Diário de Campo (QUIVY & CAMPENHOUDT, 1992) e técnicas de observação (SCHWARTZ, 1993) da moradia e do modo de morar, do complexo fenômeno dos moradores e ex-moradores de rua e seu cotidiano; das circunstâncias (ORTEGA Y GASSET, 1989) que os envolviam; dos seus diálogos com as circunstâncias, ou seja, suas interações ou transações com esse entorno - ou contorno - compreendido esse entorno não só no seu aspecto ambiental, de natureza, no seu modo de habitar o mundo, como também nas trocas - bio-psico-socio-afetivas - com os outros seres humanos do seu relacional.

 

Com o modelo do "complexus" (MORIN, 1996) em mente, optamos pela organização do material empírico celerado:

"Complexus é o que está junto; é o tecido formado por diferentes fios que se transformaram numa só coisa, -isto é, tudo isso se entrecruza, tudo se entrelaça para formar a unidade da complexidade; porém, a unidade do complexus não destrói a variedade e diversidade das complexidades que o teceram" (p. 188).

 

Entretecendo a forma... dos “fios” da linguagem não cindida

 

A linguagem buscou refletir a complexidade, a concepção de um ser humano não cindido "cartesianamente" em razão e emoção: linguagem não cindida, plena em seus recursos de expressão, comportando, inclusive, o uso de adjetivos, metáforas, que foram necessários à apresentação do fenômeno.

Os "diferentes fios" revelados foram entrecruzados"[5] num primeiro momento, entrelaçados num "complexus", formando a primeira unidade de sentido.

 

O tipo de abordagem adotado para a interpretação dos dados pressupõe, portanto, o recurso de conceitos pertinentes às teorias da psicologia, da antropologia, da geografia e da sociologia no pressuposto de que a visão interdisciplinar (ALVARENGA, 1997) ou transdisciplinar (ALMEIDA FILHO, 1997; MORIN, 1996) permite uma leitura mais aproximada do objeto em questão.

 

Nesta perspectiva, o ponto de partida é a assunção da idéia básica defendida por MORIN (1996), da complexidade do objeto. Neste particular, abordagens da linha fenomenológica e etnográfica, assim como o próprio recurso da filosofia da existência apresentam-se como instrumental teórico-metodológico de grande relevância para o processo de análise deste estudo.

 

Assim, trata-se da tentativa de estabelecer um diálogo entre diferentes disciplinas do campo das ciências humanas, tendo em vista melhor apreender os significados.

 

O revelar das falas

 

O sentido da vida. Quando o sentido se evade

 

Os sujeitos relataram experiências de quebra dos nexos da existência, com a evasão do sentido de suas vidas. Sentiram-se caídos no vazio, na experiência da angústia face à inospitalidade do mundo. Tomaram-se moradores de rua.

"Me esqueci de viver depois que perdi essa menina..." (Neilton)

 

Exaustão : ódio da sociedade Quase no crime

 

Nessa trajetória do morar na rua, os sujeitos demonstraram momentos de profunda exaustão, denunciaram a discriminação e começaram a vivenciar um processo de ódio da sociedade que não os acolhia, quase entregando-se à criminalidade:

"Eu já tava vivendo... eu já tava querendo... meu coração já tava ficando maldoso, já, eu já tava percebendo que eu tava com maldade, também... porque eu já tava ficando com ódio da sociedade porque não dava uma chance, poxa, não procura pra conversar..." (Neilton)

 

O ponto fixo: um modelo favorável

 

Um dos sujeitos demonstrou possuir identificação com uma relação amorosa, com uma mãe/pai/cuidador, com familiares do berço natal distante que atuaram como modelos favoráveis, pontos fixos em sua vida infantil: ficaram-lhes os registros dos exemplos, das atitudes desses modelos:

"Eu ando de cabeça erguida mesmo. Eu acho lindo isso em mim! Aprendi com meu pai, digno mesmo !" (Neilton)

 

Ausência de modelos favoráveis na infância

 

Outros sujeitos demonstraram, em seus relatos, a ausência de trocas saudáveis, fundadas em uma relação amorosa, no período da infância. Denunciaram histórias de abandono por parte de figuras parentais:

"Mas meu pai mesmo, que era uma pessoa pra me dar apoio, que era o responsável por mim, ele me largou!... Ele casou de novo; eu com a mulher dele, nóis dois não 'bate', nóis dois se 'tromba'... e eu escolhi o mundo! Fui pra rua... aos treze anos..." (Hélio)

 

Ponto fixo dos adultos: A criança

 

Hélio consegue dar ao filho o que não teve da sua família: apoio, carinho, promover a "maternagem" (WINNICOTT, 1988)[6] e "paternagem" de seu bebê, que fora abandonado pela própria mãe. A criança passa a ser-lhe um ponto fixo, ponto de apoio no seu reerguimento para uma forma mais saudável devida: consegue sair da situação de morador de rua. O mesmo acontece com Neilton , que também cuida do pequeno Lino, ajudando o pai no sistema de cuidados ao bebê (de quem acaba se tomando padrinho de batismo):

"Ah, é o Linozinho... esse aqui é tudo pra mim!" (Hélio, o pai)

 

"Linozinho é importante na minha vida... Ele é um herói..." (Neilton)

 

O trabalho como ponto fixo

 

Na mesma direção explicitada por FRANKL (1989), como algo que possa auxiliar na autotranscendência da existência humana, temos o “trabalho" como um ponto fixo buscado, desejado ativamente pelos sujeitos:

"Eu quero vender alguma coisa... pra poder sobreviver, porque a gente ficar só nessa vida, não dá..." ("Cara Queimada'')

 

"Dignidade pra mim é o cara digno de trabalhar... Dando pra sobreviver, pôxa, pára com isso! (pára de pedir esmolas'' (Neilton)

 

SINGER (1996) observa que um quarto da mão de obra ocupada em áreas urbanas gostaria de ter um emprego formal. Este desejo está revelado na fala de Neilton, ao entender como trabalho a atividade que seja "fixa" ou formalizada, em vínculos estáveis:

"Eu faço um bico com ele, eu trabalho, num posso dizer que é um trabalho porque não é fixo, mas é o meu ganha pão, pelo menos eu sei que sou orgulhoso sobre isso, eu gosto de comer do que é do meu suor"(Neilton).

 

A vergonha

 

ERIKSON (1976) relata que os adultos, inclusive os aparentemente maduros e não neuróticos, mostram-se muito sensíveis à possibilidade de um “vergonhoso descrédito''. Ao abordar a manifestação desse sentimento, ele coloca que a vergonha se manifesta logo por um "impulso de esconder o rosto ou de, no mesmo instante e lugar, afundar no chão''.

"Eu fiquei um ano que ninguém sabia que eu tava vivo..."

"Eu disse: 'Eu estava viajando pra fora...' - e era mentira, estava em São Paulo mesmo... (morando na rua'' (José)

 

"Crack": a “pedra... desagregação e loucura...

 

Pudemos acompanhar, dado o caráter de estudo longitudinal deste trabalho - ao longo de cinco anos - o advento e aumento do uso do "crack", a "pedra", conforme os moradores de rua a denominam. Reconhecem seu caráter profundamente mórbido; tentam, por vezes, fazer resistência ao seu uso mas, devido ao "modo de morar" na rua, com suas práticas e relações específicas, fica difícil resistir a ela, conforme podemos acompanhar em seus relatos :

"... a maioria, uns 70% dali é pra usar droga (referindo-se à maloca)... e é obrigado, porque se tem 25 ali e 10 usa droga, os quinze que não usa, é capaz até daqueles matar o outro, porque eles tem que aceitar aquilo. Então, o meu sofrimento é esse: que eu nunca aceitei..." (José, ex-morador de rua).

 

"Esse daí pode dizer que nasceu duas vezes! Por causa de quê? Por causa da "pedra"! A mãe trocava a "pedra" pelo filho! (Cara Queimada, ao referir-se ao menino Lino)

 

A "mãe-sociedade filicida"

 

DAMERGIAN (1988), ao explicitar sua crença de que a mãe-sociedade também deve funcionar como um ponto fixo para o desenvolvimento dos seus filhos membros, aponta a "destrutividade crescente, a falta de consideração pelo humano, a ausência de cooperação, as relações nada amorosas entre os seres humanos” respondendo a respeito de que "ponto fixo'' tal sociedade nos oferece: o que predomina é o componente destrutivo. A este ponto acrescentamos a questão daviolência sistêmica” social" referida por MINAYO (1997), que grassaria em nosso meio social e, entre vários arbítrios, chacinas, maus tratos, corrupção, assinala as dificuldades de grande parte da população de reconhecerem os direitos humanos como sendo seus próprios direitos.

 

"A gente vê muita desigualdade social, meu Deus... Hoje em dia a gente pode até desabafar, que eu antigamente tava falando isso daqui eu podia até ir pra cadeia, certo? Se vê os cara roubando na sua cara, anda tudo de gravata... e eu, só porque sou trabalhador, de vez em quando sou parado pela polícia !" (Neilton)

 

A sociedade como ponto fixo

 

Estava instalada, nos sujeitos, a falta, a carência do sentimento positivo da confiança (ERIKSON, 1976). Era necessário o restabelecimento desse sentimento positivo, para que o sujeito pudesse novamente "olhar-se", "reconhecer-se" como sujeito desejante, como ser humano. É quando lhe chega o ponto fixo, o "seio bom ''portador do alimento necessário que lhe sacia a fome de confiança:

"... incentivo é incentivo... Eu quando conheci a dona Sílvia, eu tava numa situação com frio..."

"No meu caso, só a palavra amiga dela é muita coisa..." (Neilton, falando a respeito de Dona Sílvia, que auxilia os moradores de rua).

 

Fontes de resiliência: "TENHO, SOU/ ESTOU, POSSO"

 

As falas dos sujeitos sociais deste estudo adultos moradores e ex- moradores de rua - revelaram-nos possuidores das mesmas características que GROTBERG (1996) observou nas crianças resilientes: tenho, sou/estou, posso. Senão todas, pelo menos algumas, em cada um deles. Observamos, portanto, a pertinência da utilização do mesmo referencial analítico/teórico neste estudo.

 

A circularidade: refletindo o rumo...

 

Acreditamos que - face aos conteúdos desvelados nas falas, aos registros do cotidiano do morar na rua e no barraco de um dos sujeitos, aos acontecimentos descritos e vividos pelo pesquisador (HO, 1998; MORIN, 1996)[7], aos registros fotográficos e às reflexões teóricas feitas a partir da aparência do fenômeno e, mais, face ao desafio de pensar a "complexidade" conscientes de que o pensamento complexo comporta um princípio de incompletude e incerteza- possamos dizer:

 

O modo de morar nas ruas, na modalidade "selvagens urbanos", ainda que possa ter sido eleito em anos anteriores por alguns segmentos da população urbana como um modus vivendi, ou que essas pessoas tenham "caído" nesse modo de viver, sem opção, anualmente - devido ao advento e aumento do consumo de drogas, notadamente o "crack", por grande parte dessa população; às violências e doenças de todo tipo a que estão sujeitos, inclusive com o comprometimento de sua saúde mental - caracteriza-se como fator de risco para as pessoas que vivem nessas condições.

 

Os sujeitos estudados, através de suas falas recolhidas em entrevistas ou na espontaneidade do seu viver em situação de rua, no seu cotidiano, demonstraram o desejo de buscar um outro modo de vida.

 

Alguns sujeitos, considerados hipoteticamente resilientes no início deste trabalho: Hélio e seu filho, o menino Lino; José; Neilton e "Cara Queimada”, foram identificados como resilientes, ou seja, ante a quebra do sentido de suas existências - vivendo em situações de vida extremamente adversas - vivenciaram a angústia da inospitalidade de suas vidas e não se deixaram sucumbir. Impulsionados pela "vontade de vida', com o auxílio de "pontos fixos'' provenientes do entorno, de "pontos fixos" internos representados por modelos saudáveis introjetados na infância distante ou de "maternagens tardias", com "seios bons" provenientes de "adultos amorosos" que os socorreram, puderam empreender a "viagem heróica'' em busca de um novo sentido em suas vidas. Lançaram os seus "barcos" na fluidez da existência, confiaram na dinâmica do viver. E acreditamos, neste momento, que possamos dizer, utilizando-nos de recurso metafórico evocativo do processo dinâmico do viver, que resiliência é isso: “uma dança bem sucedida na música da vida. Não uma dança com bailarinos solitários: ela pede parcerias, empatia, encontros. Ela fala de amor.

 

Referências bibliográficas

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75-113.

WINNICOTT, D. W. Os bebês e suas mães. São Paulo, Martins Fontes, 1988.

 

Notas:

* Este trabalho consiste em uma versão resumida da Dissertação de Mestrado apresentada à Faculdade de Saúde Pública da USA - 1999. Ajuda financeira do CNPq.

 

[1] Psicóloga, Mestre e Doutoranda em Saúde Pública, Faculdade de Saúde Pública/USP, pesquisadora do Centro de Estudos do Crescimento e Desenvolvimento do Ser Humano - CDH - FSP/USA. Av. Dr. Arnaldo, 715 subsolo saia 21. SP – CEP 01246-904 TeÍ: 3066-7775. E-maiÍ: magali@usp.br 

 

[2] Prof. Associado do Departamento de Saúde Materno Infantil da Faculdade de Saúde Pública da Universidade de São Paulo. End: Av. Dr. Arnaldo, 715, 2° Andar Depto. Saúde Materno-Infantil. São Paulo - SP - CEP: 01246-904 Tel.: (011) 3066-77702.

 

[3] Os nomes dos moradores e ex-moradores de rua focalizados neste trabalho são fictícios, observando-se, assim, ao imperativo ético do sigilo de suas identidades.

 

[4] "Maloca": denominação que os próprios moradores de rua atribuem ao local e ao modo de vida dos "selvagens", significando um modo específico de viver na rua: não construção de proteção aos próprios corpos, embriaguez, mendicância, exposição a violências.

 

[5]  Entrecruzados": no sentido de estabelecer relações.

 

[6] WINNICOTT (1988) observa a importância do "contorno", das primeiras relações da criança com o ambiente, do que ele chama de "maternagem suficientemente boa", dos cuidados iniciais oferecidos pela mãe e, ainda, pelo pai e demais familiares, como essenciais à formação do indivíduo.

 

[7] “O investigador não opera num vazio e, consequentemente, o conhecimento psicológico não é gerado independentemente do investigador.” (HO. 198), MORIN (1996), a respeito do mesmo processo, propõe que o observador-conceptor deve se integrar na sua observação e na sua concepção.

 

Fonte:

ALVAREZ, A. M. S.; ROSENBURG, C. P. A resiliência e o morar na rua: estudo com moradores de rua - criança e adultos - na cidade de São Paulo. Rev. Bras. Cresc. Desenv. Hum., São Paulo, 9 (1), 1999.