ADMINISTRAÇÃO MIRIM EM
CONDOMÍNIO: ANÁLISE DE UMA EXPERIÊNCIA PARTICIPATIVA COM CRIANÇAS
Regina
Zanella Penteado[1]
Fonoaudióloga.
A participação social ativa e real vem
sendo considerada como essencial para o processo de Promoção da Saúde, como
pode ser constatado na análise do conteúdo das declarações finais das diversas
conferências mundiais sobre Promoção da Saúde (MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2001). À
participação, aliam-se as necessidades de acesso à educação, direito de
expressão e de compromisso e responsabilidade social para a tomada de decisões
e de ações em saúde, dentre outras que favoreçam às
pessoas o controle sobre os determinantes da saúde.
Neste trabalho, acredita-se que a
capacidade participativa real dos cidadãos de uma sociedade deve ser incentivada
e construída desde a infância, a partir das oportunidades cotidianas. Tais
oportunidades não devem ser compreendidas unicamente nas relações entre Estado
e sociedade civil, mas encontram-se também nas relações sociais cotidianas, nas
normas, regras e leis que regem tais relações, nos costumes, nos conflitos e
nas estratégias para reconhecer necessidades, identificar problemas, buscar
soluções e tomar decisões, tendo em vista o equilíbrio e envolvimento com os
interesses coletivos da sociedade.
Deste modo, as oportunidades para
educação e exercício da cidadania participativa - ou cidadania ativa -
encontram-se nas relações familiares, nos espaços e relações de moradia, no
espaço das instituições educacionais, nos ambientes de trabalho, de lazer, etc.
O objetivo deste trabalho é apresentar
uma análise retrospectiva da experiência de uma Administração Mirim em um
Condomínio Residencial (de um município do interior do Estado de São Paulo),
com destaque para os aspectos positivos, as facilidades, e também para os
limites e as dificuldades, correlacionados aos fatores intervenientes que
influenciaram os avanços e retrocessos que constituem o seu desenvolvimento.
Para tanto, apresentamos o "problema" principal que gerou a
iniciativa da Administração Mirim, seguido por um breve relato histórico e a
análise de seu processo.
A Administração Mirim foi uma tentativa
de incentivar crianças moradoras em um edifício a participarem de forma ativa
nas questões e assuntos do condomínio que fossem de seu interesse, especificamente
relacionados aos espaços e opções de lazer que o Edifício dispunha. Buscava-se
desenvolver, junto às crianças, a conscientização quanto ao uso e preservação
dos bens coletivos, à responsabilidade, à expressão de necessidades e à
participação nas decisões da Administração do Condomínio, composta pelos
adultos. Esperava-se contar com a Administração Mirim como agentes
multiplicadores de tais ideários junto às demais crianças do Edifício[2].
A análise de uma experiência
participativa com crianças requereu esforços na busca de superação das
dificuldades em adaptar o referencial teórico, em sua maioria baseado em
reflexões sobre os movimentos populares e participação de sujeitos adultos, à
realidade e às especificidades de uma prática participativa envolvendo
crianças. Espera-se, com este estudo, apresentar uma contribuição à literatura
sobre educação como construção da participação e da cidadania.
Breve
histórico da administração mirim
A Administração Mirim ocorreu em um curto
período de tempo, entre os meses de abril e novembro de 1998, contextualizada
em um edifício do município de Rio Claro (SP), após aproximadamente 8 meses da
data de entrega/inauguração do prédio.
A caracterização do edifício, que contava
com áreas de lazer, favorecia que as famílias que ali morassem fossem, em sua
maioria, casais jovens e com filhos na faixa etária entre 3 e 9 anos. Muitas
destas famílias viam, naquele edifício, a concretização do sonho da aquisição
da primeira moradia própria, uma das razões pelas quais houve, logo de início,
um forte espírito de identificação, união e confraternização entre os primeiros
moradores.
Naquela época, haviam
freqüentes reuniões dos adultos no condomínio, com intensa participação dos
novos moradores, já que a preocupação dos adultos voltava-se para a decoração e
equipamento dos espaços sociais/áreas comuns. Algumas comissões foram
organizadas, inclusive uma destinada à elaboração do projeto e compra de
mobiliário e materiais para o "salão infanto-juvenil".
Com a aquisição de brinquedos e jogos e a
inauguração do "salão de jogos infanto-juvenil" do Condomínio e com a
preocupação dos adultos quanto à manutenção dos bens e materiais
recém-adquiridos, instaurou-se a necessidade de educação das crianças,
moradoras daquele edifício, no sentido do uso coletivo, conservação e
manutenção dos materiais e bens do referido salão.
A idéia de instituir a Administração
Mirim partiu da psicóloga Larissa Palumbo Bianchi e da fonoaudióloga Regina
Zanella Penteado, moradoras do condomínio (na época, ambas sem filhos), que
compunham, com mais duas moradoras, a comissão responsável pelo salão.
Com a proximidade da data de entrega e
inauguração do salão, a idéia era de que as crianças, a exemplo dos pais (que
se encontravam envolvidos com os assuntos coletivos do condomínio), também se
envolvessem de forma participativa nas questões de seu interesse imediato - no
caso, em relação ao novo espaço de convívio e lazer que, para elas, estava
sendo preparado.
Assim, esperava-se
sensibilizar as crianças para as iniciativas dos adultos em proporcionar um
ambiente de bem estar no local em que residiam e despertá-las para
participarem, sabendo usufruir das coisas e bens coletivos, conservando-os, sem
destruí-los, com senso de responsabilidade e compromisso. Também esperava-se contar com a Administração Mirim como agentes
multiplicadores destes ideários junto às demais crianças do edifício.
A Administração Mirim foi oficialmente
criada na festa da inauguração do salão, a partir das crianças que lá
compareceram e que se mostraram dispostas a assumir as funções de
"síndico-mirim" (B.C.Z. - 6 anos), "sub-síndico
mirim" (M.G. - 7 anos) e "zelador-mirim" (R.P.M. - 9 anos).
Cabe destacar que, ainda que a intenção
inicial das idealizadoras fosse a participação das crianças, a mobilização para
a Administração Mirim não se deu a partir das carências [3], necessidade ou
espontaneidade das crianças, mas foi induzida e instituída "de cima"
pelas suas idealizadoras, ou seja, os moradores adultos (NUNES, 1989).
Este seria um aspecto importante até
mesmo para a construção da identidade daquele grupo de crianças, já que as
pessoas se unem ou se agrupam em função de necessidades e objetivos comuns. No
entanto, nesta experiência de Administração Mirim, tratou-se de um "poder"
atribuído às crianças (pelos adultos) e não por elas conquistado.
Aspectos
positivos, possibilidades e facilidades
Enquanto pontos
positivos, pode-se destacar que as crianças foram ouvidas sobre os
materiais e brinquedos que julgavam ser interessantes para que, depois, fossem
selecionados pela comissão de adultos, que definiria o que seria ou não
comprado. Também participaram da elaboração e aprovação do regulamento interno
do salão, que versava sobre os fins a que se destinava.
Durante os meses de maio a julho, a
dinâmica da Administração Mirim se deu através de reuniões realizadas no salão,
em uma periodicidade quinzenal, com a coordenação das duas profissionais.
Entende-se que o papel das profissionais
era de "articuladores sociais" (JACOBI, 1989), ou seja, de propor e
incentivar a identificação de temas/problemas para as discussões e de
assessorar as crianças na busca de respostas aos problemas. Isso, de ceda
forma, contribuía para a conscientização e explicitação das questões do
condomínio que se referiam aos interesses das crianças. Assim, como assessoras
da Administração Mirim, as duas profissionais constituíam-se em "atores sociais relevantes'' na identificação e reconhecimento
dos valores de referência e na construção das demandas daquelas crianças (JACOBI,
1989).
Para as reuniões, eram convidadas todas
as crianças moradoras, porém somente compareciam as que ocupavam os
"cargos administrativos" e seus irmãos. Nestas reuniões, realizadas
no salão infanto-juvenil, discutia-se as necessidades e problemas das crianças,
em relação ao edifício. Os membros da Administração Mirim compareciam nos
horários agendados e receberam uma pastinha, na qual realizavam suas anotações,
tal como a redação de uma "ata"[4].
Nestas reuniões, as crianças apresentaram
sugestões de mudanças e adaptações nos materiais, brinquedos e jogos, visando a funcionalidade e conservação do salão, inclusive com
participação nas reuniões de condomínio dos adultos. A Administração Mirim
também ajudava a orientar as demais crianças moradoras (durante as brincadeiras
em conjunto, e de forma espontânea e natural), aos cuidados em geral. Isso
demonstrava que, em parte, os objetivos iniciais estavam sendo atingidos,
especialmente no tocante ao envolvimento e responsabilidade.
No mês de junho, a Administração Mirim
conseguiu envolver várias outras crianças no planejamento e nos preparativos
para uma grande festa junina, que se deu no mês seguinte. Assim, as crianças e
alguns pais participaram da confecção de bandeirinhas e flores de papel que,
depois, seriam utilizados na decoração do prédio. Também confeccionaram os
convites da festa junina, desenhando e escrevendo, e encarregando-se de
entregá-los em todos os 40 apartamentos, confirmando a presença dos moradores.
Escolheram as atrações infantis da festa e participaram na confecção dos
materiais (peixinhos para barraca de pescaria; caixas-surpresa; cartões para o
correio-elegante, por exemplo) e na coordenação das "barracas"
referentes a estas atividades, destinadas às crianças, durante a festa junina.
Neste período, a iniciativa passou a
chamar a atenção dos moradores dos edifícios vizinhos que, na figura do síndico
(adulto), agendaram uma reunião com a Administração Mirim para obter
informações e instituir, também no seu condomínio, esta idéia. A imprensa
local, por meio de um jornal impresso, também entrevistou o grupo e publicou
uma reportagem. Uma empresa de televisão regional (São Carlos - SP) chegou a
agendar uma reportagem, cancelada na última hora.
Aspectos
negativos, dificuldades e fatores internvenientes
A mobilização das crianças girou em torno
do "fazer", em um campo de trabalho que, conforme aponta GOHN (1997),
estava pouco ou nada preocupado com questões ideológicas ou políticas mais
abrangentes, ainda que fossem referentes ao espaço do condomínio ou da
comunidade (do bairro) onde o edifício se localizava. Assim, reforçou a noção
do indivíduo participando, cada um fazendo a sua parte, porém isento de
idealizações direcionadas à mobilização de um coletivo (HADDAD, 1999).
O "assédio" da Imprensa, ao
mesmo tempo em que demonstrava a curiosidade e o reconhecimento das pessoas em
relação à Administração Mirim, também provocou tensões e expectativas, já que
tanto crianças como as profissionais se viram levadas a cancelar compromissos
de aulas e trabalhos, além de lançar mão do tempo livre de lazer na preparação
para receber os interessados e a imprensa. Assim, vários encontros e reuniões
extras foram realizados, outros foram agendados, cancelados, remarcados e
desmarcados (em função da imprensa), causando sentimentos de frustração. Na
experiência com a empresa de televisão, ficou clara a tendência e preferência
da mídia pela cobertura, produção e veiculação de notícias de fatos negativos,
de caráter contingencial, impactual e sensacionalista - por vezes sem
importância histórica- em detrimento da cobertura de temas relacionados à
educação e participação social, por exemplo, dentre outras de interesse social,
em conformidade com aspectos abordados por autores como COSTA (1994).
As dificuldades e retrocessos foram
sentidos principalmente (e inicialmente) pelas duas coordenadoras.
Observava-se que os pais tratavam a
Administração Mirim como uma iniciativa e responsabilidade à parte de seu papel
como pais ou moradores. A não participação dos pais nas reuniões começou a ser
vista como um aspecto deficitário, já que um dos objetivos das coordenadoras
era, também, incentivar a aproximação e participação dos pais nas questões e
brincadeiras dos filhos. Ao invés disso, alguns até aproveitavam o momento de reunião
da Administração Mirim para sair, fazer compras, ir ao cabeleireiro, por
exemplo, fazendo com que os investimentos pessoais das coordenadoras soassem
como perda de tempo.
Cabe destacar, aqui, que não houve um
trabalho específico direcionado ao envolvimento dos pais das crianças na
proposta da Administração Mirim. Talvez se, desde o início da proposta,
houvesse maior integração com as famílias moradoras do edifício, tivesse sido
possível contar com estes sujeitos como parceiros e co-responsáveis da proposta.
Isso seria interessante, não somente do ponto de vista de apoio e incentivo à
crescente autonomia das crianças, mas também enquanto partilha de
responsabilidade e de compromisso com as duas coordenadoras.
O envolvimento dos pais talvez pudesse vir
a representar uma maneira de trabalhar para transformar os costumes daquelas
famílias, melhor enfrentando os obstáculos que se impõem à legitimação dos
instrumentos de participação popular e estreitando a relação entre educação
política e cidadania ativa (BENEWDES, 1998). A expectativa da mudança, segundo
esse autor, se manifesta na exigência por direitos, pela democratização, por
cidadania ativa, por maior participação política e por mudanças nos costumes de
uma sociedade ainda marcada pela experiência do mando, do favor, da exclusão e
do privilégio.
A sensação de que a iniciativa não era
expandida a outras crianças nem às famílias acabou por esvaziar a proposta de
seu sentido mais coletivo. A Administração Mirim resumia-se às três crianças e
às duas coordenadoras que, justamente por não serem mães e por questões de
ordem pessoal, acabaram por se sentir sobrecarregadas pelas reuniões aos finais
de semana, e passaram a reduzir a freqüência das reuniões.
Aos poucos, novas famílias com crianças
foram mudando para o edifício, muitas delas eram locatárias e mostravam-se
desprovidas do espírito de conservação e melhoria do patrimônio coletivo. O
aumento do número de crianças no condomínio, em um momento em que diminuíam as
reuniões da Administração Mirim, refletiu-se na ocorrência de danos e prejuízos
aos materiais do salão de jogos infanto-juvenil, bem como em uso inadequado das
dependências dos banheiros que serviam ao salão, causando entupimentos.
Assim, em outubro de 1998, as
coordenadoras redigiram uma carta aos moradores, destinada aos pais,
solicitando atenção e colaboração na orientação de seus filhos quanto ao uso do
salão. Na semana de 12 de outubro (dia das crianças), foi organizado um
Campeonato de Pebolim, envolvendo algumas crianças do edifício e também do
prédio vizinho. Este evento contou com a adesão de poucos moradores.
Paralelamente, o excesso de aproximações
e de convivência entre moradores adultos nas áreas comuns, e o fato de um
morador exercer grande influência negativa sobre o grupo de moradores, acabou
por gerar "fofocas", conflitos e discórdias de toda ordem, que vieram
a "minar" e destruir as relações de amizade e fraternidade ali
construídas.
Com as relações interpessoais
extremamente desgastadas, as pessoas acabaram por se afastar socialmente ou
mantiveram a convivência apenas em grupos reduzidos. Os adultos também deixaram
de se envolver nos assuntos e de participar das reuniões do condomínio. Isso
exerceu influência negativa sobre a disposição das coordenadoras e de todo o
grupo de moradores, além das crianças que, guardadas as proporções, percebiam e
sabiam o que estava se passando na relação entre os adultos.
Nos últimos dois anos, o salão permaneceu
apenas como um espaço de uso das crianças, sem se constituir em tema ou razão de
qualquer outra iniciativa no sentido de articulação das crianças e moradores.
A Administração Mirim deixou de existir
na medida em que as coordenadoras afastaram-se da iniciativa e em que não havia
outros adultos para apoiar e/ou referenciar as crianças.
A proposta específica, que nasceu das
necessidades dos adultos em relação ao uso do salão infarto-juvenil,
não conseguiu superar este enfoque localizado.
A Administração Mirim, enquanto atores
sociais mirins, nunca criaram autonomia, nem para a identificação das próprias
demandas e carências, necessária para o desenvolvimento de uma noção coletiva
de direitos naquele condomínio, nem para a permanência das reuniões e propostas
delas decorrentes.
Sem reais carências por parte das crianças, ficou o grupo desprovido de processos identitários (NUNES, 1989) capazes de definir as coletividades e os participantes daquela Admnistração Mirim. Também as práticas que se desenvolveram sob a responsabilidade da Administração Mirim nunca objetivaram e nem conseguiram transcender as questões/problemas do imediatismo e do localismo, que, caso tivesse ocorrido, poderia constituir-se em um aspecto favorável no sentido de uma mudança qualitativa do modo de pensar a cidadania naquele grupo social (JACOBI, 1989).
Considerações
finais
A análise retrospectiva demonstra a
viabilidade desta proposta, que tanto favoreceu o desenvolvimento individual
como coletivo das crianças envolvidas. Elas tornaram-se mais atentas às
questões coletivas e envolveram-se de forma participativa, também em outros
eventos e assuntos do edifício, apresentando idéias e buscando alternativas
para solução de problemas.
A proposta de Administração Mirim
desponta como uma idéia interessante que apresenta contribuições para
incentivar a participação social ativa e real, de crianças e adolescentes, a
partir das oportunidades cotidianas, das relações familiares e dos diversos
espaços de convívio social como, por exemplo, edifícios, condomínios
residenciais, instituições educacionais, comunidades de bairro ou igrejas.
A análise das facilidades encontradas e
das dificuldades enfrentadas possibilita a identificação e a sugestão de
aspectos importantes a serem observados na caracterização de futuras propostas
de Administrações Mirins, tais como :
* Partir das questões, necessidades e
carências das próprias crianças / adolescentes;
*
Buscar a expressão e o envolvimento de todas as crianças/adolescentes do
espaço social;
* Envolver o entorno social a fim de construir uma rede de
apoio;
* Envolver os pais para que suas
concepções e valores relacionados à cidadania também sejam transformados;
* Abranger tentas mais
amplos e coletivos da comunidade em que se insere;
* Evitar limitar os objetivos e ações ao
imediatismo e localizacionismo;
* Focalizar perspectivas transformadoras
e de um novo modo de pensar a cidadania;
* Desenvolver uma identidade conciliando
caracterização dos sujeitos, objetivos, necessidades e recursos;
* Desenvolver autonomia necessária à
superação da dependência das "tutelas", das "incubadoras",
dos aspectos externos e da mediação dos profissionais.
As práticas de participação popular são
reconhecidas por autores, como BENEVIDES (1998), pelo seu mérito de corrigir as
involuções do regime democrático, de aperfeiçoamento da vivência democrática, e
de permitir que as pessoas passem a se interessar diretamente pelos assuntos
que lhes dizem respeito. Este trabalho mostrou a viabilidade destas práticas
desde a infância, a despeito das dificuldades que cada experiência localizada
venha a enfrentar.
REFERÊNCIAS
BIBLIOGRÁFICAS
BENEVIDES, M.V.M. A cidadania ativa. 3
ed. São Paulo: Editora Ática, 1998. (Col. Ensaios 136)
COSTA, B.C.G. Jornalismo - controle de
informação, conceito de notícia e a fetichização dos fatos. Revista Impulso,
7(15), Unimep/ Piracicaba, 1994.
GOHN, M.G. Teoria dos movimentos sociais.
paradigmas clássicos e contemporâneos. São Paulo: Ed. Loyola, 1997.
HADDAD, S. Mesa redonda: participação e
cidadania na promoção da saúde. Anais do VI Congresso Paulista de Saúde
Pública, Águas de Lindóia, 1999.
JACOBI, P. Atores sociais
e Estado: movimentos reivindicatórios urbanos e Estado – dimensões da
ação coletiva e efeitos político-institucionais no Brasil. Espaço &
Debates, 26: 10-21,1989
MINISTÉRIO DA SAÚDE. Promoção da Saúde.
Brasília-D.F., 2001.
NUNES, E. Carências urbanas, reivindicações sociais e valores democráticos. São Paulo, Lua Nova, 17: 67-92, 1989.
[1] Fonoaudióloga, Mestre e
Doutoranda pela Faculdade de Saúde Pública - FSP/USP. Endereço para contato:
Avenida 41 n.209 ap. 62 - Bairro Cidade Jardim - Rio Claro, SP - CEP 13501-190.
E-mail: reginazp@linkway.com,br .
[2] Por diversos motivos, a Administração Mirim foi uma
experiência que não alcançou uma expressão social mais ampla nem uma adesão e
envolvimento de um número significativo de sujeitos. Ainda assim, acreditamos
que as reflexões a respeito dos aspectos positivos e negativos desta
experiência possam contribuir para sensibilizar as pessoas para as
possibilidades de iniciativas de participação popular envolvendo crianças.
[3] Segundo NUNES (1989), carência é um atributo de um
indivíduo determinado, sentimento elaborado a partir de processos de
socialização, de vivências de precariedade, de sentimentos de dignidade
violentada e da existência de desejos. A carência tem implicações sobre
escolhas dos sujeitos, que são guiadas por valores. As carências podem ser
sociais e intelectuais, variando em número e caráter conforme o estado geral de
civilização de uma comunidade / cultura.
[4] A atividade de registro das "atas" das reuniões
possibilitou acompanhar o processo de desenvolvimento da linguagem escrita de
uma das crianças (o síndico-mirim) que se encontrava em início de alfabetização
e que mesclava desenhos e grafemas em seus registros, recorrendo ao apoio dos
seus interlocutores para esclarecimento de suas dúvidas referentes à linguagem
escrita. Posteriormente, sua mãe relatou às coordenadoras os progressos que seu
filho estava obtendo na escola e em seu processo de construção da leitura e da
escrita, em decorrência de sua participação na Administração Mirim.