ATENÇÃO
HUMANIZADA AO RECÉM-NASCIDO DE BAIXO PESO: MÉTODO MÃE CANGURU
A humanização do nascimento compreende ações desde o pré-natal, onde todos os esforços para evitar condutas intempestivas e agressivas para o bebê devem ser realizados. A atenção ao recém-nascido deverá caracterizar-se pela segurança técnica da atuação dos profissionais, condições hospitalares adequadas aliadas a suavidade no toque durante a execução de todos os cuidados prestados, dando especial enfoque ao conhecimento do psiquismo fetal, da mãe e da família.
Método Canguru
O Método Canguru foi desenvolvido em 1979 no Instituto Materno-Infantil de Bogotá (Colômbia) e vem sendo utilizado em vários países, principalmente naqueles que dispõem de um número insuficiente de incubadoras. Porém, no Brasil, esta estratégia tem uma conotação diferente. Ela visa principalmente uma mudança de atenção à saúde, centrada na humanização da assistência e no princípio de cidadania da família.
O Método Canguru é um tipo de assistência neonatal que implica em contato pele a pele precoce, entre a mãe e o recém-nascido de baixo-peso, de forma crescente e pelo tempo que ambos entenderem ser prazeroso e suficiente, permitindo dessa forma uma participação maior dos pais no cuidado ao seu recém-nascido.
Posição Canguru
Consiste em manter o recém-nascido de baixo-peso, ligeiramente vestido, em decúbito prono, na posição vertical e contra o peito da mãe, do pai ou de um adulto.
· Gestantes com situações clínicas ou obstétricas com maior risco para o nascimento de crianças de baixo-peso;
· Recém-nascidos de baixo-peso, desde o momento da admissão na Unidade Neonatal até a sua alta hospitalar, quando deverão ser acompanhados por ambulatório especializado;
· Mães e pais que deverão ter contato com o seu filho o mais precoce possível, recebendo adequada orientação da equipe de saúde.
Vantagens do Método
· Aumenta o vínculo entre a mãe e o bebê;
· Diminui o tempo de separação do recém-nascido com a família, evitando longos períodos sem estimulação sensorial;
· Estimula a prática do aleitamento materno;
· Proporciona maior competência e confiança dos pais no manuseio de seu filho mesmo antes da alta hospitalar;
· Facilita o controle térmico da criança;
· Diminui o número de recém-nascido em UTIs e Unidades de Cuidados Intermediários;
· Melhora o relacionamento da família com a equipe de saúde
· Diminui as doenças e infecções hospitalares;
· Diminui a permanência do bebê no Hospital.
Etapas do Método
O Método será desenvolvido em três etapas:
1ª Etapa: Quando o recém-nascido está impossibilitado de ficar junto à mãe no alojamento conjunto e necessita de internação na unidade neonatal.
O que fazer?
· Estimular livre acesso dos pais à unidade neonatal, propiciando, sempre que possível, o contato tátil com a criança;
· Estimular a amamentação;
· Iniciar o contato direto pele a pele entre a mãe e o bebê, progredindo até a colocação do bebê sobre o tórax da mãe ou do pai;
· Assegurar a permanência da mãe na unidade hospitalar.
2ª Etapa: Quando o recém-nascido encontra-se estabilizado e poderá contar com o acompanhamento contínuo da mãe.
O que fazer?
· A mãe e o bebê estão aptos a permanecerem em alojamento conjunto, mantendo a posição canguru, pelo maior tempo possível: “estágio” para a alta hospitalar.
· Nesta fase o bebê deve apresentar:
1. Estabilidade clínica;
2. Nutrição enteral plena (peito, sonda gástrica ou copo);
3. Peso mínimo de 1.250 gramas;
4. Ganho de peso diário maior que 15 gramas.
· Critérios para a alta hospitalar com transferência para a 3ªfase:
1. Mãe segura, bem orientada e familiares conscientes quanto ao cuidado domiciliar da criança;
2. Mãe psicologicamente motivada a dar continuidade ao trabalho iniciado na maternidade;
3. Compromisso materno e familiar para a realização do método por 24 horas/dia;
4. Garantia de retorno à unidade de saúde;
5. Peso mínimo de 1.500 gramas;
6. Aleitamento materno exclusivo com ganho ponderal de peso;
7. Acompanhamento ambulatorial assegurado.
3ª Etapa: Quando o bebê já recebeu a alta hospitalar, mas necessita de acompanhamento ambulatorial para avaliações de seu desenvolvimento físico e psicológico.
O que fazer?
· Deve ser aplicado continuamente o método;
· Avaliar o equilíbrio psico-afetivo entre a criança e a família;
· Obedecer ao esquema de retorno para acompanhamento (1ª semana, de 2 em 2 dias; 2ª semana, de 3 em 3 dias; 3ª semana, de 7 em 7 dias, até atingir 2.500 gramas).
· Neonatologistas (cobertura de 24 horas);
· Obstetras (cobertura de 24 horas);
· Pediatras com treinamento em seguimento do recém-nascido de risco;
· Oftalmologista;
· Enfermeiras (cobertura de 24 horas);
· Auxiliares de Enfermagem (na 2ª etapa, 1 para cada 6 binômios, com cobertura 24 horas);
· Psicólogos;
· Fisioterapeutas;
· Terapeutas Ocupacionais;
· Assistentes Sociais;
· Fonoaudiólogos;
· Nutricionistas.
Recursos Físicos
· Os setores de terapia intensiva neonatal e de cuidados intermediários deverão obedecer às normas já padronizadas pelo Ministério da Saúde, adequadas a permitir a colocação de cadeiras removíveis para inicialmente facilitar a colocação do bebê em posição canguru, obedecendo às exigências da 1ª etapa;
· Os quartos ou enfermarias, para a 2ª etapa, deverão obedecer à norma já estabelecida para alojamento conjunto (5 m2 para cada conjunto leito materno/berço);
· Os quartos deverão ter acesso fácil ao setor de cuidados especiais;
· O número de leitos materno/berço, por enfermaria, deverá ser de no máximo 6;
· Para cada enfermaria é necessário dispositivo sanitário, chuveiro, pia e recipiente com tampa para recolhimento de roupa usada.
Recursos Materiais
Cama, berço, aspirador a vácuo (central ou portátil), cadeira, material de asseio, balança pesa bebê, régua antropométrica, fita métrica de plástico, termômetro, carro de reanimação cárdio-respiratório.
Avaliação do Método
· Periodicamente deve-se avaliar:
· Morbidade e mortalidade neonatal;
· Taxas de reinternação;
· Crescimento e desenvolvimento;
· Desempenho e satisfação da equipe de saúde;
· Os conhecimentos adquiridos quanto aos conteúdos com a criança;
· O tempo de permanência intra-hospitalar.
Metas
· Criar 7 Centros de Referência Nacional de Capacitação nas Regiões Sul, Sudeste, Norte, Nordeste e Centro-Oeste, até dezembro de 2003;
· Capacitar no mínimo 3 e no máximo 5 profissionais de cada maternidade na operacionalização da metodologia, segundo a Norma do Ministério da Saúde, até dezembro de 2003.
Estratégias
UNIÃO: Ministério da Saúde
· Definir as normas e diretrizes gerais para a Atenção Humanizada ao Recém-Nascido de Baixo Peso – Método Canguru;
· Estimular a criação de coordenações para o monitoramento das ações desenvolvidas pela metodologia em cada Unidade da Federação;
· Discutir a elaboração dos projetos com estados e municípios quando da aplicação da metodologia;
· Discutir os resultados e propor estratégias complementares para o alcance dos objetivos;
· Elaborar e distribuir o Boletim Trimestral de Atenção Humanizada ao Recém-Nascido de Baixo Peso – Método Canguru;
· Assessorar os municípios na implementação da metodologia;
· Implantar um sistema de informações gerenciais;
· Analisar os dados encaminhados pelos Centros de Referência, bem como, avaliá-los e divulgá-los.
ESTADOS: Secretaria Estadual de Saúde
· Assessorar os municípios para implementar a metodologia Canguru;
· Criar coordenação para acompanhar e avaliar a execução do projeto;
· Implantar o sistema de informações gerenciais;
· Analisar os dados encaminhados pelos Centros de Referência, bem como, avaliá-los e divulgá-los;
MUNICÍPIOS: Secretaria Municipal de Saúde
· Implementar as ações de Atenção Humanizada ao Recém-Nascido de Baixo Peso – Método Canguru;
· Acompanhar o desenvolvimento das ações;
· Implantar o sistema de informações;
· Tabular e encaminhar os dados coletados à Secretaria Estadual de Saúde e aos Centros de Referência Nacional de Capacitação por análise dos resultados.
Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social e Fundação Orsa
· Apoiar a disseminação da metodologia em todo o país;
· Apoiar financeiramente os Centros de Referência Nacionais;