ADOLESCÊNCIA E
ANTICONCEPÇÃO: ANÁLISE DO DISCURSO DAS ADOLESCENTES GRÁVIDAS E PUÉRPERAS EM
RELAÇÃO À ANTICONCEPÇÃO
Néia Schor[1]
Andréa
F Ferreira[2]
Kátia
C. M Piroita[3]
Vera L. Machado[4]
Ana
Cristina D'Andretta Tanaka[5]
Arnaldo
A. F Siqueira[6]
Introdução
O presente artigo trata da questão da
anticoncepção na adolescência, uma vez que o início da vida sexual conta com
uma alta probabilidade de ocorrer uma gravidez, diante da falta de acesso e
orientações no sentido de se prevenir quanto a
presença de uma gravidez não planejada/desejada.
A população adolescente necessita de
atenção diferenciada quanto às questões relacionadas ao uso e ao não uso de
métodos anticoncepcionais (MACs) pelo grupo, bem como
quanto às questões relacionadas com a vida sexual, uma vez que há alta taxa de
fecundidade presente neste grupo. Observa-se na literatura a respeito do uso e
não uso de métodos anticoncepcionais (MACs) na
adolescência, um descompasso entre um fato e outro, que tem gerado preocupações
por parte dos profissionais de saúde (SCHOR, 1995).
O fato das adolescentes iniciarem sua
vida sexual cada vez mais cedo, sem o adequado uso de MACs,
pode ocasionar uma gravidez não planejada/desejada. A adolescente grávida,
muitas vezes, opta pela prática do aborto, que em nosso país é considerado
ilegal (Decreto-Lei n° 2.848, de 7 de dezembro de 1940), a não ser em caso de
estupro e má formação do feto, conforme prevê a lei brasileira (Art. 128). Além
disso, há alta probabilidade de contraírem uma Doença Sexualmente Transmissível
(DST) e até mesmo AIDS (SCHOR,1995).
Tendo em vista a questão que se coloca,
este estudo tem como objetivo a análise dos discursos sobre anticoncepção e
vida sexual das adolescentes de 15 a 19 anos de idade, grávidas ou puérperas,
residentes na Região Sul do Município de São Paulo em 1992 (SIQUEIRA et
al.,1993, 1994 ; SCHOR, 1995). O estudo realizou um levantamento das
representações sociais presentes nas falas das adolescentes quanto ao uso e não
uso de métodos anticoncepcionais, exames de prevenção gineco-obstétrico,
gravidez e abortos.
Procedimentos
metodológicos
Este trabalho apresenta os resultados da
análise do discurso de adolescentes na faixa etária de 15 a 19 anos de idade,
gestantes, puérperas e com história de aborto anterior, residentes na Região
Sul do Município de São Paulo, em relação ao conhecimento e uso de métodos
anticoncepcionais (MACs), segundo dados do projeto
intitulado "Morbidade e Mortalidade Maternas - Qualidade de Assistência e
Estrutura Social. Estudo da Região Sul do Município de São Paulo, Brasil"
parte II - Morbidade (SIQUEIRA et al., 1993 - 1994).
Tal pesquisa conta comum universo de 87
adolescentes. Destas, 62 já haviam iniciado sua vida sexual, sendo que 34
tinham história de uma ou mais gravidez. Dentre essas 34, 18 adolescentes
estavam grávidas ou eram puérperas nos últimos 12 meses que antecederam a data
das entrevistas, compondo o nosso universo de estudo.
Tivemos como objeto de análise os
discursos das adolescentes, que foram transcritos pelas entrevistadoras durante
a realização das entrevistas, e cujo questionário aplicado possuía questões
abertas que permitiram a execução deste trabalho. Através de suas falas,
pudemos analisar algumas questões importantes sobre :
- Uso e não uso de métodos
anticoncepcionais;
- Exames de prevenção gineco-obstétrico;
- Pré-natal;
- Abortos.
Para fins deste trabalho, fizemos uma
análise qualitativa dos discursos das adolescentes, onde foi dada prioridade às
falas sobre o conhecimento e o uso de métodos anticoncepcionais e aos relatos
de aborto, dando especial atenção aos motivos levantados pelas adolescentes
para recorrerem ao aborto.
Como pano de fundo será apresentada uma
breve descrição da situação social, privilegiando a escolaridade, tipo de
moradia, de família, entre outras variáveis .
Resultados
e discussões
Para conhecermos melhor o perfil das
adolescentes grávidas e puérperas de 15 a 19 anos de idade no momento da
entrevista, focalizaremos nosso trabalho nos itens abaixo destacados:
- Características socioeconômicas;
- Caracterização das adolescentes segundo
idade da menarca e 1ª relação sexual;
- Análise do discurso das adolescentes
grávidas e puérperas em relação a anticoncepção;
- Análise dos discursos das adolescentes
que referiram ter recorrido ao aborto.
Características
socioeconômicas
No que diz respeito aos dados
socioeconômicos relativos a composição familiar, escolaridade e função
remunerada das adolescentes grávidas e puérperas, na faixa etária de 15 a 19
anos de idade, observamos alguns dados comuns à população em estudo, descritos
a seguir:
Podemos observar que das 8 adolescentes,
de 15 a 17 anos, 4 eram solteiras com união livre, 3 eram solteiras sem união
conjugal e uma solteira que estava namorando no momento da entrevista. Na faixa
etária de 18 e 19 anos, num total de 10 adolescentes, havia uma solteira que
não estava namorando e uma que estava namorando no momento da entrevista. Ambas
residem com a família, 5 eram solteiras com união livre, 2 eram casadas com
união legal e uma que era solteira com namorado e residia em um hotel com uma
amiga. A maioria dessas jovens eram solteiras, mas
tinham um companheiro na forma de um namorado ou de união livre.
O tipo de moradia que essas adolescentes
habitavam era: 10 residiam em domicílio particular em terreno coletivo, uma em
domicílio particular em terreno individual, 3 em favelas em
terreno coletivo, 2 em favelas em terreno individual, uma em cortiço, e
uma em um hotel.
Um dado interessante é que, das
adolescentes de 15 a 17 anos, a grande maioria residia com seus familiares,
juntamente com seu companheiro. Assim, a família agrega outros membros além do
núcleo formado por pai, mãe e filhos, tais como: primos, cunhados, tios, e até
amigos (ALVARENGA, 1994). Geralmente só há um provedor da renda familiar.
Exemplo desse tipo de família, de caráter extenso, será descrito a seguir,
tendo em vista os dados encontrados em um dos questionários, que apresentava um
panorama elucidativo da questão: trata-se de uma adolescente puérpera de 17
anos, que reside com mais 12 membros de sua família, em um domicílio em
condições precárias. A chefe dessa família extensa tem 71 anos de idade e,
juntamente com mais duas mulheres que exercem funções remuneradas, garante o
sustento da família; nenhuma delas vive com um companheiro. O curioso é que
residem três homens nesta casa com idades entre 23 e 30 anos e no entanto
nenhum deles contribui para o sustento do lar. Trata-se de uma família chefiada
apenas por mulheres.
Esta família constitui o tipo de família
extensa, pois agrega outros parentes além do núcleo familiar. Esta composição
familiar é comum, principalmente na faixa etária de 15 a 17 anos,
considerando-se que, após ter o filho, a adolescente dependente economicamente
não constitui um núcleo familiar, continuando a morar com seus pais. Existe
também a possibilidade da adolescente e seu companheiro unirem-se, mas não
constituírem um núcleo familiar independente, indo morar com a família de um
dos pais (D'ORO, 1992).
Estudos mostram que houve uma mudança no
comportamento familiar, principalmente quando agregou a adolescente e seu bebê.
Assim uma família que era tida como "nuclear", passa a ser
"extensa" por agregar mais um ou dois novos membros.
(ALVARENGA,1994).
As adolescentes de 18 e 19 anos, quando
não vivem com os pais, já constituíram uma família com seu companheiro. Nesta
faixa etária, com exceção do caso de uma jovem que reside em um hotel, todas as
outras constituíram o seu lar.
Em um universo de 18 adolescentes na
faixa etária de 15 a 19 anos, 17 delas não exercem função remunerada; executam
o trabalho doméstico de suas casas. Temos apenas um caso de uma adolescente que
exerce uma função remunerada.
Quanto ao grau de escolaridade, podemos
dizer que são jovens que interromperam os estudos cedo, o que não se atribui à
gravidez, pois já o haviam abandonado antes. Quanto ao grau de escolaridade,
estão defasadas da escolaridade pretendida tradicionalmente. Temos 6
adolescentes que estavam estudando no momento da entrevista, enquanto que 12 já
tinham abandonado os estudos. Observamos que o grau de escolaridade não
ultrapassa o 1° colegial (SCHOR, 1995; SCHOR& ALEGRIA,1990; D'ORO, 1992).
Caracterização
das adolescentes segundo idade da menarca e primeira relação sexual
No quadro 1 (anexo) observamos que a
idade na primeira menstruação ocorreu em média aos 12,7 anos, constituindo um
dado que SCHOR (1995) destaca como sendo um importante indicador na análise da
saúde reprodutiva e que nos últimos decênios tem sido cada vez mais precoce. A
primeira relação sexual dessas adolescentes aconteceu em média com 15,4 anos de
idade. Temos presente nessa população, em média; a
diferença de 2 anos e 7 meses entre a idade da menarca e da primeira relação
sexual, o que segundo SCHOR (1993 ) revela a relação que há entre a menarca,
vida sexual e gravidez: a diminuição da idade da menarca pode implicar no
início mais precoce da vida sexual e, conseqüentemente, ocasionar a gravidez no
período da adolescência.
A atividade sexual tem começado em média,
dependendo do grupo, em idades mais jovens – aos 13 ou 14 anos - levando a uma
alta taxa de fecundidade no grupo de adolescentes (MELO, 1993 e 1994; MORELL,
1994).
Segundo o Population
Reference Bureau – PRB (1992) a fecundidade entre as
adolescentes está aumentando no Brasil, enquanto que a fecundidade das mulheres
mais velhas vem diminuindo. Este fato contraria
as expectativas; além de que os programas de planejamento familiar não estão
sendo utilizados pelas adolescentes, seja pela falta de informações ou porque
as jovens são solteiras e essa condição pode causar constrangimento em procurar
tais serviços em busca de orientações sobre MACs.
Além disso, os programas não estão implantados e a questão do acesso é um
problema fundamental (SCHOR, 1994; BERQUÓ, 1988). A importância da
implementação de programas de educação e orientação sexual é fundamental, pois
as jovens poderiam optar por um método contraceptivo com maiores informações e
com mais segurança, no momento que se fizer necessário.
Análise
do discurso das adolescentes em relação à anticoncepção
Os impulsos sexuais são inerentes aos
seres humanos desde a sua infância, mas são ignorados pela educação formal e
tratados, desta forma, de maneira diferenciada pelas forças socioculturais e
familiares.
As mulheres, ao contrário dos homens, são
encaminhadas para a inibição de sua atividade sexual. As adolescentes confusas,
cheias de sonhos e encantamentos, acabam por deixar-se envolver e sem uma
orientação adequada deixam de ser "meninas" para tornarem-se
"mulheres". O momento em que vivem a transição de sua condição
feminina poderá implicar em mudanças de rumos em suas vidas. Com a
probabilidade de ocorrer uma gravidez não planejada ou mesmo um aborto
provocado.
Para o grupo de adolescentes a questão do
método anticoncepcional a -ser utilizado para que não ocorra uma gravidez não
planejada ou um aborto encontra-se inacessível ao grupo adolescente no sentido
de trazer esclarecimento e ser atribuída a importância que merece. Exemplo
dessa situação é a baixa utilização da camisinha como contraceptivo e método de
prevenção às DSTs e AIDS,
hoje tão presentes na realidade do país.
Das adolescentes que usam algum método
anticoncepcional, geralmente a pílula, a maioria o faz sem a orientação devida.
Esquecem de tomar, como referiram algumas delas. Além disso, não há
acompanhamento médico, na maioria dos casos.
Observamos que, com freqüência, as
adolescentes na faixa etária de 15 a 19 anos encontram-se sem orientações no
que diz respeito à sua vida sexual e como exercê-la com segurança e plenitude.
Seria interessante que houvesse a implementação dos programa
de atenção à saúde da adolescente, hoje existentes, mas inacessíveis à essa
população que, sem dúvida, necessita de esclarecimentos quanto à escolha de um
método anticoncepcional. Este programa assistia às jovens, orientando-as para
os cuidados que devem ter com sua saúde e sexualidade (SCHOR, 1995; BERQUÓ,
1993).
Em todos os discursos as adolescentes
referem, através da resposta espontânea, conhecer maneiras de se evitar filho;
mas na prática a história é bem diferente. Do total de adolescentes grávidas ou
puérperas (18), apenas 3 referiram não conhecer nenhum método contraceptivo;
mas quando se recorreu à resposta estimulada tivemos referências à pílula e à camisinha/condon (SCHOR, 1995 ).
Assim, de um modo ou de outro (resposta estimulada ou
espontânea) todas referiram possuir algum conhecimento sobre MACs.
Quanto à utilização de um método
contraceptivo, elas referiram não estar usando nenhum método anticoncepcional
antes de engravidar, tendo como justificativa as mais variadas falas :
"Não.
Porque eu tinha medo de meus pais descobrirem, porque se eu tomasse pílula
engordaria e eles descobririam. E no fundo no fundo eu nunca tive explicação
certa de como usá-los" (17
anos, grávida).
Observamos neste discurso o medo, que
reflete a preocupação da adolescente em ter uma vida sexual sem que os pais
saibam, bem como a falta de orientações sobre o uso correto da pílula e outros
métodos contraceptivos e seus possíveis efeitos colaterais.
"Eu
usava pílula, como método contraceptivo, antes de engravidar... quem indicou
foi o farmacêutico...eu não fazia controle médico pois tenho medo que minha mãe
descubra... esquecia de tomar os comprimidos " (17 anos, aborto)
Podemos perceber novamente a justificativa "medo
que os pais descubram" e, ainda, a não procura de profissionais da área
médica, demonstrando que as adolescentes encontram-se sem acesso às informações
e ao acompanhamento médico.
"Não
gosto de tomar essas porcarias " (19 anos, grávida)
"Não,
não gosto de tomar esses negócios " (19 anos, puérpera)
Quanto ao uso de um método
anticoncepcional, estas adolescentes referiram não fazer uso de nenhum método
anticoncepcional, no momento da entrevista. As falas refletem uma valoração
negativa atribuída aos MACs, principalmente à pílula
quando citam: "esses negócios", "essas porcarias".
"Porque
sou crente
" (19 anos,
puérpera)
A existência de valores culturais (motivo
religioso, como foi referido) também faz com que tais métodos sejam ignorados
ou utilizados de maneira inadequada, tomando-se sem eficácia.
"Não,
eu parei porque não estava me fazendo bem" (19 anos, puérpera)
Podemos perceber, nesta fala, que a
adolescente refere em um momento fazer uso e em seguida deixar de fazê-lo, por
vontade própria e sem procurar uma orientação dos profissionais para a
substituição do método.
Uma visão muito comum entre as jovens
adolescentes é que "comigo não acontece". Foi o que ocorreu com uma
jovem de 17 anos, quando perguntaram-lhe se fazia uso
de algum método antes de engravidar . Sua resposta foi :
"Não.
Não pensava nisso na hora, foi tão de repente, foi na 2ª relação sexual da
minha vida" (17
anos, grávida)
O fato é que estas adolescentes começam
sua vida sexual e só depois optam por um método que acham melhor e mais fácil.
Elas consideram-se "maduras" para iniciar sua vida sexual e fazem-no
sem maiores informações quanto às conseqüências.
A mulher, qualquer que seja a sua idade,
adolescente ou não, deve ser assistida em relação à saúde reprodutiva no
sentido amplo. Desde os exames preventivos e rotineiros até o pré-natal e o
pós-parto. Mas constatamos nos discursos das adolescentes que os exames de
prevenção ao câncer ginecológico, por exemplo, são desconhecidos pela maioria
das jovens de 15 e 16 anos.
As jovens de 17 a 19 anos referem
conhecer, mas não o fazem por motivos diversos, como pudemos perceber em suas
respostas. É o caso de uma adolescente de 17 anos, puérpera, com histórico de duas gravidez que, quando perguntada se fazia exames de
prevenção ao câncer ginecológico, respondeu:
"Não,
é que eu não sabia, esses dias que a minha irmã me falou desse exame" (17 anos, puérpera).
Outra adolescente, 18 anos, grávida,
refere em sua resposta o desconhecimento sobre a existência do exame, conforme a
resposta a seguir:
"Nunca
fiz, porque não sei o que é isso"
(18 anos, grávida)
Ou ainda a presença do medo, justificado
como:
"Porque
eu acho que dói
" (19 anos,
grávida)
O mesmo ocorre com o exame pré-natal. No
universo de 8 adolescentes, 3 haviam feito pré-natal,enquanto
que 5 não o realizaram pelos mais diversos motivos.
Por não terem acesso a um programa de
saúde, as adolescentes entrevistadas procuram respostas para suas dúvidas com
colegas de escola, com a tia, com uma amiga, algumas em postos de saúde e
através da televisão, como o caso de uma adolescente de 16 anos, puérpera,
citada abaixo:
"Fiz
este exame de pré-natal porque vi na televisão" (16 anos, puérpera)
Uma jovem de 17 mos, grávida, quando lhe
perguntaram se faz pré-natal, deu a seguinte resposta:
"Não
nunca fiz, porque eu não gosto, eu não gosto de médico, não gosto de hospital,
eu me criei sem médico, eu não gosto nem de chegar perto" (17 anos, grávida)
A falta de informação somada a uma
identificação do setor médico/hospitalar com um local inóspito, que se releva
na agressividade do relato, pode estar sugerindo uma desmotivação
das jovens frente às deficiências do sistema da saúde.
“Marquei
consulta para fazer o exame, para acompanhar a saúde do bebê” (18 anos,
grávida).
“Eu
achei que era melhor, Se eu ficasse doente, eu já sabia. Se acontecesse alguma
coisa eu tava sabendo. Eu tinha medo que meu filho nascesse antes do tempo” (19
anos, puérpera)
Podemos perceber que é grande o número de
adolescentes de 18 e 19 anos que fizeram o exame pré-natal no momento da
entrevista. Elas verbalizaram que o fizeram pela saúde do concepto/bebê,
muito mais do que com preocupação com sua saúde.
Segundo os relatos das adolescentes
percebemos uma maior procura pelos exames pré-natal, visando a saúde do bebê,
enquanto que os exames de prevenção ao câncer ginecológico, relacionados à
saúde da mulher não são tão procurados por desconhecimento e/ou por
desinteresse.
Análise
dos discursos dos casos de aborto
Segundo estimativas da Coordenadoria de
Saúde Materno - Infantil do Ministério da Saúde, os abortos praticados no
Brasil devem chegar a setecentos mil casos anuais. (BLAY, 1993) Talvez esse cifra não fosse tão alta se o aborto fosse tratado como
questão de Saúde Pública e não como questão criminal; e mais, se a população
pudesse contar com programas eficientes na área de saúde que prestassem
esclarecimentos aos menos assistidos. Assim, talvez muitas mulheres e
adolescentes parassem de arriscar suas vidas com a utilização de métodos
precários e sem assistência médica, o que na maioria das vezes resulta em uma
posterior internação nos hospitais da rede pública, para finalização do aborto.
Vimos, por este trabalho, que o medo da
reação dos pais ao descobrirem que estas jovens já têm vida sexual e a pressão
por diversos outros motivos, somada à falta de informações, levam as
adolescentes a provocar o aborto, tornando-se única alternativa para a
interrupção da gravidez.
Na maioria das vezes, o aborto é
realizado de qualquer maneira, sem uma assistência médica adequada, ocasionando
riscos para a vida da adolescente. Temos, como exemplo, o caso de uma jovem de
17 anos que esqueceu de tomar a pílula e engravidou. Ela optou pelo aborto, não
por vontade própria, e sim porque o seu noivo não queria filhos no momento e
devido a questões financeiras.
Essa adolescente não fazia controle do
método anticoncepcional, para que sua mãe não descobrisse que ela tinha uma
vida sexual ativa. Vê-se o peso que adquire para o adolescente o medo que os
pais descubram sua vida sexual, trazendo conseqüências para a
esfera do uso de MACs entre outros.
Essa adolescente teve duas gestações, uma
das quais não faz parte dos dados coletados pois ocorreu em 1991, observa-se
que naquele ano ela teve um aborto espontâneo, e, em 1992, recorreu ao aborto
para interrupção da gestação. O motivo que a levou a realizar esta prática foi:
“tenho medo de perder o noivo (...) e ele
não me querer”(17
anos, aborto)
Observa-se na fala dessa jovem que a
gravidez não era desejada. ela optou pelo aborto por pressão do noivo e da
sociedade, alegando problemas financeiros.
Frente à gravidez, a única solução
encontrada por essa adolescente foi tomar uma cartela de primovlar,
indicada por uma tia. Não expelindo o feto totalmente, depois de 10 dias com
hemorragia, sua mãe a levou para o hospital para que realizasse a curetagem.
Nessa narrativa, nota-se a forte presença do círculo doméstico e a influência
das figuras femininas na resolução do aborto, ao lado da ausência da figura
masculina representada pelo noivo.
Em um outro relato de uma jovem de 18
anos também aparece o recurso ao aborto provocado. Esta adolescente, no momento
da entrevista (24/01/93), estava em sua segunda gravidez. Quando provocou o
aborto tinha 17 anos, em (05/92), sua primeira gestação, e o fez no primeiro
mês de gravidez.
A adolescente refere não ter optado
diretamente pelo aborto. Podemos perceber a presença de uma relação tumultuada
com os pais, levando esta jovem a deixar de fazer uso da pílula como método
contraceptivo.
Não
optei pelo aborto, nem sabia que estava grávida, passei nervoso com minha mãe e
deixei de tomar a pílula por um tempo, aí deu infecção urinária e abortei” (17 anos, aborto)
A adolescente informou que na tentativa
de sanar a dor da infecção urinária, fez uso do remédio Bactrim
F e de um outro que refere não lembrar o nome. Depois disso começou um
sangramento. A adolescente procurou um hospital e soube que havia feito um
aborto.
Mais uma vez, a única solução que restou
a esta adolescente foi recorrer ao aborto através do uso de remédios indicados
por terceiros, procurando posteriormente um hospital para finalizá-lo.
"...Eu
não sabia que estava grávida, não imaginei que pudesse ter abortado..." (17 anos, aborto)
Diante dos conflitos vividos no meio
familiar e da insegurança presente na fala da adolescente, nota-se um não
enfrentamento da situação objetiva - a gravidez. Isto se revela em relação a
sua própria saúde, quando ela se automedica, na tentativa de sanar a infecção
urinária e quando relata que soube que havia abortado.
Esta jovem fez uma curetagem em 05/92 e
no momento da entrevista (24/01/93 ) estava casada há
dois meses e grávida de três semanas. Nesta segunda gravidez relata ter
apresentado sangramento em 17/01/93 que, segundo informa , foi ameaça de
aborto. Assim como no caso da adolescente de 17 anos que tomou por conta
própria uma cartela de primovlar, a jovem de 18 anos
também se automedicou.
Temos mais dois relatos de aborto
provocado presentes em uma mesma família. As jovens são irmãs de 17 e 18 anos
no momento da entrevista. A adolescente de 17 anos, provocou seu primeiro
aborto aos 15 anos, através do uso de injeção, em uma farmácia, por indicação
do amigo do namorado, que teve como conseqüências uma ferida no colo do útero e
corrimento.
Sua irmã de 18 anos refere ter provocado
o aborto um dia antes da entrevista, fazendo uso do remédio Citotec,
indicado e fornecido por uma amiga, justificando: "Porque eu não quero ter o filho, estou muito nova
". Tendo em vista a ocorrência de um sangramento (aborto), a
adolescente refere sentir dores e iria fazer uma curetagem, no dia seguinte ao
da entrevista.
Estes relatos ilustram a atitude dessas
adolescentes frente a gravidez. Elas optam por tomar
remédios sugeridos/induzidos por terceiros para interromperem a gravidez e,
quando iniciam o processo de hemorragia, procuram um hospital, sentindo dores
após terem ingerido alguma medicação.
Tivemos um caso em que a adolescente
explicitou sua intenção de fazer um aborto. É o caso da adolescente que reside
e trabalha em um hotel, está namorando há 5 meses (há 2 meses, segundo informa,
"está brigada").
Com referência ao conhecimento e uso de
métodos anticoncepcionais informa ter conhecimento da pílula, injeção e
camisinha, mas não usava antes de engravidar, porque o médico disse que era
estéril.
A adolescente está em sua primeira
gravidez, apresenta sintomas como dor de cabeça, problemas urinários, enjôo e segundo informa sente "dor no pé da
barriga". Procurou um médico para fazer exames e saber se está realmente
grávida.
Quanto a dor que
sente, não tomou medicamento nenhum. A adolescente refere que tomou Cibalena com canela para abortar, por indicação de uma
amiga.
No momento da entrevista, o problema
ainda não foi resolvido e ela sente dores abdominais. A adolescente chora ao
fazer referência ao possível resultado positivo do exame, isto é, estar
comprovadamente grávida. A entrevistadora informa que retoma as perguntas sobre
as dores e observa que durante a entrevista a adolescente ficou apertando a
barriga com força, dizendo que ele tinha que morrer, que ela tinha que
abortá-lo.
A situação da ilegalidade do aborto
incentiva a ação de práticas como a desta adolescente, realizada de qualquer
maneira, sendo a única a qual elas têm acesso. As fontes de informações que
estas jovens possuem são de pessoas próximas, como amigas que o fizeram,
geralmente utilizando-se de remédios. Vemos que as conseqüências são graves,
pois chegam ao hospital com problemas decorrentes do aborto incompleto, por se
automedicarem. Muitas vezes a experiência da maternidade não planejada e de um
aborto feito na ilegalidade trazem condições de risco para a saúde da mulher.
Observamos no decorrer deste trabalho que a maioria das adolescentes deste
grupo pesquisado continuam não fazendo uso de métodos anticoncepcionais após o aborto,
ocasionando mais de uma gravidez.
Considerações
finais
Este trabalho teve como proposta a
análise dos discursos das adolescentes de 15 a 19 anos, grávidas e puérperas no
momento da entrevista. Procuramos enfatizar falas significativas ao que se
refere ao conhecimento e uso de métodos anticoncepcionais pelas adolescentes.
Observamos que existe uma lacuna entre o conhecer e o usar métodos
anticoncepcionais, constatada pelos discursos das adolescentes que referem não
estar usando nenhum método antes de engravidar. Elas possuem conhecimento
através de seu círculo de amizades e família, levando-nos a pensar que o
conhecimento nem sempre provém de fontes seguras. Tal afirmação atribui-se a
algumas respostas quanto ao uso de pílula indicada por amigas ou mulheres do
círculo doméstico.
Foi possível, através da leitura dos
questionários aplicados às adolescentes grávidas e puérperas de 15 a 19 anos,
notarmos que há considerável opção pela união livre com o companheiro. A partir
dessa união a vida das adolescentes passará por mudanças quanto à provável
formação de uma nova família juntamente com seu cônjuge/companheiro e a
maternidade.
Na população em estudo, houve jovens que
tiveram de uma a três gestações, com ocorrência de abortos provocados. Nos
casos de aborto, chamou-nos a atenção os riscos que acarretam para a saúde da
adolescente, pela maneira como são realizados, pois elas se automedicam e
quando surgem as conseqüências procuram às pressas um
serviço de saúde, principalmente um hospital. As conseqüências são graves, como
constatamos nos relatos de adolescentes que, após o aborto, tiveram
complicações com a gravidez seguinte.
Na condição de grávidas, as mais velhas
(18 e 19 anos) mostram interesse em realizar o pré-natal como um meio de
assegurar a saúde do futuro filho. Já na condição de puérperas, observamos o
"desinteresse" em retornar ao médico para receber orientações sobre
sua saúde e sua vida sexual. Exemplo dessa situação foram as
citações que referem não conhecer ou terem medo de fazer o exame de prevenção/papanicolau.
Temos assim adolescentes que iniciaram
sua vida sexual sem esclarecimentos quanto ao uso de métodos anticoncepcionais,
levando-as à gravidez não desejada/planejada e consequentemente ao aborto, em
alguns casos. De outro lado observamos a baixa freqüência das adolescentes aos
serviços de saúde, onde poderiam encontrar orientações e respostas às dúvidas
que tivessem quanto às formas de viverem sua sexualidade plenamente.
AGRADECIMENTOS
Agradecemos ao CNPq e à FAPESP
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Notas
[1] Profª Associada Departamento Materno-Infantil da
Faculdade de Saúde Pública da USP - bolsista CNPq/Pq
[2] Aluna de Graduação da Faculdade de Ciências Sociais -
USP, bolsista de iniciação científica do Departamento de Saúde Materno-Infantil
da Faculdade de Saúde Pública da USP.
[3] Socióloga, mestranda do Departamento de Saúde
Materno-Infantil da Faculdade de Saúde Pública da USP.
[4]. Socióloga, mestranda do Departamento de Saúde
Materno-Infantil da Faculdade de Saúde Pública da USP.
[5] Profª Associada do Departamento de Saúde
Materno-Infantil da Faculdade de Saúde Pública da USP.
[6] ProL Titular do Departamento de Saúde Materno-Infantil
da Faculdade de Saúde Pública da USP - bolsista CNPq/Pq
- End.: Av. Dr. Arnaldo, 715, 2° andar, sala 208, CEP 01246-904, São Paulo.
Tel: (011) 3061-5233 R 7702, 7703 - Fax: (011) 853-0240.
ANEXO
Quadro 1. Adolescentes no período gravídico - puerperal com história de aborto, segundo idade
na menarca e na 1a relação sexual.
Fonte
SCHOR, N.; FERREIRA, A. F.; PIROITA, K.
C. M.; MACHADO, V. L.; TANAKA, A. C. D'A.; SIQUEIRA,
A. A. F. Adolescência e Anticoncepção: Análise do Discurso das Adolescentes
Grávidas e Puérperas em Relação à Anticoncepção. Rev. Bras. Cresc. Desenv Hwn.,
São Paulo, 6(1/2), 1996.