PRÁTICAS DE EDUCAÇÃO DA CRIANÇA NA FAMÍLIA: A EMERGÊNCIA DO SABER TÉCNICO-CIENTÍFICO
Zélia
M. M. Biasoli-Alves[1]
Prof. associado depto.
psicologia e educação - FFCL RP USP.
Prof. assistente depto. psicologia e educação.
Maria
Helena G. F. Dias da Silva[3]
Prof.
dr. do depto. de didática.
1. Introdução
Provavelmente esta seja uma das colocações mais constantes no dia-a-dia da família contemporânea, pois os pais das gerações mais novas foram levados a rever escalas de valores pela vivência de conflitos e contradições entre a maneira como foram criados e a sua realidade cotidiana, no momento em que passam a ter a tarefa de educar os filhos (DOUMANIS, 1983). Observa-se que eles exacerbam características negativas da educação recebida ou acirram a rigidez e o autoritarismo anteriormente muito presentes, tendendo a atribuí-los apenas às pessoas, ignorando que podem significar condutas comuns a um projeto de sociedade próprio da época (SALEM, 1980).
Eles se põem, então,
a campo indo em busca de respostas. E é um contingente
grande onde se pode identificar os que dependem de
soluções porque enfrentam problemas para lidar com a prole, mas também os que
estão querendo se prevenir “de desarranjos futuros e até quem tenha sempre uma
grande curiosidade”, uma necessidade de “se atualizar, porque esse assunto de
criação de filhos é muito interessante”. Trata-se, segundo NICOLACI DA COSTA
(1987. 1991), do enfrentamento da crise originária da contestação de vários
aspectos do sistema simbólico das gerações anteriores.
Mas, o que se
observa é que buscar orientação para lidar com a prole tem significado, para as
gerações mais novas, viver um processo constante
de insegurança, em que no lugar do “velho” ficam muitas opções, todas válidas
ou criticáveis, uma vez que, dependendo da fonte de onde elas vêm, elas irão
direcionar diferentemente a sua ação e atenção, contrariamente ao que acontecia
no passado em que um tipo único de “conselho” costumava ser dado às jovens
mães.
Os estudos nessa
área demonstram claramente este processo de ambivalência. WHITING (1972) há
mais de vinte anos salientava que, apesar de ter acesso às informações baseadas
nas concepções que secularmente orientaram os pais (o folk
wisdom[4]), já não se
confia mais nelas. A isto vem se juntar a diversidade
na fala dos especialistas que, em função do ponto de vista teórico adotado
produzem discursos diferentes quanto ao que é considerado como certo e errado
na maneira de a família cuidar e educar suas crianças.
Não é pois de
estranhar que a tarefa de educar os filhos no mundo contemporâneo mostra-se
permeada por inúmeras dúvidas e contradições: há pais que relatam não conseguir
definir com clareza qual a melhor maneira de agir, outros dizem que eles têm
uma série de idéias mas não conseguem traduzi-las em atitudes, e outros ainda
afirmam, após terem conseguido ambas as coisas, estarem insatisfeitos com os
resultados obtidos com a criança ou com o jovem (BRONFEN BRENNER. 1985;
NICOLACI DA COSTA. 1987; PETZOLD, 1994).
Para compreender
este quadro é necessário, contudo, primeiramente que ele seja inserido no
contexto que lhe deu origem: as sociedades urbanizadas e industrializadas onde
acontece uma alteração profunda, rápida e constante de
valores, inclusive dos familiares, havendo a recusa do antigo, também
chamado de tradicional, e a conseqüente procura do novo ou moderno.
Numa revisão da literatura DIAS DA SILVA (1991) discute essas alterações inequívocas da sociedade contemporânea e aponta alguns fatores que mudaram a vida brasileira nos últimos 50 anos, com implicações imediatas na educação dos filhos das famílias de camadas médias urbanas, tais como: A valorização da família nuclear, em detrimento da extensa, havendo também a segregação em relação à vizinhança; O aumento dos meios de comunicação de massa, o aparecimento da televisão; O aumento da escolarização, principalmente das mulheres que progressivamente tiveram acesso à universidade; A super valorização do consumo e o abandono do folclórico; A questão da mulher, os movimentos feministas, o trabalho extra-lar e as mudanças nos papéis tradicionais provocando modificações no código assimétrico dos papéis na família; A divulgação do enfoque psicológico; O surgimento de pré-escolas e a institucionalização dos cuidados maternos substitutivos.
De fato aconteceram
alterações fundamentais, e, pode-se dizer que estas caracterizam a transição do
modelo tradicional - controlador, assimétrico e autoritário -
para um modelo dito “moderno”, mais centrado na criança, que valoriza a
comunicação e a independência dos filhos, e que alerta para a falta de
uniformidade nas atitudes e pontos de vista dos adultos no lidar com as
gerações mais novas, mas que, ao mesmo tempo, não consegue definir um sistema
único para a educação.
É esta situação que
leva a que a comunidade acadêmica - sobretudo dos profissionais da área de
educação - seja solicitada a divulgar aos leigos os conhecimentos adquiridos ao
longo de seus estudos e trabalhos de pesquisa, tidos como científicos (portanto
os corretos e seguros) e capazes de dizer como levar a efeito uma educação que
possa, ao mesmo tempo, promover o desenvolvimento da criança, ser adequada para
o adulto em que ela deverá se tornar
factível para os pais (BIASOLI-ALVES, 1992).
Avolumam-se, então
os pedidos para palestras, atendimentos, cursos e a justificativa dada é sempre
na mesma direção:
“A gente não sabe mais como fazer, porque tudo dá errado.., os filhos da gente estão sempre reclamando.., indo mal na Escola... chegando tarde em casa, preocupando a gente porque nunca se sabe o que eles estão fazendo, se não estão mexendo com drogas... então, a gente tem mesmo é que procurar ajuda, procurar o psicólogo, porque ele sabe como orientar..”
2. Objetivos
Novos tipos de questões emergem dessa constatação
de procura freqüente por orientação pela família: Que direções vêm seguindo os
discursos dos especialistas? Quando e como surgiram? Em que estão
fundamentados?
Tentar responder às
indagações dessa natureza exige que primeiro possa-se traçar as linhas gerais
da evolução, mostrando o que permanece, o que se altera, o que desaparece, o
que há de novo. Segundo, que se identifique qual o ideário subjacente às diferentes
épocas. E, esses são os objetivos desse estudo, que visa:
- Contribuir para o
aprofundamento da análise do processo de alteração das práticas de educação da
criança, ao longo deste século, no Brasil;
- Verificar o tipo
de orientação que os pais procuram para criar e educar os filhos e quais seguem
mais de perto;
- Estudar as
concepções que norteiam as atitudes assumidas pelos pais na educação dos
filhos, face às possíveis influências de orientações recebidas.
3. Método
Para tanto, dados de
três pesquisas foram selecionados, analisados e seus resultados entrelaçados,
visando traçar a evolução de alguns aspectos das práticas de educação da
criança levadas a efeito pela família, a procura de orientação para cuidar e
educar, bem como os fatores do contexto sócio-histórico associados.[5]
3.1. Estudo A
O Estudo A
caracterizou-se por uma análise das informações e orientações veiculadas em uma
revista católica (Revista Família Cristã - RFC), destinada a leigos, voltada
para a família e publicada no Brasil pelas Irmãs Paulinas,
ao longo da maior parte do século XX. Ao todo foram qualitativamente analisados
176 números.
Os objetivos dessa
pesquisa foram: Descrever os assuntos dedicados à criança, ao papel do pai e da
mãe, à educação e responsabilidade familiar; estudar o ideário subjacente aos
conselhos e orientações passados aos leigos pela Igreja Católica, extremamente
presente e atuante no Brasil [6];
identificar, no material escrito, dirigido à família,
a emergência do conhecimento técnico - científico como um guia para os pais.
3.2. Estudo B
O Estudo B
caracterizou-se pela coleta de dados através de entrevistas, usando o Roteiro
Definitivo de Dias da Silva (DIAS DA SILVA, 1986), com mães que tiveram e educaram
seus filhos em momentos diferentes, ao longo do século XX.
Mães que criaram os
filhos nas décadas de 30 e 40;
Mães que criaram os
filhos nas décadas de 50 e 60;
Mães que criaram os
filhos nas décadas de 70 e 80.
Os objetivos desse
estudo foram: Analisar as práticas de educação de crianças de camadas médias,
cuja infância aconteceu em momentos diferentes do século XX; verificar as
fontes de orientação que as mães procuravam e seguiam para poder educar seus
filhos; identificar os conceitos e valores expressos por mães de gerações
diferentes sobre filhos, vida familiar, papel da mulher e do homem.
3.3. Estudo C
O Estudo C tomou por
base entrevistas realizadas segundo o Roteiro Estruturado de Biasoli-Alves e Graminha de 1977 (BIASOLI-ALVES, 1995) com
110 mães de camada média, sendo a maioria de nível educacional alto, que
estavam criando os filhos no início da década de 80.
Os objetivos desse
estudo foram: Descrever, de forma minuciosa, as práticas de cuidado e educação
de crianças - desde bebê até 8 anos de idade; identificar os problemas de
comportamento relatados pelas mães, suas dificuldades em lidar com o filho;
identificar as fontes de orientação que costumavam procurar para indicar-lhes
como proceder, nas diferentes situações; identificar suas concepções sobre o
sistema de educação que levavam a efeito com a prole e o que seria ideal [8].
Os dados desses três
estudos passaram por sistemas diversos de análise que incluiu:
- Análise Quantitativa-Descritiva;
- Análise Quantitativa-Interpretativa;
- Análise
Qualitativa.
Na Análise Quantitativa-Descritiva, a partir de dados das entrevistas
estruturadas, foram exploradas as respostas tal como apresentadas pelos
sujeitos às questões referentes à procura de orientação. Em seguida procedeu-se
à contagem de freqüência, cálculo de porcentagens e elaboração de figuras.
A Análise Quantitativa-Interpretativa consistiu em fazer um
levantamento do conteúdo investigado através do Roteiro Definitivo, em que o
aspecto saliente das informações dadas pelas mães dizia respeito as suas
atitudes de buscar ou não um conselho ou uma direção para sua ação na criação e
educação dos filhos e construir categorias em função do significado desse
conteúdo. Depois, retornar aos relatos, categorizar as respostas, contar
freqüência, calcular porcentagem e elaborar figuras.
A Análise
Qualitativa aplicada aos dados do Estudo A e parte do Estudo B consistiu em
seguir o modelo elaborado por BIASOLI-ALVES & DIAS DA SILVA (1992) que
propõe uma sistematização, cujo produto é fruto de um movimento constante entre
os dados, a abordagem conceitual e a literatura, e que tem o objetivo de
“desenhar” um quadro significativo e compreensivo do objeto sob estudo.
4. Resultados
Os resultados das análises permitem a descrição
de 5 temas:
4.1. A Evolução no ideário
As orientações
passadas às mães pela RFC, bem como o ideário a elas subjacente e os valores
atribuídos às práticas de educação podem ser descritos diferentemente segundo
três momentos: O Ponto de Partida - Década de 30, Período Intermediário
- Décadas de 40/50, e Período mais Recente - Décadas de 70/80.
Entretanto, para que
se possa comparar esses momentos, tornou-se necessário
selecionar alguns tópicos e relatar o que a RFC expressou em cada um deles, nas
três épocas consideradas, tendo-se um conjunto de 6 questões gerais
representadas pelas siglas correspondentes como se segue:
Quais os conceitos
que serviram de guia para a educação (CG)?
O que era definido
como educar (CE)?
Quais as regras
práticas para se educar uma criança (RP)?
Qual o papel e a
imagem da criança (PI)?
Quais os objetivos de se educar a criança (OE)?
Qual o papel da
família, do pai e da mãe na educação da criança (PF)?
4.1.1. Caracterização da década de 30 - o ponto de
partida
CG - Os Conceitos
Guia desse momento são dois: A experiência passada de geração para geração; A
religião como fonte de ideais e de energia para materializá-los.
CE- Educar em 1930
é: Seguir a religião; Lutar contra o demônio; Evitar as influências do inundo;
Dar bons exemplos; Vigiar a criança.
RP — As
Regras Práticas definem-se por: Estabelecer um forte laço afetivo entre a mãe e
a criança; Dar ordens firmes; Corrigir todas as faltas; Evitar elogiar a
criança; Ser consistente; Ser exigente, mas dentro das possibilidades da
criança; Controlar emocionalmente a criança; Evitar dar explicações.
PI — O Papel e a
Imagem da criança trazem a expectativa de que: O seu comportamento, para ser
bem visto, deve se aproximar do adulto; A criança deve ser madura, pura,
mártir; A criança deve se comportar de acordo com o desejado pelos adultos, a
despeito de suas necessidades ou vontade.
OE - Os
Objetivos da Educação estão em: Formar santos para o céu e cidadãos para a
terra; Desenvolver a obediência; Estimular uma til
ardorosa e ao mesmo tempo uma humildade a toda prova; Ensinar o desprendimento
dos bens terrenos e a piedade; Manter a pureza da criança (castidade); Promover
a firmeza de caráter.
PF - Os Papéis na
Família vêm claramente expressos: A mãe é o elemento central na educação da
criança, conseqüentemente qualquer falha nesta tarefa é de sua inteira
responsabilidade; O pai é o grande ausente.
4.1.2. As décadas
intermediárias 40-50
CG - Os Conceitos Guia
nesse momento focalizam a atenção em dois pontos: Na pediatria norte -
americana; No conhecimento sobre o desenvolvimento infantil.
CE - Educar
passa a ser então: Seguir os conselhos do pediatra para o banho, para
alimentação e vestimenta do bebê; Promover o seu desenvolvimento psicomotor;
Propiciar amigos e atividades para a criança; Dar amor e carinho limitados pela
autoridade; Tratar todos os filhos do mesmo modo; Conversar com as crianças;
Controlar positivamente o seu comportamento.
RP - Dando continuidade
à nova conceituação sobre educação infantil, as Regras Práticas vão incluir:
Estimular o bebê com sons, movimentos, formas e cores; Dar à criança liberdade
de movimentos; Propiciar a ela brinquedos, animais, livros e revistas;
Repreendê-la apenas de maneira calma, e quando estiver sozinha com os pais,
evitando causar-lhe vergonha.
PI - Nesse
período as descrições de crianças, ao longo dos artigos da RFC, dão a ela uma
imagem associada a bem-estar, definindo a infância como uma etapa da vida plena
de felicidade, por outro lado, o papel da criança na família sofre uma mudança
radical, a ponto de os pais serem orientados a: Colocá-la como o centro das
atenções; Terem o dever de compreendê-la e dar espaço para suas necessidades;
Induzi-la ao bom comportamento, mas sem fazer quaisquer imposições.
OE - Os Objetivos
da Educação focalizam assim: Formar pessoas moral e
emocionalmente sadias; Desenvolver obediência sem passividade; Estimular
a curiosidade, a autodeterminação e boa auto-estima; Desejar que a criança seja
alegre.
PF - Outras
novidades estão presentes nesse tópico, nas décadas intermediárias: A mãe
continua a ser o elemento central na educação da criança, mas o pai deve
participar também; Os pais são responsáveis pelo bom relacionamento com a
criança; Eles devem conhecer e compreender seu filho.
Passados pois dez a vinte anos
do início da publicação da RFC no Brasil, a análise dos mesmos tópicos,
identificados para descrever a década de 30, revela uma outra linguagem na
maneira de os articulistas se dirigirem aos pais e, sem dúvida, um outro
conteúdo nas mensagens que veiculam.
4.1.3. O período recente 70-80
CG - Os Conceitos
Guia passados aos pais nesse período estão focalizados em especial em dois
profissionais: O Pediatra orienta quanto à alimentação, às vacinas, doenças
infantis, riscos de acidentes e desenvolvimento físico; O Psicólogo dá
orientações a respeito da vida emocional e seus problemas.
CE - A
Educação é definida por: ter cuidado extremo com a criança porque é na infância
que se originam os problemas e as dificuldades do adulto; Prover as condições
de tal forma a que a criança possa desenvolver sua individualidade e sua
independência; Equilíbrio entre exigência, autoridade e permissão (liberdade);
Comunicação com a criança dando-lhe todas as explicações possíveis.
RP - As
Regras Práticas passadas aos pais falam em: Evitar as discriminações entre os
papéis masculino e feminino; Estimular, através de atividades propostas, o
desenvolvimento intelectual: Evitar a permissão constante da TV; Aceitar como
naturais as manifestações agressivas e sexuais da
criança.
PI - A descrição da
infância enquanto primeira etapa da vida traz, nesse período, a conotação de:
Tempo de preparo para a vida adulta, o que implica em que a criança seja muito
cuidada, para evitar problemas futuros; Tempo em que ela já mostra a sua
individualidade - as suas idiossincrasias - o que sobrecarrega a imagem
de crianças únicas que devem ser respeitadas nas suas características e
educadas de acordo com suas particularidades.
OE - Os
Objetivos da Educação são definidos agora como: Formar pessoas emocionalmente
sadias; Desenvolver a maturidade, o autocontrole; Estimular a independência
emocional e para executar as coisas; Levar ao autoconhecimento.
PF - O Papel da
Família aparece definido de forma estrita, e anulam-se as diferenças entre a
função masculina e a feminina, de tal modo que: O pai deve dividir com a mãe a
tarefa educacional; A família é inteiramente responsável pelo vir-a-ser da criança.
Portanto, mais 10 a
20 anos e consolida-se a tendência anteriormente iniciada de levar os pais a
focalizarem sua atenção nas falas dos especialistas - pediatras,
psicólogos, mas também fonoaudiólogos, fisioterapeutas - dando a elas o
status de discurso científico, e portanto verdadeiro e suficiente para que a
educação da criança aconteça “dentro dos melhores moldes”.
4.2. As fontes de
orientação procuradas pelas mães de diferentes épocas
Com base no relato
das mães que participaram do Estudo B, buscou-se agrupar o conteúdo, segundo
seu significado. Chegou-se a um sistema composto por
cinco categorias, considerando-se os critérios de exaustividade e
exclusividade, definidas da seguinte maneira:
A) Sabedoria Popular - Agrupando respostas
concernentes à procura de conselho com a sogra, a mãe, as amigas, as comadres,
os parentes, enfim, as pessoas de maior experiência;
B) Cientificista - Agrupando respostas
concernentes à procura de orientação básica em livros e/ou revistas, ou com
especialistas - médicos, psicólogos, professores;
C) Experiência pessoal - Agrupando
respostas que dão como fonte básica para a conduta com os filhos, o próprio
sistema em que a mãe foi criada ou sua experiência, ajudando e conduzindo
outros processos de educação;
D) Parceiro - Agrupando respostas
indicativas de ser o companheiro (o pai) a fonte de informação e orientação;
E) Escolaridade -
Agrupando respostas que indicavam que a mãe considerou seus estudos
acadêmicos como fonte importante de norteamento para suas práticas de educação
com os filhos.
A figura 1 resume os
resultados obtidos a partir da categorização das respostas a algumas questões,
contagem de freqüência de aparecimento de cada uma e cálculo de porcentagem.
Figura 1 - Comparação de épocas
O que se pode observar na figura 1 é que para as mães das décadas de 30-40 é evidente a origem das suas atitudes e crenças sobre criação dos filhos no sistema em que foram educadas, aliando-se a ele os conselhos de suas mães, sogras ou parentes mais experientes (Sabedoria Popular).
A época seguinte -
décadas de 50-60 - revela um perfil semelhante pois todas as mães
consideraram sua própria criação como ponto decisivo para nortear
sua ação com os filhos e várias delas costumavam se aconselhar com suas
mães, comadres e parentes. São poucas as entrevistadas que recorrem a livros ou
revistas sobre o tema.
Já as décadas de
70-80 evidenciam mães com um padrão diferenciado uma
vez que a grande maioria costumava evitar repetir as ações das suas mães,
raramente buscavam conselhos com elas ou com a sogra, e mesmo com as amigas,
sobre as atitudes a serem tomadas com os filhos. Por outro lado, é quase
unânime a procura cientificista de orientação, com base em livros, artigos de
revistas ou conselhos de pediatras e psicólogos. Também o marido é visto (pela
metade do grupo) como conselheiro em muitas situações.
Posteriormente um
sistema de análise qualitativa das respostas das mães foi levado a efeito
(segundo o modelo proposto por BIASOLI-ALVES e DIAS da SILVA. 1992) e seus
resultados, tomando por base algumas verbalizações selecionadas, podem desenhar
uma evolução tanto na forma de conceber as práticas educativas, quanto no valor
e origem dos conselhos dados às famílias.
4.2.1. Mães das décadas de 30-40
Que orientações buscaram e seguiram?
“Eu segui a orientação da minha mãe,
ela sempre nos orientou muito bem. Então, é uma tradição que a
gente já traz. A minha sogra também criou os filhos, vêm de família
isso.”
“Eu acho ....... quando ela me dava uma orientação (a sogra) eu já ficava mais ciente do que eu
ia fazer...com a orientação dela eu estava mais segura... era com ela,
uma pessoa de idade, que tinha prática...”
“Eu acho que o pediatra não é
importante (se bem que agora já nasce com o pediatra do lado, né?). Porque a gente sabe o que a criança pode
tomar, a idade que pode dar o alimento, as papinhas,
os suquinhos... Tudo aquilo que a gente sabe fazer
não precisa da orientação dele “.
4.2.2. Mães das
décadas de 50-60
Que orientações buscaram
e seguiram?
“Eu ia criando.., sempre você traz aquilo que aprendeu e automaticamente
você transmite.”
‘Mãe é mãe. Então ela sabe a hora que deve cuidar, corrigir, castigar
Está na gente.”
“Eu já era tão experiente.., porque eu criei minhas sobrinhas, então, foi
uma continuação...”
“Algumas tiveram acesso à leitura da revista Família Cristã, considerada
uma revista boa, porque quem escreveu tem muita experiência no que está
escrevendo.”
O pediatra aparece
como figura fundamental apenas no aspecto de orientação quanto à saúde e
higiene da criança.
“Quando pequenos, eu sempre levei. No começo, levava todo mês para controlar... Mas, em questão de educação ele não orientou nada”.
4.2.3. Mães das
décadas de 70-80
Que
orientações buscaram e seguiram?
“...É muito importante um papo com qualquer um que
tenha filhos... mas você não deve se deixar levar por tudo o que
ouve, porque certas orientações- mais atrapalham do que ajudam.”
Essas mães não têm
por norma dar ouvidos a sugestões ou conselhos de suas
mães ou sogras, até porque acham que elas são ultrapassadas ou pouco
instruídas. Por outro lado, não dispensam a leitura seja de revistas femininas,
manuais para pais, e até textos mais especializados.
“Tudo que cai na minha mão sobre criação de filhos eu leio...”
Elas também não
dispensam a orientação do especialista - psicólogo, médico pediatra ou
mesmo o professor, e afirmam:
“Eles sabem mais do que a mãe, tem mais estudo, mais experiência...”
4.3. A procura de
orientação seguindo a idade/sexo da criança
As respostas das
mães a diferentes questões do roteiro de entrevista utilizado no Estudo C
permitiram que fossem feitas análises vinculadas a algumas variáveis, tais como
idade e sexo da criança e a procura (tipo) de orientação.
Assim, a figura 2
mostra resultados que possibilitam comparar meninos e meninas, em cada uma das
idades - de 3 a 8 anos e a figura 3 traz as porcentagens de procura de cada
tipo de orientação pura educar meninos e meninas.
Figura 2 - Procura
de orientação para meninos e meninas (3
a 8 anos)
Figura 3 -
Porcentagem por tipo de recurso procurado
Uma síntese desses resultados quantificados mostra que: Existe pouca alteração no número de tipos de orientações procuradas pelas mães em função da idade do filho focalizado na entrevista; Por outro lado, há certa diferença no traçado das figuras de meninos e meninas, sendo bem evidente que as mães de meninos tendem a buscar um número maior de tipos de orientação (média de 3,7 por sujeito feminino e 4,2 por sujeito masculino); Outro aspecto que se pode observar é que variam ligeiramente as “idades pico” para procura de orientação para o sexo feminino - por volta dos 4/5 anos - e masculino - 6/7/8 anos; Existem diferenças marcantes entre os diversos tipos de orientações procuradas, com predominância do Médico Pediatra, do livro de Delamarc e da Própria Experiência. Chama atenção também o fato de que as mães de meninos procuram mais o psicólogo, lêem e fazem cursos enquanto que as mães de meninas mais freqüentemente baseiam-se na própria experiência ou ouvem sua mãe, sogra e o médico.
Posteriormente as
respostas das mães foram agrupadas em classes mais gerais, de tal forma a
permitir separar o que se definiu como “Cientificismo”, “Sabedoria Popular” e
“Experiência Pessoal”.
Cientificismo:
englobaria a procura do Médico Pediatra, dos livros de Psicologia, do Manual Delamarc, de revistas de divulgação em Psicologia, Cursos e
Psicólogo.
Sabedoria Popular:
incluiria buscar o conselho e/ou a opinião de pessoas mais velhas como mãe,
sogra, tias.
Própria Experiência:
estaria baseada em vivências de outros processos de educação de crianças, mas
também o conhecimento teórico adquirido na formação profissional.
A figura 4 apresenta
as respostas das mães nessas três categorias, para cada um dos sexos.
Os resultados a
partir dessa categorização mostram o predomínio do Cientificismo para as mães
que estavam criando seus filhos na década de 80, e mais o fato de que existe
uma diferença vinculada ao sexo da criança - 59% para mães de meninas e
72% para mães de meninos.
Esses dados
coincidem com os dos Estudos A e B, mostrando que a partir da década de 50
tem-se a consolidação do Cientificismo na educação da criança para mães de
camada média da sociedade brasileira, seguindo uma evolução que vai da
acentuação da influência do pensamento médico higienista até chegar a um
ideário de cunho psicológico nos anos 80/90.
Figura 4 - Agrupando cientificismo,
sabedoria popular e própria experiência
4.4. Orientações seguidas e a procura de soluções
para os problemas com o filho
Buscando algumas
complementações nos dados do Estudo C construi-se a figura 5 que dá as
porcentagens das orientações seguidas pelas mães, em seguida as figuras 6 e 7
que especificam o tipo de orientação procurada quando a criança apresenta
problemas, levando-se em conta as variáveis idade e
sexo da criança.
Figura 5 - Fontes de orientação
seguidas mais de perto
Figura 6 — Procura de orientação
quando há problema.
Figura 7 -
Índice de procura para solucionar problemas segundo o sexo e a idade
Respondendo à questão
sobre as fontes de orientação que mais seguiram as mães, relataram que buscaram
primeiro o pediatra (46%), depois a própria experiência (21 %), seguido do
livro do Delamare (13%).(figura 5).
Complementando esses
dados, as respostas às questões sobre a procura de orientação para lidar com
problemas que surgiram quanto à criação e educação do filho até os 8 anos de
idade, observa-se que nesse momento a figura do marido torna-se preponderante (30%),
até sobre a do médico (22%) e do próprio psicólogo (14%). (figura 6).
Isto está de acordo com as afirmações das mães de que costumam conversar com o
pai para chegar a um consenso quanto ao que fazer, inclusive se é ou não
necessário buscar ajuda fora, o que leva a que se tenha uma porcentagem
relativamente pequena (12%) de famílias que, no momento presente, têm
orientação de profissionais para lidar com o filho.
4.5. As
avaliações das práticas de educação ao longo das épocas
Por fim, algumas
questões de cunho mais avaliativo foram sendo sugeridas às mães, a partir de
seu próprio relato, e buscou-se nas comparações que surgiram naturalmente
apreender o significado “do educar antigamente e hoje”, indagando primeiramente
qual a prática utilizada, os efeitos observados e depois que conceito as mães
faziam da educação da criança em momentos diversos daquele em que cuidaram dos próprios filhos, o que implicava em verificar
nos dados o que elas sentiram como crianças, na sua casa de origem, e como
analisavam as gerações que vieram depois da sua enquanto socializadores.
4.5.1. Décadas de 30-40
“Acho que a criança de antigamente era melhor do que a de hoje... as pessoas eram mais exigentes com a gente...”
“Agora tudo tem que deixar fazer! Coitadinho, depois ele fica com
trauma... Parece que as mães não podem corrigir, dizer não, que já dá trauma
na criança!”
“Acho que com tantos cursos que tem hoje, com tantos livros, parece que ao invés das crianças estarem mais bem educadas, elas estão mais mal educadas... Eu não preciso ler livro para por em pratica uma coisa que eu acho boa para eles.”
As críticas são
unânimes ao “excesso de liberdade que as mães hoje dão a seus filhos”,
ao fato de que “elas deixam as crianças fazerem muita coisa que não devia”,
e de que “não se tem mais aquela autoridade que se tinha
com os filhos”, e tudo então “está uma coisa louca.., e eu acho que as
crianças é que vão sofrer..”
4.5.2. Décadas de 50-60
“Eu disse não para meus filhos e ninguém ficou traumatizado. Hoje as
crianças não sabem respeitar ninguém, pode tudo”
“Antigamente você educava filho e achava que estava fazendo o bem.
Hoje em dia...”
“Hoje em dia as mães complicam ......... Antigamente era mais natural...
E as crianças podem tudo, não têm freio... e eu acho que se deixar tudo a
criança desaprende...”
“A gente precisa ver o resultado depois, né?
Vamos ver o futuro dessas crianças como vai ser..”
4.5.3. Décadas de 70-80
“A mãe não pode ser o carrasco do filho... e já percebi que certas coisas se aprendem sem exigir...”
“Não se deve reprimir a criança... não se deve inibir o potencial que e/a
tem porque isto traz problemas mais tarde...”
“Exigente eu nunca fui... e não existe isso de não pode hoje não pode nunca... rigidez só atrapalha...”
Esse discurso das mães demonstra a existência de contato e aceitação de certa linha de orientação calcada em “conhecimentos psicológicos” sobre o desenvolvimento infantil, e leva-as freqüentemente a tomar para si os encargos e a culpa, admitindo que para educar é necessário ser quase perfeito e que, se antigamente:
“...a
cabeça era diferente, era outro mundo! Era aquilo que tinha que ser
naquela época...mãe não conversava não... a preocupação de antigamente
era comer, se vestir porque tá frio, não tomar
chuva...”
Hoje, é preciso:
“... superar nosso
drama, nossas falhas, nossos problemas.”
E ainda assim,
enfrentar:
“... a preocupação com
o futuro, se vai ser feliz, realizado, se vai fazer o que quer...”
5. Discussão
Observando os dados
de cada um dos estudos pode-se afirmar, primeiramente, que a Revista Família
Cristã mostra uma evolução na forma de conceber a educação da criança e a
orientação dos pais, da preocupação religiosa, salvação da alma. Na década de
30, ela passa pela visão paradisíaca da infância, na década de 50 atinge o conceito de que educar é preparar
para o futuro. Em 80, quando é enfatizado que a expectativa de uma boa educação
está em cumprir o critério de “construir” um indivíduo adulto que se aproxime
do ideal — uma pessoa independente, capaz,
competitiva, profissionalmente realizada e emocionalmente “equilibrada”.
E, para que isto aconteça é imprescindível a ajuda do
profissional, visto como detentor de um conhecimento fundamentado na pesquisa
científica.
Esse dado chama atenção por se tratar de famílias
de camada média em que o valor atribuído aos tratamentos com profissionais é
muito alto, sobrepujando qualquer outro no que tange ao cuidado a ser
dispensado à criança para garantir um desenvolvimento saudável. Da mesma forma,
poder-se-ia achar incompreensível que a figura paterna assumisse tal
importância não fosse o fato em que se está num momento crítico em que os pais
estão sendo constantemente chamados a participar do processo de educação dos
filhos, devendo dar sua contribuição em presença, contato e orientação.
A união dos dados desses três estudos põe em
evidência o surgimento e a busca do conhecimento científico na década de 50,
mas, em especial, no final da década de 60 em diante, ele se faz acompanhar de
alterações nas práticas de educação ao mesmo tempo em que explica porque, no
mundo contemporâneo, as famílias de Camadas médias têm, nesta tarefa, um pólo
de duvidas e contradições.
Assim, as mães das
décadas de 30-40, baseadas em uma concepção que priorizava a necessidade de
controlar e disciplinar a criança, adotaram um ideário que incluía um nível
alto de exigências, com pouca comunicação com os filhos e pouca comunicação de
afeto, valorizando sobretudo o desenvolvimento de bons hábitos e normas de
convivência social. A independência da criança não tinha importância especial,
e a sexualidade “era para ser inibida”.
As mães das décadas
de 50-60 atribuíam igual importância às exigências e à afetividade. o que as
levava tanto a impor normas quanto a acariciar e elogiar os filhos. Ainda é
baixo o valor dado à independência das crianças, assim como a necessidade de
comunicação com elas.
Por outro lado as mães mais jovens procuram estabelecer com os filhos um
sistema com um nível mediano de flexibilidade, de exigências, promovendo a
independência da criança e valorizando a comunicação com ela. Essa geração
passa a atribuir especial importância à demonstração de afeto.
Fazendo-se alguns
paralelos, e focalizando sobretudo os dados do Estudo A, pode-se ver que:
“A emergência do conhecimento técnico-científico tem um primeiro momento
a partir da década de 50, que se caracteriza pelo predomínio da veiculação de
informações de Puericultura e de Psicologia ligadas ao desenvolvimento infantil
(CAIDANA, 1991). A isto corresponde uma proliferação de manuais para pais, uma
ampliação das seções sobre educação de filhos nas revistas femininas, e começam
a surgir as primeiras palestras e conferências para
pais”. (DIAS da SILVA, 1991).
Nesse período,
fatores sociais mais amplos estão em gestação, como: O acesso à Universidade
nas camadas médias da população, especialmente das mulheres; A modernização do
discurso da Igreja Católica; A mudança nos papéis sexuais e na organização
familiar.
Um segundo momento
de emergência do conhecimento técnico-científico inicia-se nos anos 60-70, e
seu eixo básico é a Psicologia Clínica, voltada para a saúde
emocional. Uma nova correspondência com fatores sociais amplos pode ser
feita, incluindo: A influência maciça da cultura norte-americana; O surgimento
do movimento feminista; A divulgação do embarque psicológico; A desvalorização
do folclórico e a super valorização do consumo.
Nesse momento a
infância deixa de ser valorizada como um período da vida importante por si
mesmo, como foi visualizada pelas idéias ligadas à Puericultura e a Psicologia
do Desenvolvimento. E isto sugere que, atualmente talvez se olhe menos para a
criança enquanto tal, procurando-se nela, a todo o momento, o adulto no qual
ela deverá se tornar, diminuindo o tempo da infância (POSTMAN, 982) e
alterando fundamentalmente o conceito do que deve ser o cotidiano nesse período
da vida (BIASOLI-ALVES; CALDANA& DIAS DA SILVA, 1994).
Inúmeras são as
tentativas de resposta. Entre elas surge a linha de pesquisa que privilegia a
análise da evolução das idéias, dentro da sociedade brasileira, acerca da
procura de novas e melhores formas de educar, que se alia a
recusa do saber das gerações mais velhas. Tal enfoque tem por base a idéia de
que “do conhecimento do velho possa vir uma compreensão mais acurada das falhas
e incongruências dos sistemas de educação de que se vem utilizando nas últimas
décadas”, chegando talvez a possibilidades de novas propostas, mais
pertinentes.
Nelas, dois
aspectos podem ser salientados como particularmente responsáveis, estando ambos
intimamente ligados. Em primeiro assiste-se a uma rápida, profunda e constante
alteração de valores, havendo a “recusa do antigo (tradicional) e a conseqüente
procura de “novo” (moderno). Em segundo
lugar, o poder técnico e científico assume importância cada vez maior, o que
assegura a valorização de especialistas, médicos ou psicólogos, vistos
conselheiros modernos e fontes para obtenção de orientação que minimize a
ansiedade dos pais (GUNDELACH, 1991; CALDANA; BIASOLI-ALVES&SIMIONATO,
1992; BIASOLI-ALVES, 1995).
Em oposição ao ETHOS tradicional, que pressupõe a adesão ao conjunto de valores partilhados pelo próprio grupo e a existência de regras e papéis externamente definidos, a modernidade prima ainda pela valorização da idiossincrasia, pela inexistência (ou quase) de regras explícitas e externas, ficando a cargo de cada um decidir sua forma de agir, coerentemente com suas crenças particulares (FIGUEIRA, 1987)
BIASOLI-ALVES,
Z.M.M. Discutindo o desenvolvimento infantil e do adolescente. Cad. Terap. Ocup.
UFSCar- Ano 111-3(1): 1-37, 1992.
BIASOLI-ALVES,
Z.M.M. Família, socialização e desenvolvimento: as práticas de educação da
criança, 1995 Tese de Livre-Docência- FFCL RP USP -Ribeirão Preto.
BIASOLI-ALVES, Z.M.M., CALDANA, R. H.L., DIAS da SILVA, M.H.F. Childrearing process in brazilian families in the last decades- Book of
Abstracts: Psychosocial Perspectives on Childhood - V 1- 23rd International
Congress of Applied Psychology, Madri, ISAP, 1994, p.
538.
BIASOLI-ALVES, Z.M.M.;
DIAS da SILVA, M.H.G.F. Análise qualitativa de dados de entrevista. Cad.
Psicol. Educ. Paidéia, 2(2):6 1-69,1992.
BRONFENBRENNER, U. The
three worlds of childhood. Principal,
64(5):6 -11,1985.
CALDANA, RHL
Família, mulher e filhos - três momentos numa revista católica
brasileira (1935 a 1988), 1991 (Dissertação de Mestrado – UFSCar).
CALDANA. R.H.L.;
BIASOLI-ALVES,Z.M.M. Educação da criança numa revista católica brasileira: o
trajeto de 1935 a 1988. Cad. Psicol. Educ. Paidéia, 2(4):45-52, 1992.
CANDIANI, M. O papel
masculino dos anos quarenta aos noventa: transformações no ideário, 1997.
(Monografia de Conclusão de Curso - FFCL RP USP)
DIAS da SILVA, M.I
1.G.F. A educação dos filhos pequenos nos últimos 50 anos: a busca do melhor?
1986.(Dissertação de Mestrado –IPUSP).
DIAS da SILVA,
M.M.G.F. (1991) Da palmada à psicologia aplicada a
educação dos filhos pequenos nos últimos 50 anos. Textos - FCL UNESP -
Araraquara, 1991.
DOUMANIS, M. Mothering in
FIGUEIRA, 5. O
‘moderno’ e o ‘arcaico’ na nova família brasileira: notas sobre a dimensão
invisível da mudança social. In: FIGUEIRA, 5. Org. Uma nova família?
O moderno e o arcaico da família de classe média brasileira. Rio de Janeiro,
Zahar,p. 11-30,1987, 1987.
GUNDELACH, P. Panorama
des changements de valeurs recents en Europe Occidentale:
A New Europe de Base n0
2 p 3-27,1991.
NICOLACI-da-COSTA, A. M. Sujeito e cotidiano: um estudo da
dimensão psicológica do social. Rio de Janeiro, Campus, 1987.
NICOLACI-da-COSTA, A. M. Linguagem e controle familiar: a origem
social da culpa. In: VILHENA, J. org. Escutando a família: uma abordagem
psicanalítica.
PETZOLD, M. The psychological definitions
of the family. Plenary session in the 2nd
International Congress of Family Psychology, Abstract sbooks, p. 116,
1994.
POSTMAN, N. The
disappearance of childhood. New York, Deli Publisihing, 1982.
SALEM, T. O velho
e o novo: um estudo de papéis e conflitos familiares.
WHITING, B. Folk wisdom and child rearing. Merril-Palmer Quartely, p 122-140,1972.
WRITING, J. A
Model for Psychocultural Research. In:
LEIDERMAN,P; TULKIN, S.; ROSENFELD, eds. Culture
and infancy. Academic Press,
Notas
[1].
Prof. Associado Depto.
Psicologia e Educação - FFCL RP USP.
[2]. Prof. Assistente Depto. Psicologia e Educação — FFCL RP USP — End. Avenida Bandeirantes, 3900 CEP 14040-901 - Ribeirão Preto - SP E-mail: zmbiasolia@highnet.com.br
[3]. Prof. Dr. do Depto. de Didática — FLCH - UNF.SP —
Araraquara — End.: Rodovia Araraquara — Jaú — Km. 1 CEP 14800-901 - Araraquara
– SP
[4]. No sentido da sabedoria popular.
[5]. As Pesquisas de
onde foram extraídos os dados que são apresentados nesse estudo fazem parte do
Projeto Integrado “Família e Socialização – Processos, Modelos e Momentos no
Contado entre Gerações” Processo CNPq no 521132/93-2 em vigor desde 1989, sob
responsabilidade de Zélia M. M. Biasoli-Alves.
[6]. “A opção pela analise
de conteúdo vinculado em revistas parte do pressuposto de que elas, sendo
produtos da indústria cultural, ao mesmo tempo refletem e constroem o processo
de redefinição social de modelos de conduta e valores, e a escolha de uma
revista religiosa justifica-se tanto pelo interesse em descrever as mudanças na
esfera do privado, quanto por ser a Igreja Católica uma instituição fundante da sociedade brasileira” (Candiani.
1997 p. 10/11).
[7]. “O cumprimento dos objetivos desse trabalho
implicava numa grande variação da idade dos sujeitos — algumas mães poderiam
ter mais de 70 anos, enquanto que outras sequer 30, e conseqüentemente, o tipo
de dado colhido seria muitas vezes retrospectivo o que levou à opção por fazer
entrevista com as mães, buscando informações sobre como percebem sua realidade,
através de perguntas factuais, descritivas da prática, mas com fluxo livre
durante a sua realização, ainda que se mantivesse um eixo central...” (Dias da
Silva. 1991. p. 34 ).
[8]. “O ponto fundamental está no fato de a
entrevista possibilitar e permitir obter certos tipos de dados, que nenhuma
outra estratégia prevê, quando se trata
de pesquisa com sujeitos humanos. Tem-se através dela informações sobre
atitudes, sentimentos e valores subjacentes ao comportamento, o que significa
que se pode ir além da descrição de ações... pode-se
incorporar novas bules para interpretação dos resultados, e ainda pode-se obter
dados sobre o passado e a maneira como ele se reflete no hoje... dando à
pesquisa a conotação de psico-cultural, segundo o
modelo de Whiting”. (Biasoli-Alves,
1995. p.27 ).