Acervo - Projeto CRAJ na íntegra...

Caracterização e Justificativas
O Centro de Referência dos Adolescentes e Jovens do NASF é um dispositivo de atenção e trabalho com a subjetividade adolescente e jovem da comunidade dos funcionários da UNIFESP. Um dispositivo para ações clínico-ético-sócio-culturais de interesse dos adolescentes e jovens, dos agentes de saúde mental do NASF e da comunidade UNIFESP que interage, direta ou indiretamente, com adolescentes e jovens do NASF. Tal proposição está em sintonia com uma concepção de Atenção Integral à Saúde que a equipe de Saúde Mental pretende implementar no Nasf, concepção que tem como uma de suas diretrizes fundamentais a consideração dos sujeitos enquanto rede complexa de determinações e produções e não meros “sintomas” ou “transtornos” que se apresentam para serem “curados” ou “suprimidos”. Interagimos com sujeitos sociais, historicamente determinados, capazes de transformação de suas realidades e do mundo em que se inserem . Neste sentido, consideramos que nossos cuidados devem levar em conta a complexidade do viver, complexidade diferenciadora , viabilizadora de modos singulares de estar no mundo que podem ser potencializados através dos mais diferentes dispositivos de atenção e trabalho. Enquanto agentes de saúde mental e estando comprometidos não apenas com a produção de saúde mas com a produção de sujeitos e de subjetividade, consideramos que nossas práticas devem estar na direção da ampliação das condições de possibilidade dos sujeitos sustentarem projetos criativos de vida individual e coletiva. Para tanto, nossa concepção de clínica deve ser ampliada. A psicoterapia deve ser considerada como um dispositivo, dentre vários outros, de acesso, conhecimento e trabalho com as diferentes formas de expressão das dificuldades, potencialidades, demandas e desejos dos cidadãos. E, quando estão em questão atendimento e trabalho com adolescentes e jovens justifica-se, de maneira mais radical , a necessidade de oferecermos diferentes meios de manifestação e expressão da diversidade de maneiras de ser, pensar, viver, querer, amar e sofrer. Desta oferta, e da construção de espaços diferenciados para encontros a favor da vida, depende a realização de mundos, em termos singulares e coletivos. Mundos que façam diferença em relação à padronização e serialização impostas pelo modo contemporâneo do capitalismo mundial integrado exercitar a dominação e exploração de corpos e subjetividades. Adolescência e juventude, conforme concebemos, são formações sócio- culturais peculiares à cada época, à cada contexto sócio-histórico. São categorias sociais que mantém, por um lado, uma dimensão plural: podemos falar em adolescências e juventudes já que dependendo, por exemplo, da classe social, da raça, do gênero, a que os sujeitos pertençam, vive-se uma determinada adolescência- juventude; e, por outro lado, uma dimensão singular: em relação ao mundo adulto, adolescentes e jovens, dentre outros traços singularizantes, estão de posse de um excedente temporal, possuem um “capital temporal” que, conforme os autores M. Margulis e M. Uresti(1990), lhes confere uma condição de “moratória vital”. É sobre esta marca, especialmente diferenciadora em relação a outras fases da vida, que recaem as diferenças sociais e culturais que os distinguem entre si dentro do segmento social particular que constituem. Assim, enquanto categorias sociais singulares, os adolescentes e jovens são sujeitos de direitos, apresentando necessidades, interesses, e desejos que demandam políticas de atenção em consonância com suas peculiaridades. Dentre todas as peculiaridades, importante ressaltar a dimensão de desestabilização que o advento da puberdade e a conseqüente inundação dos hormônios sexuais produzem numa organização infantil que até então vinha sustentando a vida em todas as sua dimensões. Perda do corpo infantil e perturbação ao nível do eu serão os primeiros efeitos da chegada da puberdade e isso exige trabalho psíquico de dimensões consideráveis.

Sob a pressão do sexual e em meio a renúncias de diferentes ordens o adolescente terá de se ajustar a uma identidade sexuada, romper com os ideais dos pais e versar diferentemente deles. Precisará, também, des-idealizar os pais – super heróis - da infância. Tudo isso comporta sérias, tristes e necessárias decepções, revoltas, pedidos de ajuda e de reconhecimento. Comporta exigências em relação a si mesmos e a quem possa oferecer-lhes os meios para realização imediata do que lhe foi prometido para o futuro. Tal peculiaridade do adolescer e da juventude que dele advém, coloca ao mundo adulto e ao social muitas responsabilidades . Oferecer condições facilitadoras para que processos de elaboração e realização pulsional a favor da vida em padrões de dignidade ético-estético e política se viabilizem, eis o que nos cabe enquanto trabalhadores do campo da saúde mental e enquanto cidadãos comprometidos com a vida coletiva. O Centro de Referência dos Adolescentes e Jovens do Nasf está concebido para implementar uma política de atenção e trabalho com a adolescência e juventude do Nasf, levando em consideração as coordenadas acima delineadas e, desde o início, incluindo-os como co-produtores e gestores das atividades a serem desenvolvidas.

Objetivos

    1-Promover o encontro e a interlocução entre os adolescentes e jovens da comunidade Unifesp; entre os adolescentes/jovens e os agentes de atenção e trabalho do Centro de Referência; entre os adolescentes/jovens e a comunidade da Unifesp; entre os adolescentes/jovens e o bairro-cidade onde se inserem.

    2- Propiciar a manifestação e expressão das necessidades, demandas, desejos, expectativas, maneiras de pensar, agir, viver e criar dos adolescentes e jovens do Nasf .

    3-contribuir com o cuidado integral da saúde do adolescente e jovem do Nasf, promovendo acolhimento, escuta, análise e trabalho com sua demanda, expressa de maneira direta ou indireta ( por ex, demanda dos pais, encaminhamentos feitos pelos agentes de saúde do Nasf, etc)

    4-Propiciar a produção coletiva dos meios adequados para o alcance dos objetivos do Centro de Referência e para a realização das expectativas, desejos e direitos da comunidade adolescente e jovem do Nasf

    5-Promover a articulação dos adolescentes e jovens do Nasf com os recursos/serviços/oportunidades que a cidade oferece para a população adolescente e jovem nas diferentes regiões da cidade

    6-Facilitar o acesso dos adolescentes e jovens do Nasf aos recursos educacionais, culturais e sócio-profissionais da região e da cidade

    7-Apoiar e/ou fomentar as iniciativas sócio-culturais-esportivas organizadas pelos adolescentes e jovens do Centro de Referência

    8- Produzir conhecimento e pesquisa sobre a realidade adolescente e jovem do Nasf

Atividades Meio

Atividades de cunho sócio-cultural e esportivas para a expressão da criatividade e potencialidade do adolescente-jovem tais como: sessões de vídeo-cinema, teatro; cursos de artes cênicas, artes plásticas, línguas; oficinas para discussão de temas de interesse coletivo tais como sexualidade, drogas, profissão direitos; oficinas de jogos diversos; campeonatos, excursões culturais e/ou de lazer.

Atividades clínico-psicoterápicas de caráter individual, grupal e familiar conforme as necessidades detectadas pela escuta e análise de demanda dos adolescentes, jovens, familiares, agentes de saúde,etc.

Ações de formação, proteção e promoção de direitos dos adolescentes e jovens do Nasf em parceria com CEDECA, Assessorias de Juventude da Prefeitura Municipal de São Paulo,etc.. Banco de Dados sobre serviços, equipamentos, programas, atividades, destinados a esta categoria social no bairro e na cidade de São Paulo.

Recursos Humanos, Financeiros, Administrativos, Infra-Estrutura Física
As atividades meio serão realizadas através de Projetos cujos coordenadores estarão responsáveis pela implementação, avaliação e produção de relatórios ou trabalhos analíticos sobre o processo desenvolvido.

Os recursos financeiros referem-se ao pagamento das horas trabalhadas pelos profissionais -coordenadores e às necessidades específicas de cada projeto que vier a ser implementado.

A infra-estrutura física pretende-se que seja um espaço físico (sede) com alguns equipamentos iniciais: um sofá, alguns pufs, um computador-internet, um aparelho de som, um vídeo, um violão, uma TV, um forno de microondas.

Dos recursos humanos deverão constar, ainda, um(a) profissional, inicialmente trabalhando quatro ou seis horas por dia, para suporte funcional de todas as atividades meio e da sede do Centro, e um(a) profissional com algumas horas para trabalhos de co-coordenação geral.

Gestão
O Centro terá uma coordenação geral responsável por todas as suas atividades junto à coordenação do Setor de Saúde Mental do Nasf .

Os coordenadores de projeto estarão articulados entre si e com a coordenação geral do Centro através de reuniões periódicas para acompanhamento, avaliação e (re) orientação de rumos.

Parcerias
O Centro pretende implementar parcerias com diferentes setores da sociedade civil organizada em torno dos interesses e necessidades da categoria adolescente e jovem da comunidade.

Projetos que já estão sendo implementados

Acesse link “ATIVIDADES” .

Regina Célia de Carvalho
Coordenadora do CRAJ

Jaqueline Pinto Cardoso
Psicanalista de adolescentes e jovens do Nasf

Maria Cristina Surani Capobianco
Assessora Especial da Reitoria para Assuntos Educacionais

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